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Dias mais felizes virão

Talvez eu cultive neste blog um otimismo exagerado, mas é porque eu sinto necessidade de fazer um contraponto ao pessimismo quase patológico da nossa grande mídia.

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(Edward Munch, um artista existencialista, consciente do desespero humano)

Talvez eu cultive neste blog um otimismo  exagerado, mas é porque eu sinto necessidade de fazer um contraponto ao pessimismo quase patológico da nossa grande mídia. Vamos lá.

Em primeiro lugar, a produção industrial, que foi o calcanhar de aquiles do país no primeiro semestre, já deu sinais vigorosos de recuperação. Quando os índices eram ruins, a mídia sempre dava capa. Agora, que temos notícias boas, não há destaque. Ô cambada de urubus!

Entretanto, eu gosto muito da Flavia Oliveira, colunista do Globo. Ela tem conseguido, com muita coragem e persistência, fugir daquele estética apocalíptica que caracteriza a linha editorial de todos os jornais.

Foi dela uma das raras manifestações de otimismo diante dos excelentes números da indústria brasileira em julho, apresentados esta semana pelo IBGE.

Eu ressaltaria duas coisas: os setores que mais cresceram em julho foram os de bens duráveis (veículos, linha branca), que representam o segmento mais importante da indústria brasileira, e o de bens de capital, que é, digamos, o coração de tudo, pois sinaliza os investimentos futuros.

Sem querer imitar aquela irritante motocicleta do desenho que repetia “eu te disse, eu te disse”, lembro que este blog há tempos alerta que teríamos uma recuperação a partir do segundo semestre. Não era uma opinião pessoal. Especialistas diziam isso, com base em vários fatores, como redução dos juros, maior investimento do governo, incentivos fiscais, só que os jornais escondiam.

Para agosto, as perspectivas são ainda melhores, como aponta a notícia abaixo, divulgada hoje.

Meu ideal estético era ser um intelectual sombrio, vestindo preto e escrevendo ensaios existencialistas sobre a decadência do capitalismo, enquanto torrava em viagens e vinhos meu gordo salário de professor da sorbonne. Mas o destino me fez este carioca bagunceiro e autodidata, plantado no meio de uma cidade caótica, suja, violenta e (paradoxalmente) feliz. Por mais que eu devore livros de Kierkegaard sobre o desespero humano, e tente agravar minha esquizofrenia lendo Faulkner, minha maior felicidade é me deparar com notícias como essa:

 

O governo deve anunciar redução do custo da energia de quase 30% para as indústrias! 

Outro dia, conversando com um amigo, a gente lembrou o seguinte: em janeiro do ano que vem, os brasileiros vão receber um salário mínimo de R$ 670. A conta de luz estará até 16% mais barata – e pelo que conhecemos do governo, os descontos serão maiores para os mais pobres.

A economia, segundo opinião generalizada, estará acelerando. Ou seja, se o mercado de trabalho está bom hoje, ficará ainda melhor no ano que vem. Teremos falta de mão-de-obra e, portanto, aumento nos salários.

Então a gente analisou rapidamente como funciona a cabeça de um brasileiro simples e concluiu: quando ele receber seu primeiro contra-cheque e ver que aumentou sua renda, e lembrar que a conta de luz caiu, a popularidade da presidente vai explodir.  Dilma vai virar um Lula.

Outra notícia boa, sobretudo para quem trabalha com internet, como blogueiros, tuiteiros e afins.

O governo vai ampliar o critério de banda larga dos atuais 1 mega para 5 megas. O novo parâmetro será estendido ao programa de banda larga popular federal. Além disso, a Anatel prometeu endurecer com as operadores telefônicas, e irá colocar medidores em residências para medir a qualidade dos serviços. A notícia só não é tão boa porque o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que não sabe se vai poder adotar o novo parâmetro para 2013 ou 2014. Pô, Bernardo! Claro que é 2013! Coragem, homem!

A figura que me vem à cabeça agora é de Seu Zé, o saudoso avô da minha esposa, que era como se fosse meu avô também. Morreu ano passado, com 88 anos. Havia sido um varguista entusiasta. Adorava Lula e depois passou a vibrar também com Dilma. Em seu apartamento simplório, na zona norte do Rio, acompanhava as notícias pela TV, e erguia os braços, em sinal de vitória, toda vez que a presidenta aparecia num evento internacional.  Descendente de escravos, Seu Zé sofreu muito na vida, mas nunca perdeu o bom humor, o otimismo,  a esperança, o vigor incríveis que caracterizam o trabalhador brasileiro. Virtudes estas que, com certeza, estão por trás da formidável ascensão econômica que o Brasil experimentou nos últimos anos.

O Brasil tem crescido modestamente, mas de maneira equilibrada, sem inflação, reduzindo juros e spread, cortando impostos excessivos, investindo em grandes obras de infra-estrutura, ampliando crédito popular e programas de assistência social. Temos que lembrar que o empresário no Brasil é prudente ao investir porque (à diferença de China e Índia, e mesmo de outros países latinos) terá de pagar salários crescentes e encarar uma severa legislação trabalhista.

