Temer senta na cadeira antes da hora

08/07/2015. Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil. Brasil. Brasília - DF. O vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, participam da Homenagem Póstuma ao ex-deputado Paes de Andrade.

O vice-presidente enlouqueceu.

Depois da cartinha ridícula, agora manda seus “interlocutores” plantarem na imprensa notinhas sobre a composição do seu novo governo, conforme se pode ler na coluna de hoje de Monica Bergamo, na Folha.

Michel Temer sentou na cadeira presidencial muito antes da hora.

Entretanto, a coluna de Bergamo traz algumas informações interessantes.

Para a Fazenda, Temer indicaria Henrique Meirelles. Até aí, nada demais. Levy e Meirelles são a mesma coisa.

Serra seria indicado também, mas sem interferir no plano econômico: outra indicação vazia, portanto.

A novidade estaria na indicação de Nelson Jobim para o Ministério da Justiça, com o objetivo de enquadrar a Polícia Federal. Nas palavras do tal interlocutor de Temer: “Com ele, delegado não vai mandar em ministro”.

Esse é um recado válido para Dilma: é preciso fazer alguma coisa para botar ordem na Polícia Federal. Um órgão policial sem nenhum tipo de controle político democrático acaba por se submeter ao jogo político menor, que por sua vez é controlado pela mídia.

É o que aconteceu à Polícia Federal. A imprensa que temos é que a Polícia Federal, que recebeu tantos investimentos no governo Lula, agora se tranformou em guarda pretoriana da TV Globo.

Outra coisa interessant é a previsão, por parte de uma jornalista da Folha, de que a operação Lava Jato sairia de cena em caso de golpe contra Dilma Rousseff:

“FREIO DE ARRUMAÇÃO – Há grande expectativa também sobre os rumos da Operação Lava Jato no Judiciário caso Dilma caia e Temer assuma. A imprensa se concentraria na cobertura do novo governo, diminuindo o espaço destinado às investigações. Ministros de tribunais superiores se sentiriam menos “acuados”, na opinião de profissionais do direito, e se encorajariam a tomar decisões contrárias às do juiz Sergio Moro.”

RESPEITO MÚTUO – É lembrada também a relação respeitosa de Temer com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, outra peça-chave da Lava Jato.”

***

Como é que é?

Quer dizer que os ministros de tribunais superiores se sentem “acuados” e por causa disso não contrariam Sergio Moro?

Bergamo insere no texto, sutilmente (ou nem tanto), uma profunda crítica à pusilanimidade dos tribunais superiores, submetidos à ditadura midiática, que dá prêmios, holofotes e prestígio aos juízes que ela quer transformar em super-herois.

E, de lambuja, sugere que a Procuradoria-Geral da República se submete à lógica do cumpadrio político: como Michel Temer não é PT, ele estaria protegido da sanha golpista dos procuradores políticos da Lava Jato.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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