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Trensalão foi caixa 2 de Serra em 2010?

Negociata envolvendo quase R$ 2 bi no Metrô paulista, durante gestão de José Serra, pode ter bancado o caixa 2 da campanha tucana nas últimas eleições presidenciais

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Essa notícia, não sei porque, não mereceu nenhuma chamada na capa, apesar de se referir ao maior escândalo de corrupção sendo investigado hoje no Brasil.

A própria matéria, no título e no texto, dá um jeito de minimizar a gravidade dos fatos. Se catarmos, porém, os fatos e números presentes no artigo, poderíamos lhe dar uma ênfase totalmente diversa, e transformá-lo digno de uma manchete estrondosa na capa do jornal.

A manchete e o lead da capa poderiam ser:

SIEMENS ACUSA PRIMO DE MOVIMENTAR R$ 19 MILHÕES EM CONTA NO EXTERIOR

Juíza que negou ação trabalhista de Primo disse na sentença que Primo recebeu ativos de forma irregular e não-contabilizada

Inquérito do Ministério Público apura concorrência concluída pelo Metrô em 2009, durante gestão de José Serra (2007 – 2011), para reformar 96 trens das linhas 1 e 3, no valor de R$ 1,75 bilhão. Cada carro reformado custou até 85% do preço de um novo.

Ou poderia ainda ser:

Serra envolvido novamente no trensalão

No governo Serra, reforma de cada trem custou 85% do preço de um novo

O Ministério Público investiga a suspeita de que concorrência concluída em 2009, durante a gestão de José Serra, fraudou o contribuinte, numa reforma de trens do metrô que custou quase R$ 2 bilhões.

Alguma revista semanal mais ousada poderia dar a seguinte capa:

Trensalão do PSDB pagou campanha de Serra em 2010

Negociata envolvendo quase R$ 2 bi no Metrô paulista, durante gestão de José Serra, pode ter bancado o caixa 2 da campanha tucana nas últimas eleições presidenciais

*

Bem que o MP poderia fazer o mesmo que sempre fez com o PT e “vazar” documentos e informações sobre esse inquérito, não?

*

Abaixo a matéria da Folha, na qual, incrivelmente, o título é a auto-defesa do acusado.

NA FOLHA (para assinantes)

Executivo nega ter participado de fraude

Ex-presidente demitido pela Siemens afirma que só assinou documento em licitação na ausência do diretor da área

Inquérito do Ministério Público apura por que trens reformados do Metrô custaram quase o preço de um novo

DE SÃO PAULO

O engenheiro Adilson Primo, ex-presidente da Siemens no Brasil demitido pela multinacional em 2011, negou ontem em depoimento ao Ministério Público ter participado de supostas irregularidades em contrato para a reforma de trens do Metrô de São Paulo.

Primo diz que só assinou um documento na licitação porque o diretor da área estava fora da empresa.

Ele chegou ao Ministério Público acompanhado pelo advogado Sérgio Alvarenga, do escritório Mariz de Oliveira. Entrou com um sacola cheia de papéis e saiu sem ela uma hora e meia depois.

O inquérito apura uma concorrência concluída em 2009 pelo Metrô para reformar 96 trens das linhas 1 e 3, no valor de R$ 1,75 bilhão, dividido em quatro lotes.

Cada carro reformado custaria até 85% do preço de um novo, o que motivou uma representação em 2012 do então deputado estadual Simão Pedro (PT).

Pedro, hoje secretário de Serviços da prefeitura paulistana, disse na petição que não faz sentido reformar carros com 30 anos de idade por R$ 3,5 milhões quando um novo custa R$ 300 mil a mais. O Metrô nega irregularidades no contrato.

As suspeitas sobre a reforma aumentaram após a Siemens ter delatado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a existência de um suposto cartel no mercado de trens no Estado de São Paulo, governado pelo PSDB, e no Distrito Federal entre 1998 e 2008.

O cartel teria proporcionado ao grupo, formado por empresas como Alstom, Bombardier e CAF, preços até 30% maiores nos contratos.

Os executivos da empresa alemã também fizeram acordo em que se comprometem a ajudar nas investigações.

Primo foi demitido pela Siemens em circunstâncias ainda obscuras. A multinacional alemã alega que, sem o conhecimento da empresa, ele movimentou 6 de milhões de euros (R$ 19 milhões) em uma conta em Luxemburgo.

Primo perdeu em primeira instância ação trabalhista em que tentava reverter a demissão por justa causa. Na ação, ele diz que a conta era movimentada pela Siemens.

A juíza Camila Jabulit escreveu na sentença que a conta foi aberta sem conhecimento da empresa e recebeu “ativos da ré [Siemens] de forma irregular e não contabilizada”.

(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E MARIO CESAR CARVALHO)

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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