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Irã nega atrito com diplomacia brasileira

A negativa do governo iraniano de que há qualquer atrito com a diplomacia brasileira aparece escondida na página A13, e numa matéria absolutamente confusa, em que o jornal, num gesto de esquizofrenia, contesta a fonte.

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Conforme eu havia previsto, o governo do Irã negou peremptoriamente qualquer atrito com a diplomacia brasileira. Agora é uma informação oficial. A Folha, no entanto, prefere se ater à pegadinha que seu repórter deu num funcionário iraniano – que não representa a opinião do governo, quanto mais do país – do que noticiar com um mínimo de transparência a declaração oficial das autoridades persas.

A negativa do governo iraniano de que há qualquer atrito com a diplomacia brasileira aparece escondida na página A13, e numa matéria absolutamente confusa, em que o jornal, num gesto de esquizofrenia, contesta a fonte. Ou seja, a Folha se pretende agora a verdadeira porta-voz do governo iraniano. É muita pirraça.

Ali Akbar Javanfekr não é porta-voz do Ahmadinejah, e sim um funcionário falastrão do governo completamente alijado do poder, tendo sido sido inclusive já condenado por insultar o líder-supremo do país, o aiatolá Khomeini e está prestes a ir para a prisão. E isso não porque Javanfekr é um liberal que prega a abertura do regime. Ao contrário, ele representa a ala que defende o apedrejamento de mulheres e que não houve holocausto na II Guerra.

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Abaixo a matéria da Folha divulgada hoje. Ela tem informações que confirmam o que eu imaginava. O repórter da Folha conseguiu extrair opiniões pessoais de um funcionário em apuros, desequilibrado emocionalmente, e transformou o que ouviu numa quase declaração de guerra do governo iraniano. Ora, o que Javanfekr falou não representava a opinião do Irã, não havia sentido nenhum na manchete de capa “IRÃ ATACA DIPLOMACIA BRASILEIRA”. A Folha foi simplesmente irresponsável, cometendo uma leviandade agravada pelo fato de que o Irã está no centro de uma grande crise geopolítica mundial. Além disso, a Folha foi submissa aos interesses norte-americanos, ansiosos em pintar negativamente o Irã em qualquer circunstância.

FOLHA

Irã nega atrito com diplomacia do Brasil na gestão de Dilma

Porta-voz de Ahmadinejad diz que suas declarações à Folha foram ‘distorcidas’; jornal mantém informações

Ali Akbar Javanfekr acusara a presidente de ‘golpear’ tudo que Lula havia feito; agora, alega ter elogiado governo

DE SÃO PAULO
O governo do Irã negou ontem ter criticado a presidente Dilma Rousseff pela opção de dar menos ênfase à relação com Teerã.

As críticas haviam sido feitas pelo porta-voz do presidente Mahmoud Ahmadinejad, Ali Akbar Javanfekr, em entrevista publicada na segunda-feira pela Folha. O jornal mantém as informações.

Citado pela agência estatal de notícias Irna, chefiada por ele, Javanfekr alega que suas declarações foram “distorcidas”. Ele afirma ter dito à Folha que Dilma “precisava de tempo para consolidar as relações entre Teerã e Brasília”. Diz ainda que elogiou “o governo e o povo do Brasil pelo apoio à República Islâmica”.

A nota da Irna diz ainda que o Brasil “insiste em manter um diálogo diplomático com Teerã sobre o programa nuclear da República Islâmica, política que começou com o antigo presidente Luiz Ignacio Lula da Silva (sic)”.

O texto lembra que o “New York Times” repercutiu a fala de Javanfekr à Folha.

Ramin Mehmanparast, porta-voz da Chancelaria iraniana, também se pronunciou sobre a reportagem da Folha. Citado pela agência Fars, ligada ao governo, ele atribuiu o mal-estar causado pelas declarações a “propaganda de mídia para manchar as relações [bilaterais]”.

Mehmanparast insistiu em que não há nenhuma mudança na maneira de o Irã enxergar o Brasil e afirmou que Teerã atribui “grande importância” à relação com Brasília.

A reportagem trazia trechos de uma entrevista feita ao celular com Javanfekr, em espanhol, na qual ele disse que “a presidente brasileira golpeou tudo o que Lula havia feito” e “destruiu anos de bom relacionamento”.

“Lula está fazendo muita falta”, disse então o porta-voz, em referência às gestões para aliviar a pressão sobre Teerã em matéria de direitos humanos e diálogo nuclear.

A conversa durou cerca de dez minutos e abordou também as complicações jurídicas de Javanfekr, que acaba de recorrer de uma pena de um ano de cadeia por suposta ofensa ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

Além das declarações do porta-voz, a reportagem da Folha informava que carregamentos de carne brasileira exportada ao Irã estavam sendo retidos em porto iraniano sem justificativa aparente.

O bloqueio foi atribuído por importadores iranianos e empresários brasileiros a uma retaliação comercial do Irã contra a diplomacia de Dilma Rousseff.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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