Tijolaço encontrou a Mossack Fonseca escondida dentro do triplex dos Marinho

Fernando Brito, do Tijolaço, encontrou evidências ainda mais fortes de que o “triplex” dos Marinho em Paraty tem ligações orgânicas, íntimas, umbilicais, com a Mossack Fonseca, uma das mais imundas lavanderias de dinheiro do mundo.

A título de colaboração com o colega Fernando Brito, publico um documento que achei num banco de dados do Panamá, que prova a relação entre a Camille Services, empresa vinculada, por relações societárias, ao “triplex” dos Marinho, e a Mossack Fonseca.

O “agente” da Camille é a firma Bufete MF & CO.

Adivinha o que significa MF? Ganha um pedalinho em Atibaia quem disser: Mossack Fonseca. Não é difícil achar na internet os vínculos entre a Bufete MF e a Mossack Fonseca:

Também encontrei decisões judiciais que confirmam que a Bufete é mesmo a Mossack Fonseca:

ALEGATOS DEL ACCIONANTE
El promotor de la Acción constitucional hace una extensa exposición de los hechos más relevantes, entre los que refiere que, para la fecha de 26 de noviembre de 1996, los señores Ramón Fonseca Mora y Jurgen Mossack, en representación de su sociedad Mossack Fonseca & Co. (actualmente denominada Bufete MF & Co. (español) y MF Legal Services (inglés)

O próprio Sergio Moro, antes de fugir apavorado das implicações por trás da Mossack Fonseca, desistir de investigar e mandar soltar todos os presos, afirmou, em despacho para o operação Triplo X, que “no curso das investigações, foi constatado que diversos agentes envolvidos no esquema criminoso que vitimou a Petrobrás teriam utilizado os serviços da empresa Mossack Fonseca & Corporate Services para abertura de empresas off­shores, posteriormente utilizadas para ocultar e dissimular o produto do crime de corrupção”.

Se a Mossack Fonseca foi vista como o epicentro dos crimes de lavagem de dinheiro investigados pela Lava Jato, porque ela saiu do noticiário?

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Exclusivo: empresa “dona” da casa dos Marinho foi criada pela Mossack, que é investigada no Guarujá

Por Fernando Brito, no Tijolaço.

Desde que surgiu o caso da mansão dos Marinho, os solitários blogueiros que se dedicam a investigar o que, de fato, ocorre ali, tem esbarrado nas dificuldades, muito além de nossas próprias penúrias, em conseguir dados nos paraísos fiscais onde esta turma vai maquiar seus negócios.

Agora, porém, tenho os documentos e as provas de que o “triplex” da família Marinho em Parati está indissoluvelmente ligado à empresa Mossack Fonseca, que a Lava Jato, ao que parece, desistiu de investigar pela eventual lavagem de uns apartamentos mixurucas no Guarujá.

Primeiro, vamos atualizar a situação da Agropecuária Veine Patrimonial, sob a qual se abriga, formalmente a mansão de Parati.

Controlada antes pela panamenha Blainville International, criada – tal como as empresas offshore de Paulo Roberto Costa, sediada nas salas dos panamenhos Icaza, Gonzalez – Ruiz & Aleman, agora a Veine pertence quase que totalmente a Vaincre LLC, empresa do estado de Nevada, um dos paraísos fiscais dentro dos EUA.

Aqui está o registro da Veine na Junta Comercial do Rio de Janeiro:

Mas o que tem a ver a Vaincre com a Mossack Fonseca, que não aparece em seus registros cadastrais em Nevada (que reproduzo abaixo)?

Bem, havia duas coisas sugestivas, o fato de terem tido a Camile Services, do Panamá, como agente – empresa com ligações com a Mossack Fonseca e o fato de ter sido criada por uma empresa de nome MF Corporate Services Ltda, que poderia ser as iniciais de Mossack Fonseca.

Como neste blog, ao contrário do que ocorre na vara do Dr. Sérgio Moro, sugestivo não é o suficiente para acusar ninguém, não se acusou a empresa dona da casa dos Marinho de ter sido criada pela empresa de quem a Lava Jato acusava (parece que desistiram) de lavar dinheiro com negócios imobiliários.

Mas agora, sim, afirma que é ligada, até às tripas, à Mossack Fonseca que a Lava Jato chama de lavanderia de dinheiro.

E com base para fazer isso, justamente numa sentença judicial (aqui, na íntegra) de um colega americano do Dr. Moro, o juiz Federal Cam Ferembach, que diz que a “M. F. Corporate Services cria, ” na prateleira”, corporações que estão prontos para operar em menos de 24 horas . Quando um dos clientes de Mossack Fonseca & Co. adquire uma corporação ” na prateleira ” , M. F. Corporate Services começa o processo de montagem de documentos e enviá-lo à Secretário de Estado de Nevada (…) o próprio site da Mossack Fonseca & Co. anuncia os serviços de M. F. Corporate Services como seus”.

“Isto demonstra que M. F. Corporate Services não existe sem a Mossack Fonseca & Co. e que M. F. Corporate Services (…)é na verdade uma mera instrumentalidade “de Mossack Fonseca & Co. (…) considerar identidades separadas das empresas resultaria na fraude ou a injustiça. (…) Por conseguinte, o tribunal conclui que M. F. Corporate Services não existe sem Mossack Fonseca & Co. e obriga ao juiz a tratar M. F. Corporate Services como o que é na realidade : Mossack Fonseca & Co.”

Portanto, pelas conclusões do juiz Cam Federbach, é obrigatório afirmar que a empresa que criou a offshore que detém a propriedade da mansão de altíssimo luxo dos Marinho foi crada pela mesma empresa que Moro manda investigar pelo mesmo tipo de negócio no condomínio “meia boca” do Guarujá.

E porque é dos Marinho não será mais investigada? Ainda mais porque – só aqui – a empresa laranja está com seu funcionamento cancelado nos EUA desde o final de 2014, mas opera no Brasil, onde nem endereço tem…

Aliás, só mesmo no Brasil “republicano” uma empresa laranja, em situação de ilegalidade, invade praias protegidas, ergue mansões e “não vem ao caso”.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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