Dez fatos que mostram que o MBL, do Kim Kataguiri, é aliado do Eduardo Cunha

Kim Kataguiri e Eduardo Cunha

Por Tadeu Porto, colunista do blog O Cafezinho*


Esmalte sem unha, o Kim sem o Cunha, sou eu assim sem vocês, leitores e leitoras do cafezinho.

Bem embora, nesse exato momento, a grande liderança do Movimento Brasil Livre tente de todas as formas ocultar a velha aliança “dos cidadãos de bem” entre ele e o presidente da câmara, como aquele jovem que tentou esconder a adolescência inteira que assistiu Chiquititas do início ao fim (e ainda sabe de cor “não me diga mentirinhas” e “coração com buraquinhos”).

Não era mesmo de se esperar gesto de grandeza de um grupo como o MBL: sem transparência com os gastos, sem compromisso com a democracia e surfando em privilégios de uma mídia golpista (como fizeram Collor e a ditadura militar, talvez não por acaso) o agrupamento liberal disputa o jogo sombrio e nefasto da política sem a menor cerimônia.

Provavelmente por isso eles conseguiram se unir tão organicamente a Eduardo Cunha, o malvado favorito dos corruptos. Mas, claro, como bons ratos que são a nova onda liberal abandonou o Titanic carioca – que afunda a milhas lentíssimas graças ao STF – com palavras retóricas [“nunca fomos aliados do Cunha” (hahahaha)] totalmente destonantes dos verdadeiros atos praticados pelo movimento.

Já dizia a sabedoria popular que contra fatos não há argumentos, portanto, simples e rasteiro, enumero aqui dez acontecimentos que demonstram como Cunha e MBL são carne e unha, almas gêmeas, um coração único que bate no peito do golpe.

 

  1. Por uma aliança tática, O MBL poupou Cunha de maneira bizarra, visto que “buscam” um Brasil sem corrupção. Não obstante, o movimento exime Temer numa atitude mais estranha ainda, pois o vice assinou as mesmas pedaladas que justificam, segundo o próprio Kim, o impedimento da Dilma;
  2. Apesar de se declarar liberais, o MBL se une a bancada mais conservadora do país, a evangélica, comandada por Eduardo. É impossível querer uma parceria com os religiosos e fugir do Cunha que: nomeou amigos evangélicos na câmara; utiliza eventos para vender uma agenda conservadora e mantém liderança participando de cultos no parlamento;
  3. A relação “institucional” entre Cunha e Kim, na verdade, são favores para transitar livre e ilegalmente no parlamento;
  4. Na briga Cunha x Marco Aurélio de Mello, o MBL comprou o lado do ex-presidente da câmara;
  5. Foi com sorrisos e descontração – ambiente difícil de imaginar numa reunião entre “inimigos” –  que Cunha recebeu Kataguiri & Cia em um dos pedidos de abertura do impeachment da Dilma;
  6. Na briga Cunha x STF (rito do impeachment) MBL saiu, de novo, em defesa do deputado carioca;
  7. O MBL acampou em frente a casa do Cunha. Foi para pedir a cabeça dele? Não, foi para utilizá-lo como aliado no pedido de impeachment;
  8. A campanha #acolhecunha do MBL tem anos luz mais destaque que qualquer movimento #foracunha por parte dos liberais. Aliás, fora a retórica para disfarçar, eles não foram as ruas nem uma vez sequer contra o Eduardo. É raríssimo encontrar alguma movimentação anti Cunha por parte deles;
  9. No caso do aceite de Cunha a peça do impedimento, apesar de ser escancaradamente política, o MBL saiu as ruas para comemorar o feito do amiguinho. Fica fácil ter inimigos que faz o que queremos, não é?;
  10. “Seria burrice atacar Eduardo Cunha, ele é útil para nós”, diz Movimento Brasil Livre. Auto explicativo.

Ressalto, ainda, que agrupamentos como o Movimento Brasil Livre são importantes para a democracia e fico feliz que, enfim, os entreguistas liberais tenham saído das sombras para engatinhar em discussões abertas na sociedade (até mesmo porque, fica mais fácil para a gente apontar incoerências do liberalismo econômico).

Ademais, espero que esses movimentos, e outros que surgiram com a internet, sejam capazes de fazer a discussão em alto nível e parem de se ancorar no fascismo das ruas ou no conservadorismo da bancada evangélica para conseguirem seguirem em frente com suas tomadas de decisões, que ainda, infelizmente, passam por golpes de Estado e proteções midiáticas para alijarem o povo da discussão política.

E que essa dança incoerente e hipócrita de liberais, na figura do Kim, e conservadores, como fundamentalista Cunha,  possa ser bailada a luz do dia para que a população possa avaliar quem busca um combate a corrupção sistemático e efetivo ou quem procura um estado de excessão para punir e destruir opiniões adversas.

Afinal, como flores sem jardim ou o Cunha sem o Kim, somos nós, assim, sem a democracia.

 

P.s. entrei agora no site do MBL, 14:57h do dia 06 de Maio de 2016, um dia depois do afastamento do presidente da câmara e não achei nenhuma notícia ou texto sobre o ocorrido. Entrei na seção “notícias”, procurei e não achei. Não satisfeito, apertei “ctrl + f”, digitei c,u,n,h,a e não encontrei correspondência na página (depois da letra “n” já tinha 0 de 0). Que coisa não? Torço todos os dias para ter inimigos assim! :)

*Tadeu Porto [twitter: @tadeuporto] é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF). 

 

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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