Dilma faz outro forte discurso contra o golpe

A presidenta está surpreendendo o mundo político com discursos mais fortes do que o seu habitual, confirmando a tese de que Dilma é um quadro que cresce em momentos de grande tensão política.

A expressão “pedaladas políticas”, com que ela batizou as tentativas de encurtar seu mandato, revelam que o governo ainda tem algumas reservas de criatividade.

Ontem, em São Bernardo do Campo, Dilma fez outro discurso bastante contundente contra o golpe.

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No blog do Planalto.

Quarta-feira, 14 de outubro de 2015 às 23:09
‘Querem atalho para 2018, mas não permitiremos que golpeiem mandato conquistado nas urnas’

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidenta Dilma Rousseff afirmou, nesta quarta-feira (14), que as críticas, mesmo as mais duras, fazem parte da democracia e são legítimas. Mas repudiou aqueles que buscam fazer ataques pessoais a ela ou usam os efeitos da crise econômica para artificialmente interromper o curso natural da democracia brasileira. As afirmações foram feitas ao participar do I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em São Bernardo do Campo (SP).

A presidenta garantiu que se defende dos ataques com muita serenidade, porque não cometeu qualquer desvio de conduta. “Jamais utilizei em meu proveito a atividade que exerci dignamente, como presidente da República. E eu tenho certeza que eles tentaram, eles buscaram encontrar alguma coisa contra mim. Mas nunca vão encontrar, porque jamais cometi um malfeito na minha vida política e pessoal”, afiançou.

Confira trechos do discurso:

“Estamos vivendo um momento de dificuldades políticas, vou chamar de crise política séria. Neste exato momento, setores da oposição tentam uma variante de golpe, um golpe disfarçado. Um golpe que tem tudo de golpe: cara de golpe, pé de golpe, mão de golpe, mas que tenta passar como sendo uma manifestação oposicionista. Na verdade, o que eles querem? Querem um atalho, querem um atalho para o poder. Querem um atalho para chegar mais rápido em 2018. Nós não vamos permitir que eles golpeiem o mandato que nós conquistamos nas urnas, os 54 milhões de votos.

Eles usam argumentos dos mais artificiais. Eles jogam no chamado quanto pior melhor. O jogo do quanto pior melhor é assim: quanto melhor para eles, quanto pior para o povo brasileiro. Sempre jogaram esse jogo assim, a regra do jogo é uma regra viciada. Primeiro os interesses deles, depois muito depois os interesses do Brasil e do povo brasileiro.

Eu quero dizer para vocês que esse golpe não é contra mim, é contra o projeto que eu represento. Eu disse isso ontem, lá na CUT e vou repetir aqui: é contra o projeto que fez do Brasil, uma coisa que vocês ajudaram, e que eu disse no início, fez o Brasil sair do mapa da fome e superar a pobreza extrema. É contra o Brasil que complementa a renda daqueles que mais precisam. É contra um projeto de desenvolvimento que deu prioridade àquelas populações que antes não tinham voz nem vez. Um projeto que criou uma das classes médias maiores do mundo, um projeto que colocou as pessoas de pé, com autoestima.

É um discurso golpista, contra as conquistas históricas dos trabalhadores ao longo de toda a vida deste País. Não se iludam, é contra a reforma agrária, sim. É contra as políticas de sustentação da agricultura familiar, porque acham que nós gastamos muito com subsídios. Aliás, as questões das chamadas “pedaladas” nada mais são do que uma crítica às formas pelas quais nós pagamos tanto o Minha Casa Minha Vida como o Bolsa Família.

Quero dizer que também é uma tentativa de golpe, também, contra algo fundamental, contra a soberania nacional, contra o modelo de partilha do pré-sal, contra a política de conteúdo nacional. É contra, também, o mais longo período, o mais extenso período de distribuição de renda, de inclusão social e de redução das desigualdades que este País, desde o seu descobrimento, desenvolveu.”

(…)

“É legítimo que façam a nós as mais duras criticas. Podem fazer, isso é legítimo, faz parte da democracia. Mas é golpe e irresponsabilidade querer interromper o curso democrático natural do País. Nós estamos hoje trabalhando com toda energia para enfrentar a crise. E quero dizer para vocês que o Brasil é forte suficiente para sair dela o mais rápido possível. O Brasil não vai retroceder. Com o empenho e a mobilização de cada um de vocês nós vamos dar uma volta por cima na crise. E vamos dar também um basta no golpismo. Eu tenho certeza que a minha força vem de vocês. Vem da luta por um Brasil mais justo, mais igual. Uma luta por um Brasil realmente democrático.

Eu quero dizer para vocês que eu me defendo com muita serenidade. Até porque não cometi nenhum desvio de conduta. Jamais utilizei em meu proveito a atividade que eu exerci dignamente como presidente da República. Eu tenho certeza, e eu tenho certeza que eles tentaram, eles buscaram encontrar alguma coisa contra mim, mas nunca vão encontrar, porque jamais cometi um malfeito na minha vida política e pessoal. Eu desconheço, entre os que se movem contra meu mandato, quem tenha a força moral, reputação ilibada e biografa limpa suficiente para atacar minha honra, desconheço.

Finalmente eu queria dar aqui uma palavra final. Eu conto com cada um de vocês para que possamos avançar no nosso projeto de um Brasil democrático, com oportunidades para todos os brasileiros e as brasileiras”.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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