Pânico faz Merval cometer barriga histórica

Os jornais acordaram em pânico.

Os colunistas começaram a chorar mais que a Marina.

No Globo, Merval dá um número completamente errado sobre a disputa eleitoral em São Paulo.

Não é exagero.

Olha o que ele diz, em sua coluna de hoje:

“A dificuldade de Aécio Neves é que ele não está reagindo em São Paulo, maior colégio eleitoral e principal reduto tucano, onde segundo o Ibope a candidata do PSB continua liderando e em ascensão, ao contrário do resultado nacional: tinha 35% e agora aparece com 39% das intenções de voto. Aécio caiu de 19% para 17% e a presidente Dilma manteve-se em segundo lugar com 23%.”

Meu Deus! Coitado! Em que estado mental horrível ele deve estar.

Eu fico me perguntando como alguém pode errar assim! Eu, trabalhando sozinho no meu blog, quando cometo um erro, sou imediatamente advertido (pelo que agradeço) pelos atentos leitores.

Merval, com uma equipe enorme de assistentes, comete uma barriga tosca dessa?

Os números corretos, informados pela própria Globo, são esses:


Se preferir, pode ir na fonte original, o próprio Ibope, que acaba de divulgar o relatório completo de São Paulo. É de lá que tirei o gráfico abaixo:


 

Escapa à minha compreensão como é possível produzir uma barriga desse porte.

Eu até tirei fotografia da edição digital, para o caso dele corrigir (o que, incrivelmente, não fez até agora, às 13:00) e para vocês não duvidarem de mim:


 

Repita comigo, Merval.

1) Marina não está “em ascensão” em São Paulo, mas em queda livre. Saiu de 32% para 29%.
2) Dilma partilha com Marina a liderança do eleitorado paulista, com 29%. Sendo que a petista registra viés de alta; Marina, de baixa.
3) Aécio tinha 19% e foi para 22%, ou seja, bem mais do que os 17% que você atribui a ele.

*

Nessa reta final de eleição, os jornais revelam um outro talento. Já conhecíamos a sua vocação de publicar meias verdades, o que é a melhor maneira de mentir. Você conta uma verdade, incontestável, mas incompleta. A depender da maneira pela qual você transmite a informação, pode fazer o leitor chegar a conclusão oposta à que chegaria se tivesse acesso à verdade inteira.

Agora eles inovaram. Estão escondendo as informações.

Ontem, o jornal Globo escondeu a informação principal sobre o coxinha terrorista, a de que ele exigia renúncia da presidenta Dilma.

Claro, seria péssimo para a Globo mostrar Dilma antagonizando com um terrorista. Ainda mais um terrorista coxinha, cujas informações se lastreiam em Veja e Globo.

E ainda mais depois que a mídia vendeu a mentira de que Dilma defendeu o “diálogo” com terroristas, em seu discurso na ONU. A presidenta defendeu a decisão do próprio Conselho de Segurança da ONU, que não autorizou bombardeios à Síria.

*

Pois bem, as edições impressas de Globo e Folha não trouxeram os mapas de São Paulo. Esconderam acintosamente uma informação essencial para se entender a conjuntura eleitoral no país, visto que São Paulo vinha sendo o último estado importante onde a oposição ainda liderava.

Não é mais.

O Estadão mostra, numa área escondida do site, o seguinte mapa da distribuição dos votos nos estados brasileiros.

 


Ou seja, Dilma ganha praticamente no Brasil inteiro. Nos estados cinzas, onde há empate técnico, ela tem um vigoroso viés de alta, na contramão de Marina, que vem caindo.

No Paraná, por exemplo, Marina já está num distante terceiro lugar, segundo o Ibope, e Dilma (em alta) partilha a liderança com Aécio.


No Mato Grosso do Sul, também apresentado como cinza, o último Ibope dá 32% para Dilma, 29% para Marina e 22% para Aécio; o candidato a governador, o petista Delcídio, lidera isoladamente no estado.

Pelo gráfico do Estadão, Marina só lidera no Acre, governado pelo PT, e que deve reeleger o PT; e no Espírito Santo, onde não temos pesquisa atualizada. Na última pesquisa Ibope, feita no início de setembro, Marina já começara a cair no ES, e não há razão para acreditar que a onda anti-Marina também não chegue lá.

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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