Análise das eleições em São Paulo

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As novidades da eleição paulista são o apoio do PR ao Serra e a decisão, finalmente, do PSB de integrar a chapa de Haddad. O presidente estadual do PSB no estado, Marcio França, deixou o governo Alckmin, liberando a legenda para apoiar o PT na capital. O PT, por sua vez, fez a vontade de Eduardo Campos, presidente nacional dos socialistas, e tirou João da Costa, desafeto de Campos, da disputa para a prefeitura de Recife, impondo como candidato o senador petista Humberto Costa.

Com isso, o tempo dos principais candidatos à prefeitura paulistana deverá ficar assim:

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Antes de continuar a análise do quadro paulistano, relembremos alguns dados:

400 bilhões de reais, este é o PIB do município de São Paulo – o motivo da importância estratégica das eleições na cidade. Fosse um país, São Paulo estaria à frente de países como Israel e Egito.

É um monstro urbano com 11 milhões de habitantes e 8,5 milhões de eleitores. Para se ter uma ideia, a Finlândia tem 5,4 milhões de habitantes.

Em virtude desta magnitude financeira e populacional, a conquista da prefeitura paulistana tem um grande significado político, mas este ano há um outro fator em jogo.

A capital tornou-se uma das últimas grandes fortalezas da oposição ao governo federal. Esta foi a razão pela qual o PSDB escolheu seu candidato mais forte para disputar o pleito: José Serra, que tem um enorme recall em virtude de sua recente participação nas eleições presidenciais, além de um longo histórico de mandatos e batalhas eleitorais.

No segundo turno de 2010, Serra obteve 53,6% dos votos válidos no município, ou 3,42 milhões de eleitores. Dilma, que levou o troféu a nível nacional, recebeu 46%. O número de votos válidos em 2010 ficou em 6,4 milhões. Abaixo o quadro com o resultado em 2010 das eleições presidenciais na cidade de São Paulo:

 

No último Datafolha, a situação ficou da seguinte maneira:

Repare que Serra tem 40% de preferência entre os que ganham mais de 10 salários. E aí que reside o núcleo central de sua força política: entre a poderosa elite paulistana.

Haddad, por sua vez, representa apenas um potencial. Sabe-se que o PT tem aproximadamente 30% do eleitorado paulistano, e a aposta do partido é que a popularidade de Lula ajude a carrear votos, mas não será um pleito fácil.

O melindre de Marta Suplicy, preterida em favor de Haddad na disputa, tornou-se um ponto fraco na campanha petista. A mídia paulista, que tende a apoiar majoritariamente o tucano, percebeu isso e tem procurado insuflar o ego da senadora. Diariamente, colunas e editoriais louvam a postura “independente” e “democrática” de Marta Suplicy.

O Estadão deu voz, inclusive, a um boato de que Marta poderia se desfiliar do PT e migrar para o PMDB. Embora incrível, Marta dá motivos a esse tipo de falatório, ao manter um silêncio cheio de mistério.

Eu recuperei também os resultados das eleições de 2000, para a gente ver o desempenho do PT numa eleição ganha em São Paulo:

 

Repare que Marta se beneficiou, no primeiro turno, de uma direita dividida em três candidatos: Maluf, Alkmin e Romeu Tuma. No segundo turno, a petista se beneficiou de uma situação bem especial. Covas orientou o PSDB a apoiar Marta, contra Maluf, e a mídia, que vinha tentando derrubar o malufismo para substituí-lo pelo tucanato, não podia apoiar aquele que vinha satanizando há algum tempo. De maneira que Marta tornou-se uma espécie de anti-Maluf, o que lhe valeu a vitória.

Desta vez, ao contrário, os seguintes fatores favorecem Serra:

  1. A grande mídia (não só a paulista), que talvez seja a principal força política na cidade, já entrou de sola na campanha tucana.
  2. A direita está unida: PSDB, DEM, PR, o conservadorismo religioso. Todo mundo bem coesa em defesa de Serra.
  3. A militância antipetista atuará com muita força, em função das circunstâncias políticas nacionais.
  4. O atual prefeito não hesitará em usar a poderosa máquina administrativa da prefeitura em seu favor.
O último item não pode ser subestimado. As grandes metrópoles na América do Sul tem contrariado tendência nacionais. Buenos Aires e Caracas, por exemplo, são bastiões da oposição aos governos centrais.
O único ponto fraco de Serra é o seu alto índice de rejeição. Segundo o Datafolha, 30% dos entrevistados não votariam nele “de jeito nenhum”. Mas esse fator não é supresa: corresponde justamente ao eleitorado cativo do PT.

Quer dizer, Serra tem outros pontos sensíveis, muitos aliás, todos ligados às denúncias que circulam na blogosfera de esquerda contra sua pessoa. Algumas de suma gravidade. Mas a mídia paulista bloqueia titanicamente qualquer informação desse tipo, e o processo eleitoral tende a vulgarizar esse tipo de denúncia, considerado golpe de campanha.

Enfim, se Haddad parecia flutuar no melhor dos mundos quando foi escolhido, em função da confusão no tucanato, e da popularidade olímpica de Lula e Dilma, que oferecem melhores números que o próprio governador, hoje a situação se inverteu.  Haddad agora é uma espécie de zebra na eleição paulistana. Mas uma zebra de luxo, em virtude de seus padrinhos e da enorme pujança política e financeira que vive o PT atualmente.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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