Mais uma vez a PM fascista de Alckmin reprime uma manifestação pacífica. Globo e Folha manipulam loucamente na cobertura

(Foto: Mídia Ninja)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

No período em que Stalin foi o líder da União Soviética ocorreram os expurgos, que no início significavam a expulsão do partido comunista, mas depois passaram a ser a prisão, o envio para gulags, para a Sibéria ou para a execução. O governo soviético falsificava e alterava imagens, destruía filmes ou até matava famílias inteiras para tentar apagar os expurgados da história.

Uma tentativa de reescrever o passado.

A mídia cartelizada brasileira e o governo golpista, por sua vez, tentam reescrever um passado mais recente, quase em tempo real. Michel Temer, dois dias atrás, sobre as manifestações contra o golpe:

São pequenos grupos, parece que são grupos mínimos, né? (…) Não tenho numericamente, mas são 40, 50, 100 pessoas, nada mais do que isso. Agora, no conjunto de 204 milhões de brasileiros, acho que isso é inexpressivo.

Nem a PM nem o Datafolha quiseram fazer as contas, então ficamos com o número de Boulos (muito mais confiável que os dois, convenhamos): perto de 100 mil pessoas.

Temer falou que seriam entre 40 e 100 antes deste protesto, mas mesmo os anteriores à estúpida frase do presidente golpista reuniram milhares de pessoas, em várias cidades do país. A tentativa de Temer de reescrever a história foi suplantada pela realidade acachapante de quase 100 mil pessoas pedindo a sua queda só em São Paulo, com atos de novo em várias cidades.

Eu estava na manifestação e ela transcorreu de forma pacífica durante todo o trajeto.

Com poucos PMs à vista durante o percurso, a galera cantava: ‘Que coincidência, não tem polícia, não tem violência’.

Ao final, no Largo da Batata, quando o ato já se dispersava, começou uma correria e ouviram-se barulhos de bombas.

Idosos, crianças, jovens, famílias inteiras correndo para as ruas laterais, tentando se afastar do tumulto, enquanto o barulho de bombas continuava ao fundo, incessante.

Resquícios de gás lacrimogêneo chegavam a ruas distantes.

Pessoas relataram que em várias ruas a PM fez barreiras, preparando como que emboscadas.

Percebam o absurdo: a polícia, que deve proteger e garantir os direitos dos cidadãos, preparando emboscadas para manifestantes.

A PM disse que recebeu um pedido de intervenção na estação Faria Lima do metrô, por vandalismo. Os seguranças do metrô e a Via Quatro, a empresa responsável pela estação, negam as informações da PM, segundo matéria do Globo.

A Folha, que sexta pediu mais repressão nos atos em editorial, mantém a coerência e continua endossando a violência policial, usando eufemismos para descrever o ataque injustificado da PM a manifestantes: a sua manchete primeiro dizia que o ato acabou com ‘correria e bombas’, depois trocou para ‘termina em confusão’:

Bombas, cassetetes, tiros de borracha da polícia sobre cidadãos são uma singela ‘confusão’ para a Folha.

Até a manchete da Globo afirma ‘Polícia lança bombas após término do ato contra Temer em SP’.

Mas a Folha partiu para a tentativa de reescrever os fatos, à lá Stalin, suavizando para a PM.

Não podemos dizer que estamos surpresos com mais uma manipulação da Folha.

A Globo, por sua vez, deixou a falsificação histórica para a Globo News: leiam a análise do Renato Rovai sobre a cobertura criminosa que o canal fez dos atos de ontem.

Para encerrar mais um festival de violência e autoritarismo da polícia de Geraldo Alckmin, a PM prendeu 26 jovens durante a manifestação na Paulista, por “pretenderem fazer vandalismo”.

Os jovens ficaram “detidos para averiguação” durante 8 horas, sem poder se comunicar com advogados ou os pais.

Há suspeita de que houve manipulação de provas para criminalizar os manifestantes.

O governo Temer fica cada vez mais parecido com uma ditadura.

A tática de quem comanda a PM paulista continua a mesma: agredir manifestantes para intimidá-los e murchar os próximos atos.

Mas em 2013, a truculência da polícia militar foi o estopim para gigantescas manifestações de rua.

Estão brincando com fogo.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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