Golpe adiado para o ano que vem. Hora de fazer política

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Análise Diária de Conjuntura – 09/10/2015

É um bom momento para este analista seguir o conselho que deu a si mesmo no início do ano – e focar nas notícias das agências da Câmara do Deputados e do Senado.

A mídia entrou, pela enésima vez, em modo golpe, e se converteu num depósito de lixo radioativo do qual é melhor se afastar.

O melhor é se ater ao que os próprios deputados e senadores falam.

E o que eles falam? [/s2If]
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No site do Senado, temos a notícia de que o documento com a rejeição das contas pelo TCU chegou hoje ao plenário. O presidente do Senado, Renan Calheiros, o encaminhará à presidente da Comissão Mista de Orçamento, a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).

O trâmite mínimo é de três meses, informa a senadora. Ela afirmou em entrevista (publicada em seu próprio site) que tentará fazer uma análise técnica, e julgar as contas ainda este ano.

No site da Câmara, porém, há a informação de que as contas do governo apenas serão votadas este ano se os prazos forem encurtados, e que o mais provável é que a votação tramite após o recesso de fim de ano, ou seja, depois de fevereiro. A informação é do próprio presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

O tempo é bom para a oposição e para o governo, a depender de quem souber melhor fazer política.

Em tese, é melhor pro governo, se ele souber aproveitar bem a situação. Da parte do governo, o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, tem demonstrado mais iniciativa e talento que o titular anterior (Mercadante) para agregar mais apoios no parlamento, necessários para aprovar leis e barrar processos antidemocráticos da oposição.

A lei da política é uma coisa interessante. O impeachment alinha a esquerda em defesa do governo de maneira extraordinária: é com este imperativo dialético que, suponho, a direita não está contando.

As lideranças sociais tem infinitas críticas ao governo Dilma, mas não aceitarão uma saída à direita.

A direita esquece outra coisa: não é fácil governar o Brasil. A rede de interesses complexos faz do Brasil um intrincado jogo de xadrez.

Se a esquerda precisa fazer concessões à direita para governar, a direita só poderia encontrar paz fazendo uma série de concessões à esquerda. E se fizer concessões à esquerda, perderá o apoio da mídia.

Eles também estão num mato sem cachorro. Governar o Brasil não é para amadores.

Ontem eu conversei com funcionários do consulado francês. Eles me afirmaram que a Europa ficará perplexa se houver o impeachment da presidenta Dilma. Os democratas europeus, à direita e à esquerda, ficarão decepcionados e considerarão um golpe sim.

Eles também expressaram muito medo com as consequências sociais de uma iniciativa tão truculenta por parte da oposição.

No front econômico, qualquer prorrogação é boa para o governo, pois todos os prognósticos – incluindo o do FMI divulgado há pouco – sinalizam um 2016 bem melhor do que 2015: menos inflação, mais crescimento.

O IBGE acaba de divulgar a estimativa da safra brasileira deste ano: 210 milhões de toneladas, aumento de 9% sobre o ano anterior. É muito dinheiro e, sobretudo, muito emprego garantidos até meados do ano que vem.

O empresariado, por sua vez, não suportará outro ano de instabilidade política. Ou a oposição dá o golpe este ano, ou perderá qualquer apoio dos agentes econômicos.

A oposição, porém, ainda tem cartas na manga. Tem a decisão do TSE, a ser dada até o fim do ano. O TSE é um estamento judicial, um setor que, no Brasil de hoje, se alinhou à oposição conservadora e midiática. Não é prudente esperar coisa boa dali.

Entretanto, o TSE tem um problema político essencial. É, efetivamente, a última arma do golpe. Depois que tomar a sua decisão, para o bem ou para o mal, a oposição não terá mais instrumentos legais para constranger o governo. E a cassação de chapa seria uma jogada de uma violência política tão grande, que se converteria em armadilha para a oposição: mancharia a mídia, a oposição e o próprio judiciário, por muitos anos.

Vamos ver se o governo, diante da espada de dâmocles do golpe, aprende a fazer política e a se comunicar. A sua defesa contra o processo no TCU, por exemplo, deveria ter sido feita sobretudo junto à opinião pública. E nada foi feito.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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