Mensalão: Estudo contraria tese de compra de votos

Extraído do site “Tudo sobre o mensalão“.

A tese de que o governo fez repasses a parlamentares para garantir votações favoráveis na Câmara em 2003 e 2004 não encontra nenhum respaldo estatístico. O argumento usado para sustentar a existência do chamado mensalão é derrubado pelos números.

Clique aqui para ver o estudo na íntegra

O cruzamento entre os repasses feitos pelo publicitário Marcos Valério e as votações na Câmara mostra que não existe relação entre as duas coisas. Ou seja, reforça a tese de que o dinheiro tinha relação com o caixa dois dos partidos, sem nenhuma ligação com o governo.

Levando em conta as ocasiões em que o governo deu orientação sobre como os partidos deveriam votar, foram 238 votações entre 2003 e 2004.

De acordo com a tese sobre a existência do mensalão, o governo deveria ter mais votos nos meses em que os repasses foram feitos. Mas isso não ocorreu.

A tabela abaixo mostra o comportamento do PP, do PL, do PMDB e do PTB em 2003 e 2004 durante as votações nos meses em que os partidos teriam recebido os repasses:

Percebe-se que, por serem da base governista, os partidos têm alto índice de apoio ao governo nas votações. Ao analisar os meses em que houve repasses, não é possível encontrar um aumento desse apoio.

Pelo contrário: no mês do maior repasse – agosto de 2004, com R$ 4,268 milhões – , o índice fica abaixo da média geral, de 86,7%. Em meses sem nenhum repasse, há expressiva votação favorável ao governo, como em julho de 2003 ou junho de 2004.

Além disso, embora em quase todo o período analisado haja repasses aos quatro partidos, a tendência geral de apoio ao governo tem queda, como mostra este gráfico:

O gráfico também revela que há um forte crescimento do apoio ao governo entre abril e junho de 2003, quando os repasses são bem menores que os dos outros meses.

É possível verificar que, se houvesse alguma influência dos repasses nas votações, ela seria negativa. Ou seja, quanto maior o repasse, menor o apoio ao governo.

O gráfico abaixo ilustra esse movimento. A reta vermelha pontilhada mostra a tendência de apoio ao governo, que cai conforme os repasses aumentam:

Todos os gráficos foram feitos com números oficiais das votações na Câmara.

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.