Adnet fala do grotesco na TV

TV brasileira “é refém do grotesco”, lamenta Marcelo Adnet

Mauricio Stycer, em seu blog

Muita gente reclama da baixa qualidade da programação da TV brasileira, mas quando a queixa parte de um dos mais talentosos humoristas em atividade, creio, é o caso de ouvir com atenção.

Marcelo Adnet recorreu ao Twitter, esta semana, para lamentar: “TV é movida por PATROCÍNIO que é movido pela AUDIÊNCIA que é movida pelo GROTESCO. Conclusão: TV é refém do GROTESCO.”

O comentário deu origem a um rápido debate com alguns leitores, levando-o a desenvolver um pouco mais a ideia.

“O mito é achar que a ‘classe C’ (que, por si só, já é quase um mito) tem péssimo gosto e só é atraída por uma TV rasa e limitada”, disse Adnet.

Argumentei com o comediante que, às vezes, o público rejeita o grotesco, citando o fiasco do programa “Sexo a 3”, apresentado pelo tal Dr. Rey na RedeTV!. “Rolou rejeição mesmo ou foi um sucesso? Ironia? O fato é que contamos em uma mão os não-grotescos de grande audiência”, respondeu Adnet. Verdade.

À frente do “Comédia MTV”, Adnet tem dado shows semanais. Recentemente comentei a genial paródia da canção “Roda Viva”, de Chico Buarque, na qual o comediante fez um diagnóstico crítico sobre a TV brasileira.

O seu programa passa longe do grotesco (o esquete “Casa dos Autistas”, em 2011, foi uma escorregada, do qual ele se arrepende), mas o desabafo desta semana deixa no ar a dúvida se está sendo viável fazer humor deste jeito na televisão.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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