O silêncio criminoso de Joaquim Barbosa

Aqui entre nós, o silêncio de Joaquim Barbosa sobre o uso de seu nome em pesquisas de intenção de voto demonstra bem a sua falta de compromisso com a democracia. Ele deveria vir a público e dizer que não aceita ser incluído nas pesquisas porque não tem, em absoluto, desejo de participar das eleições. A Constituição proíbe, terminantemente, juízes de participarem de atividades político-partidárias. A regra vale muito mais para um presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). É uma anomalia odiosa. Evidente que nenhum político pode enfrentar verbalmente a autoridade maior do judiciário, portanto Barbosa goza de uma vantagem indevida numa competição política,  uma vantagem contrária ao princípio sagrado da separação entre os poderes, um princípio consagrado na teoria democrática clássica de Montesquieu.

Abaixo, a notícia publicada hoje no Gazeta do Povo, jornal do Paraná, sobre pesquisa do instituto Paraná Pesquisa para as eleições presidenciais do ano que vem.

Sem Marina e Serra, Dilma vence no 1.º turno, diz pesquisa

Na disputa com Aécio e Campos, presidente teria 47,2% das intenções de voto. Além de Marina e Serra, outro nome com destaque é o de Joaquim Barbosa

Publicado em 10/12/2013 | GUILHERME VOITCH
Gazeta do Povo.

Sem a presença da ex-senadora Marina Silva (PSB-AC), de José Serra (PSDB) ou mesmo do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, Dilma Rousseff seria facilmente reeleita à Presidência no primeiro turno, caso a eleição ocorresse hoje. É o que mostra um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas realizado neste mês em 158 municípios brasileiros.

De acordo com a Paraná Pesquisa, no cenário mais provável para 2014, com Dilma concorrendo com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a presidente teria 47,2% das intenções de voto. Somados, Aécio e Campos, teriam 31,8%. A presidente também teria uma vantagem de 10 pontos, caso o candidato tucano fosse o ex-governador de São Paulo, José Serra.

A disputa fica mais equilibrada com a presença de Marina no lugar de Campos. Nesse caso, a ex-senadora tem 24,5% das intenções de voto, ante 42,5% de Dilma e 17,9% de Aécio, o que representa uma diferença de ínfimos 0,1% entre a intenção de voto na petista e a soma dos outros dois. Com Marina e Serra como candidato tucano, a disputa iria para o segundo turno com a dupla somando 44,3% ante 41,08% de Dilma.

“A Marina continua sendo um diferencial. Ela é a candidata que mais tem poder de complicar as coisas para a Dilma”, analisa Murilo Hidalgo, diretor da Paraná Pesquisas. A ex-senadora já declarou que será candidata a vice na chapa encabeçada por Campos. Nos bastidores, porém, especula-se que ela poderia trocar de lugar com Campos, caso o governador de Pernambuco não suba nas pesquisas eleitorais.

Em destaque

Quem também aparece bem avaliado na pesquisa é Joaquim Barbosa. Com o destaque ganho durante o julgamento do mensalão, o presidente do STF aparece em terceiro lugar em um cenário com Dilma, Aécio e Campos. Ele teria 15,6% e estaria a apenas dois pontos de Aécio na disputa para ir ao segundo turno. “O número dele também impressiona. É um índice alto, mesmo com ele declarando que não será candidato”, diz Hidalgo.

Segundo o diretor da Paraná Pesquisas, apesar dos bons números obtidos por Marina e Barbosa, não há, entre os candidatos postos, alguém capaz de fazer frente à presidente. “A Dilma continua subindo e recuperando parte da popularidade que perdeu com os protestos do mês de junho.”

Aprovação

Entre junho e dezembro, a aprovação do governo de Dilma subiu de 50% para 56%. A desaprovação passou de 44% para 39%. “Apesar dessa melhora, temos um índice alto de desaprovação. Não é um número que traga tranquilidade”, diz Hidalgo.

Dilma também tem a rejeição mais alta entre todos os candidatos, 27,6%. Os nomes com os menores índices de rejeição são justamente os de Marina (6,9%) e Barbosa (5,0%). A margem de erro da pesquisa é de 2%.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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