Eduardo Cunha e CPI da Merenda: a desfaçatez da direita brasileira não tem limites graças à mídia

Eduardo Cunha. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

Aliados de Eduardo Cunha adotarão a estratégia de esvaziar a sessão que votará a cassação do peemedebista, segundo nota no Painel da Folha.

O cálculo dos aliados de Cunha é de que 200 deputados não aparecerão no plenário para a votação. O Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem dito que não colocará o caso em pauta com menos de 400 deputados presentes.

Vejam este trecho da nota:

O Planalto atua para empurrar a votação final para depois do julgamento de Dilma. “Eduardo não pode ir primeiro”, diz um líder do centrão, que ajuda o governo nos bastidores.

A capacidade da mídia cartelizada de controlar a narrativa ainda é impressionante.

As notícias sobre o governo Temer ajudando Cunha na tentativa de escapar da cassação viraram rotina e foram naturalizadas nos sites e jornais.

Não há repercussão, capas, editoriais, críticas contundentes, nada.

Mas isso só é possível nesse momento histórico, onde há um oligopólio inconstitucional nas comunicações.

Infelizmente somente daqui há alguns anos as coisas serão ditas como são de fato: o grupo político que derrubou um governo eleito pelo voto direto da população é especialista em corrupção e maracutaias. O sentimento anticorrupção da população foi manipulado para que os grandes corruptos brasileiros chegassem ao poder sem ter votos para isso.

Outra notícia de hoje é mais um tapa na cara de quem acreditou no blá blá blá contra a corrupção da direita brasileira.

O relator da CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo, Estevam Galvão, do DEM, excluiu os deputados suspeitos de envolvimento no esquema de desvio de dinheiro da alimentação escolar da lista de depoentes da comissão.

Dentre os excluídos estão o presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), e deputados do SD, PPS, PMDB, PSDB e PTB.

Todos esses partidos são fiadores do golpe e seus integrantes enchem a boca para falar da “roubalheira do PT”.

Repetindo porque é absurdo demais: os deputados citados nas investigações não serão ouvidos na CPI.

Lembremos ainda que a CPI da Merenda somente foi instalada após a ocupação da Assembleia pelos estudantes secundaristas.

É uma situação dantesca e emblemática dos nossos tempos.

Os deputados, em tese representantes do povo, se recusaram a investigar o roubo de dinheiro da merenda das crianças e jovens (!). Os estudantes, em um ato político inspirador, ocuparam a Assembleia Legislativa exigindo a criação da CPI. A base governista, que tem maioria, criou a CPI apenas para evitar mais desgaste político e agora promove uma farsa descarada, um deboche, ao nem mesmo ouvir os parlamentares envolvidos nas investigações.

Toda essa desfaçatez da direita brasileira em proteger seus corruptos de estimação enquanto aponta o dedo para o adversário só é possível graças à manipulação da informação pela mídia conservadora.

A democratização da mídia é a medida mais urgente para que possamos um dia acabar com o festival diário de cinismo e hipocrisia dos defensores da moral e dos bons costumes.

 

 

 

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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