Que país no mundo tem uma lei que acopla o crescimento do PIB ao salário mínimo? Que nação em desenvolvimento tem uma previdência social pública praticamente universal? A China cresce mais que o Brasil, mas não tem nada disso. O idoso chinês depende da ajuda da família. E os salários dos trabalhadores chineses crescem a um ritmo bem inferior ao do PIB. Sem contar, é claro, que vivemos aqui – com todos os seus defeitos – uma democracia.

O grande desafio do país, agora, é melhorar o seu sistema de saúde. Só aí poderemos afirmar, com orgulho, que saímos do Terceiro Mundo.  Se Dilma conseguir melhorar a saúde pública no Brasil, terá não só uma vitória tranquila no primeiro turno das eleições de 2014, mas assegurado o poder para a esquerda por mais uns trinta anos.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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alex

10/09/2012 - 12h35

MOENDO GENTE

Excelente reportagem sobre as más condições de trabalho nas maiores indústrias brasileiras de carne.

A organização não governamental Repórter Brasil, coordenada pelo jornalista e blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto, divulgou nesta segunda-feira (10) reportagem multimídia na qual mostra que os três principais frigoríficos do país –Brasil Foods, JBS e Marfrig– submetem seus trabalhadores a condições degradantes.

O resultado, apresentado nessa reportagem digital, mostra exemplos típicos da realidade descrita acima. São dezenas de unidades industriais condenadas na Justiça, interditadas, multadas ou processadas por graves problemas na organização do trabalho (mais detalhes no mapa da home page).
Exemplos

Em um dos casos levantados, ocorrido no Estado do Mato Grosso, um ex-empregado da JBS cortou gravemente o antebraço esquerdo enquanto manuseava faca. O acidente lesionou os tendões e nervos responsáveis pela mobilidade dos dedos da mão.

Em maio deste ano, o TRT da 23a Região confirmou sentença de primeira instância que estipulara o dano moral em R$ 10 mil e determinou pensão mensal e vitalícia de 7,5% do último salário recebido.

leia matéria completa:

http://moendogente.org.br/#lat=-23.337997582233744&lng=-47.113108802246245&zoom=5&p=74

Gisele Martensen

08/09/2012 - 17h05

Só uma nota:

Descendente de escravos não. Descendente de seres humanos que foram escravizados.

VALDIVINO GONÇALVES

08/09/2012 - 12h56

SAIU NO BLOG CONVERSA AFIADA
Quando mourejava sob as nuvens plúmbicas do Governo Cerra/FHC, o Brasil pagava 12,6% de juros acima da Libor.
O Brasil tinha uma merreca de US$ 36 bilhões de reservas cambiais, em 2002.
O Lula deixou dez vezes mais em reservas para a Dilma.
O Brasil tinha o hábito de tirar os sapatos para o FMI.
O plúmbico Governo tirou três vezes.
O nordestino sem dedo e metalúrgico (e não fala inglês !) pagou ao FMI e emprestou uma grana ao FMI.
Os juros do plúmbico Governo chegaram a 40% ao ano, com a notável contribuição da Regina Duarte.
A taxa Selic da Dilma tende a 7%.
A plúmblica dívida do setor público/PIB era de 60% em 2002.
O país estava afogado em dívida.
Hoje, é de 32%.
A Dilma tem fôlego para gastar, gastar, como no programa para erradicar a miséria.
No plúmbico governo, a dupla quase vendeu a Petrobrax.
O Padim chegou a prometer à Chevron entregar o pré-sal na bandeja.
A Petrobrás (agora dos brasileiros) vai investir, até 2016, US$ 236 bilhões – e boa parte disso em encomendas à indústria nacional.
No plúmbico Governo, o legal era exaltar o “empreendedorismo” dos trabalhadores informais.
Très chic !
O Nunca Dantes e a JK de Saias têm a mania de criar empregos com carteira assinada: 2 milhões ano passado, um milhão e meio em 2012.
A massa salarial cresce e a desigualdade de renda diminui.
O Brasil se tornou com o Nunca Dantes e JK de Saias o quinto maior mercado consumidor do mundo.
No plúmbico mandato, a ideia, segundo o Faoro, era construir um país para 20 milhões de consumidores e olhe lá – que ficavam entre Higienópolis e o Shopping Center Iguatemi.
Com o Nunca Dantes e a JK de Saias, 55% da população brasileira estão na Classe Média: 105 milhões de brasileiros.
A venda de carros bate record em cima de record.
O que sobrou para o FHC e o Cerra ?
O mensalismo (do PT).
A UDN, o PRP.
Partidos que ganham no Golpe.

Paulo Henrique Amorim

@LuizAlaca

08/09/2012 - 12h08

Dias mais felizes virão – http://t.co/zyKUV6dO

Elson

07/09/2012 - 22h52

Miguelito, eu estranhei ao ver meu nome em um comentário, afinal, sou petista e seguidor de blogues sujos. Caso, essa pústula volte a postar em seu blogue, me faça um favor. Não deixe que usem meu nome em vão!
Eu gosto do Lula e da Dilma, mas não admito que um safado tucano use o meu nome para ofender um amigo blogueiro, ou um político progressista.

