Liderança dos caminhoneiros: “Queremos repetir o que houve no Chile”

Liderança dos caminhoneiros afirma, em vídeo distribuído no Facebook, que quer repetir no Brasil o que houve no Chile, em 1973, com a queda de Salvador Allende após uma greve que levou o país à ditadura

Por Tales Faria, no Fato Online

Assistiu ao vídeo acima? Pois é, trata-se de Bira Nobre, liderança no Espírito Santo da entidade que está convocando a greve dos caminhoneiros, o Comando Nacional do Transporte.

A coluna já mostrou hoje de manhã vídeo com outra liderança do movimento, Ivar Shmidt, dizendo que o objetivo é a derrubada da presidente Dilma Rousseff.

No vídeo acima, Bira vai além: diz que não se trata mais de diminuir o preço do diesel, nem qualquer reivindicação específica da categoria. O que eles querem, afirma, é repetir aqui o que ocorreu no Chile em 1973.

Você sabe o que ocorreu no Chile? Veja o que diz a Wikipedia sobre a queda do então presidente do Chile, Salvador Allende por um golpe de estado que se tornou um dos episódios mais sangrentos da história da América Lantina:

“Uma greve de proprietários de caminhões, financiada pela CIA, começou na primavera, em 9 de setembro de 1972, e foi declarada pela Confederación Nacional del Transporte, então presidida por León Vilarín, um dos líderes do grupo paramilitar neofascista Patria y Libertad. Essa greve, por prazo indeterminado, impediu o plantio da safra agrícola 1972/73 no Chile.”

E o site Ópera Mundi em texto reproduzido pelo Guia do Estudante, da Abril:

“A partir daí, o clima de tensão foi ficando cada vez mais intenso, com o Movimento da Esquerda Revolucionária de um lado e o direitista Patria y Libertad de outro. 

No dia 29 de junho de 1973 houve então a primeira tentativa de golpe, por meio de uma aliança entre o Patria y Libertad e os militares chilenos que pretendia tomar o Palácio de La Moneda, numa operação conhecida como El Tanquetazo. 

Entretanto, a ação fracassou ao ser descoberta pela inteligência do Exército, então comandado por Prats. 
Com isso, o general chegou a pedir a instauração do estado de sítio no país. A solicitação foi acatada por Allende, mas negada pelo Congresso. 

Assim, a tomada do poder ficava cada vez mais iminente. O general Prats, que se recusava a participar do golpe militar, renunciou depois de uma manifestação de esposas de oficiais golpistas diante de sua residência. 

Foi então que Salvador Allende nomeou um antigo militar que acreditava ser de total confiança: Augusto Pinochet. 

Na madrugada de 11 de setembro de 1973, aviões militares sobrevoaram e bombardearam o palácio presidencial. Lá estava Allende, quase só. Não se dispondo a sofrer humilhações, valeu-se da submetralhadora que lhe fora presenteada por Fidel Castro para pôr fim à própria existência. Estava instaurada a sanguinária ditadura pinochetista.” 

Pois é. Vale sempre lembrar. E o site do jornal espanhol El País publicou, agora em junho, durante a realização da Copa América, no Chie:

“No fundo do Estádio Nacional do Chile, palco da abertura da Copa América nesta quinta-feira, há um setor de arquibancadas de madeira em vez de plástico, cercado de grades em vez de painéis publicitários. Na parte superior lê-se a frase “Um povo sem memória é um país sem futuro”, lema escolhido por um grupo de ex-presos políticos da ditadura militar que transformou esse setor do Coliseu em um museu permanente do horror. Ali 20.000 pessoas viveram um improvisado campo de concentração durante dois meses: entre 12 de setembro de 1973 – um dia depois do golpe de Estado encabeçado por Augusto Pinochet – e meados de novembro.”

Redação:
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