Mídia ainda focada na destruição política de Lula

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Análise Diária de Conjuntura – Manhã – 05/02/2016

Antes de entrar na seara política, alguns comentários sobre economia.

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O dia não começa muito bem para a economia brasileira. O IBGE divulgou, nesta manhã, que o principal índice de inflação no país, o IPCA, ficou em 1,27%, o que significa um índice ainda mais alto do que no mesmo mês do ano anterior, quando já tinha ficado bastanto alto (1,24%).

A inflação do ano passado foi muito carregada no primeiro semestre, por causa da seca e do aumento forte no preço da energia.

Este ano, a energia não está pesando tanto, mas pelo reajuste nos transportes e nos alimentos.

Não há razão objetiva para elevação dos preços dos alimentos, visto que as chuvas tem sido razoáveis, há previsão de aumento de safra e o preço das principais commodities agrícolas (com exceção do café) caíram bastante.

Abaixo, a inflação segundo os principais itens de alimentação. Uma notícia boa é que a inflação de carnes, pescado e farinha de trigo (ingrediente principal do pão) não experimentaram inflação tão alta no mês, e acumulam reajustes abaixo da média nos últimos 12 meses.

Ainda no front econômico, temos uma notícia interessante no Valor, indicando queda de 98% no lucro líquido das principais petroleira do mundo em 2015.

É uma notícia que serve, ao menos, para a esclarecer a opinião pública que as dificuldades enfrentadas pela Petrobrás não decorrem apenas das investigações da Lava Jato, ou de problemas de gestão, e sim de um cenário internacional profundamente adverso, por causa da queda acentuada dos preços de petróleo.

Além disso, o cenário põe em evidência o perigo de não pensar a Petrobrás como uma empresa integrada, que pode auferir recursos não apenas na exploração, mas também no refino e na distribuição. Não fosse a sua presença nessas duas atividades, as coisas estariam bem mais difíceis para a petroleira.

Por outro lado, é importante que os brasileiros entendam que o nosso país, felizmente, não depende do petróleo. Mesmo com o aumento da produção obtida pela Petrobrás, através de um aumento recorde na exploração do pré-sal, o país ainda tem déficit na balança comercial do petróleo.

O preço baixo do petróleo impõe dificuldades à Petrobrás, e, por conseguinte a toda cadeia do petróleo no país. No entanto, o Brasil tem uma economia diversificada e complexa.

A nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo. Enquanto o mundo usa, em média 85% de energia não -renovável (sobretudo petróleo e carvão), o Brasil usa menos de 55% de não renovável.

Estamos elevando rapidamente a participação das eólicas em nossa matriz. E construindo novas e grandes hidrelétricas.

A mídia brasileira, submissa aos interesses do capital internacional, não explica que a crise atual dos preços de petróleo tem origem no processo de desestabilização política do Oriente Médio, um processo construído deliberadamente pelos Estados Unidos, que trabalhou para derrubar vários governos da região.

No front político, ainda no Valor, temos um artigo-entrevista de César Felício com Rogério Chequer, um dos porta-vozes do movimento Vem pra Rua.  Felício menciona, en passant, o “bem estruturado escritório na zona sul de São Paulo” de Chequer.

A entrevista tem um tom melancólico, em virtude das chances reduzidas de um impeachment.

Chequer descreve, em seguida, quais serão os próximos movimentos. Haverá manifestação no dia 13 de março, quando se espera bem menos gente do que o 15 de março de 2015, no qual ainda havia um sentimento de catarse derivado de uma derrota eleitoral ainda não digerida pelos eleitores de Aécio Neves.

Ainda no front político, temos o Globo insistindo na campanha de criminalização de Lula. Todos os detalhes referentes ao “sítio de Atibaia” são alvo de sensacionalismo.

Já as denúncias envolvendo Aécio são transformadas, no Globo, em denúncias contra o PT.

O sítio foi adquirido por R$ 1,5 milhão em outubro de 2010, o valor de um apartamento de dois quartos em Botafogo.

É incrível com a ideia de que Lula tenha desfrutado de qualquer conforto, mesmo modesto, como frequentar um sítio em Atibaia, provoca indignação na imprensa brasileira. A ideia de que alguma empresa possa ter sido generosa com Lula também é automaticamente convertida em absurdo semântico, como se Lula nunca tivesse sido presidente da república, e nunca tivesse sido o presidente mais popular da nossa história. Após sair do governo, todo mundo queria associar sua imagem à Lula, queriam adulá-lo, sabendo os ganhos que isso traria em termos de imagem.

As empresas podem doar para o instituto FHC sem culpa. Podem inclusive se reunir, a chamado do próprio FHC, no Palácio do Planalto, para assinar os cheques. Podem construir aeroporto para FHC ao lado de sua propriedade, e com FHC ainda no governo, mas não podem pagar uma reforma num sítio, após Lula sair do governo e se tornar um homem privado.

A imprensa não faz nem a justiça de lembrar fatos que ela mesmo publicou, como é o caso do aerporto construído pela Camargo Correa ao lado da fazenda de FHC, aeroporto este frequentado principalmente pelos familiares do presidente.

É muita cara de pau.

O governo, entretanto, como sempre, parece não ver a correlação entre a tentativa de destruição política do ex-presidente e a corrosão política do próprio governo.

Dilma poderia, facilmente, neutralizar a mídia dando uma coletiva e mencionar matéria publicada pela Istoé, sobre a construção de aeroporto ao lado da fazenda do ex-presidente FHC.

Aliás, é interessante que, no caso de FHC, há apenas uma matéria sobre o caso do aeroporto construído ao lado de sua fazenda.

A mídia já fez centenas de reportagens sobre o sítio de Lula. Todo dia aparece um detalhe trivial novo sobre o episódio: quantas vezes Lula viajou para lá, onde a compra foi lavrada, a compra de uma canoa, etc…

E olha que o sítio não é de Lula.

Sobre as fazendas de FHC, registradas no nome do presidente? Sobre o apartamento “frequentado” por ele em Paris?

Não vem ao caso.

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[Obs aos assinantes, hoje não teremos a edição da tarde. Voltamos na semana seguinte ao Carnaval, dia 15 de fevereiro. Mas o blog funciona normalmente no período. Quer dizer, vamos tentar publicar alguma coisa em meio ao barulho da folia…]

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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