Inflação em 2015: mais terrorismo que verdade

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Análise Diária de Conjuntura – Manhã – 08/01/2016

O IBGE divulgou há pouco os números de dezembro do IPCA, principal índice público da inflação brasileira.

A inflação de dezembro ficou em 0,96%, elevando o acumulado do ano para 10,67%, o maior nível desde 2002.

É importante, porém, esclarecer alguns pontos, deixados no escuro pela imprensa apocalíptica.

Em 2002, a inflação acumulada de 12 meses ficou em 12,53%. A partir de 2003, a inflação se manterá quase sempre abaixo do teto da meta, como se pode ver no gráfico.

Na era Dilma, o ano de 2015 foi o único em que a inflação estourou o teto da meta, e isso foi influenciado sobretudo pelos preços administrados, em especial a energia elétrica, que aumentou 51% na média nacional.

Para 2016, os aumentos nos preços administrados serão muito menores. No caso da energia elétrica, espera-se queda de 10% ou mais nos preços ao longo dos próximos meses, conforme previsão da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e reportagem da Folha.

A expectativa do mercado, conforme apurado pelo Boletim Focus, do Banco Central, é de que a inflação em 2016 caia para 6,87%, ainda um pouco acima do teto (que é de 6,5%), mas bem inferior ao nível registrado em 2015.

Já que os jornais, em mais um momento de romântica homogeneidade, acordaram publicar as mesmas manchetes sobre a inflação, a de que ela foi a maior desde 2002, então eu fiz uma tabela para mostrar algumas diferenças da inflação em 2002 e a de hoje.

A principal diferença de 2002 para hoje é que, ao final daquele ano, a inflação vinha num crescendo, tanto é que, no mês de dezembro, havia ficado em 2,10%, mais que o dobro da inflação registrada em dezembro de 2015. No acumulado de 3 meses até dezembro de 2002, a inflação estava em 6,56%; nos três meses encerrados em dezembro de 2015 ficou em 2,82%.

No front político, temos mais desdobramentos da Lava Jato, com pedidos de quebra de sigilo bancário, pela Procuradoria Geral da República, das contas de Eduardo Cunha, mulher e filhas.

A agenda da Lava Jato, que deveria ser atrelada ao golpe, saiu um pouco do controle da força-tarefa de Sergio Moro quando foi para o STF, e, sobretudo, após a chegada de informações vindas da Suíça sobre contas no exterior de Eduardo Cunha.

Tudo caminha para que haja uma coincidência algo bizarra entre uma situação cada vez mais difícil para Cunha no mesmo  período em que ele apostará suas fichas na votação do impeachment.

Para a oposição, esse é o pior dos mundos. Não só a iniciativa do impeachment ficou atrelada a um político degenerado, com reputação abaixo do volume morto, não apenas as manobras de Cunha foram desmascaradas no STF, impingindo dura derrota à oposição, como a votação do impeachment, quando for levada a plenário, será conduzida por um Eduardo Cunha já com meio pé na prisão.

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A Lava Jato continua fazendo a festa dos vazamentos seletivos, o que, a esta altura, está comprometendo não apenas os réus, mas a própria investigação, que perde credibilidade.

O vazamento do conteúdo dos telefonemas e emails de Leo Pinheiro, executivo da OAS, ganhou ares de futilidade, de revista de fofoca de terceira categoria.

No Painel da Folha, informa-se que os vazamentos voltam a mencionar, de maneira leviana, o ex-presidente Lula, sem que seja apontado o menor ilícito: a função dos vazamentos, porém, não é necessariamente apontar crimes, e sim provocar danos políticos a este ou aquele desafeto da imprensa.

A matéria que abre o Painel trata de nova chantagem do TCU: a instituição “ameaça atrasar os acordos de leniência” se o governo não fizer o que eles querem: conferir-lhes mais poder.

Até o fim do recesso parlamentar, os setores bandidos da Lava Jato brincarão de montar denúncias contra políticos, vazando trechos selecionados, em períodos selecionados, de conversas de políticos selecionados, e para jornais selecionados.

O ministro da Justiça, Luiz Eduardo Cardozo, mandou investigar os vazamentos, mas a iniciativa tem algo de hilária, visto que estes vazamentos ocorrem desde o início da Lava Jato e constituem o próprio modus operandi da operação.

O problema desses escândalos midiático-judiciais é que eles precisam ser cada vez mais bombásticos para fazer efeito.

Já prenderam todo mundo, até mesmo um senador. Não podemos duvidar de nada, mas acredito que será difícil superar a marca de 2015.

O ano se configura, em todos os sentidos, mais ameno do que o anterior.

A única esperança da oposição é o TSE, e não à tôa a imprensa conseguiu arrancar declarações de Marina Silva, candidata derrotada nas eleições de 2014, em favor da cassação de Dilma Rousseff.

Uma pena que a mesma imprensa não tenha aproveitado a oportunidade para perguntar a Marina se ela já tem pistas sobre o dono do jatinho que matou Eduardo Campos…

Para o TSE desferir um golpe, porém, será preciso construir uma narrativa mais pesada: nada que a nossa mídia, em conluio criminoso com alas golpistas do Estado, não possa levar adiante.

Mas não vai ser tão fácil, e o STF sinalizou que, desta vez, poderá romper com sua tradicional subserviência à mídia linchatória, de maneira que acredito ser mais provável que a oposição também perca a batalha do TSE.

De qualquer forma, até junho tudo estará mais ou menos resolvido.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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