    Miguel do Rosário

    07/09/2012 - 22h58

    Pode deixar. Esse cara foi contratado para ficar me enchendo o saco. E é claro que eu sei quando é ele que está na linha.

alex

07/09/2012 - 15h10

MIGUEL… muito elegante de sua parte responder pra um sujeito sem nome. Um cara que se intitula Troll Retardado.
Quem não tem coragem de aparecer. Mais um enviado serriano. Incrivel!

    Miguel do Rosário

    07/09/2012 - 15h20

    Alex, o cara não tem nome e pior, assina com o nome dos meus comentaristas ou mesmo o meu próprio nome. Aí eu mudei dessa vez o nome dele para Troll Retardado. Não sei se o que eu fiz foi muito elegante, mas o cara com certeza não tem elegância nenhuma, visto que vem falar da minha família.

Ricardo Athias

07/09/2012 - 11h51

É isso ai! Miguel.
É sempre confortante e animador ler seus comentários. Sempre pensando positivamente.
Viva o Brasil, Viva o povo Brasileiro, Viva a nossa Presidenta Dilma

@ricocordeiro

07/09/2012 - 11h37

Dias mais felizes virão – http://t.co/SYGRtsUH

Maria Tereza

07/09/2012 - 01h21

O pronunciamento mais didático e coerente da nossa Presidenta disse tudo de forma simples sem demagogias ou firulas perfeita e como ela disse “VIVA O BRASIL VIVA O POVO BRASILEIRO”

http://www.youtube.com/watch?v=cKWIyyBYI_s&feature=player_embedded

paulo@yaaho.com

06/09/2012 - 21h29

Amanhã é um dia cívico.

E praticar ato cívico hoje em dia inclui protestar na rua por melhorias e pelo fim da corrupção.

Amanhã vamos sair de PRETO.

Elson

06/09/2012 - 17h11

Miguelito, você acertou a mão mais uma vez. ver nossa Presidenta na capa da Forbes foi um cala boca a essa oposição sem rumo e sua mídia golpista.
Com certeza nosso país irá crescer, pois com as eleições, muito dinheiro irá circular, além da 1° parcela do 13° salário que já está na conta dos aposentados e pensionistas, tenho certeza que tem muito candidato conservador preparando sua aposentadoria, pois o Brasil não tem espaço para maus administradores.

maria meneses

06/09/2012 - 17h05

É sempre um prazer, para mim, ler seus artigos. Parabéns e um abraço.

Troll Retardado

06/09/2012 - 16h57

Como sempre, um BOBO alegre, financiado por $$$$ público, falando sandices, quando o Estado aparelhado PTralha ruma para a ruína, em todos os itens…

Como eu sempre digo, como é que pode não ter vergonha de chegar em casa e encarar filhos, mulher, pais, falando tanta m….., sendo tao venal….

    Miguel do Rosário

    06/09/2012 - 17h05

    Prezado Troll Retardado,

    eu não recebo nenhum dinheiro público. A Rede Brasil Atual é ligada a sindicatos, que tem verba privada, dos trabalhadores. E de qualquer forma o banner deles me rende merreca mensal, que apenas faz cócegas em meu orçamento. Ah, e o banner está aqui no Cafezinho, não no “outro blog”, o Óleo do Diabo. Eu deixo o banner também lá por esquecimento.

    Eu trabalho desde os 16 anos na iniciativa privada, e não devo satisfações nenhuma a você.

    Quando a ida à ruína do Brasil, ainda bem que os investidores e o empresariado não pensam da mesma forma que você, rs.

    Venal é você, que deve ser do timinho de mercenários do Serra.

    Cordialmente,
    Miguel

adonis

06/09/2012 - 16h47

ótimas considerações!

que nosso majestoso Brasil continue em boas mãos, sendo bem cuidado. A luta é diária, a oposição é grande mas o bem é maior.

Olha quanta coisa mudou por aqui desde que nasci e cresci(1988). Antes a gente devia pro FMI, reclamava dos países grandes que não nos davam chances. Agora a gente luta pra mostrar ao mundo que é possível se levantar, que é possível crescer o bolo e dividir com todos.

Boto fé nesse Brasil, boto fé que estamos caminhando em ser o coração do mundo, um exemplo para as nações. Coração igual de mãe, não queremos ser império, não queremos ser maior que ninguém. Queremos continuar nesse caminha da ordem e progresso.

Grande Brasil, avante!

@sayform

06/09/2012 - 15h17

Dias mais felizes virão – http://t.co/titd1cWc | Sempre excelentes artigos, mas esse é contagiantemente esperançoso (via @migueldorosario)

@migueldorosario

06/09/2012 - 15h02

Dias mais felizes virão http://t.co/FdgbjmVg


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