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Espiando o poder – Juntos, iguais, num mesmo ideal

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Espiando o poder: análise diária da grande imprensa Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho Nas últimas edições, ajudados pelas eleições, eles vinham disfarçando, mas hoje é um daqueles dias em que Globo, Estado e Folha de São Paulo chegam iguais às bancas, a anunciar unidos em suas primeiras páginas, fortes, […]

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

Nas últimas edições, ajudados pelas eleições, eles vinham disfarçando, mas hoje é um daqueles dias em que Globo, Estado e Folha de São Paulo chegam iguais às bancas, a anunciar unidos em suas primeiras páginas, fortes, felizes, a marcha por enquanto irrefreável do golpe. A manchete é a mesma, assim como três chamadas presentes nos três jornais e a foto principal da mesma pessoa, no caso a primeira-dama, Marcela Temer, a posar sozinha na Folha (na foto de Pedro Ladeira), inteira em sua beleza indiscutível, no vestido azul com um quê de fada madrinha dos tempos que se anunciam pela própria escolha da manchete. “Condenados em 2a instância terão de ir para a cadeia”, diz o Globo, que repete o tom virando a página, no “Atalho para a cadeia” em cima da matéria sobre o julgamento apertado do Supremo Tribunal Federal (STF), que por 6 votos a 5 “reforça a determinação para prisão…”, segundo a Folha, e “fortalece Lava Jato”, como afirma o Estadão.

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A sentença do STF manteve o que havia sido decidido pelo tribunal em fevereiro deste ano, mas se a decisão anterior relacionava-se a caso específico, a de agora vale para todos os tribunais do País. “O que antes era apenas uma tese agora recebe força de lei”, resume o Estadão, na chamada para a análise da decisão que agradou ao Ministério Público e “fere o princípio da presunção da inocência”, segundo a Defensoria Pública, que aparece na penúltima frase da chamada do Estadão e fica de fora das capas dos outros dois jornais. Na Folha, e em nenhuma outra chamada de capa, o procurador-geral, Rodrigo Janot, “disse que a decisão pode afetar a Lava Jato (…), incitando os acusados a negociar”, e só no Globo, na última linha da chamada de primeira página, “Sergio Moro comemorou”.

No julgamento anterior, a votação havia ficado em 7 a 4. Dias Toffoli foi o único ministro a mudar seu voto, contrário à tese vencedora exposta no subtítulo da manchete do Globo, de que o “abuso de apelações estimula o aumento da criminalidade”, e ratificada pelo único ministro do STF citado, Luís Roberto Barroso, só ele e Moro no texto abaixo da manchete. “Um sistema desacreditado colabora para o aumento da criminalidade”, diz Barroso, defendendo a decisão que recebeu também o voto de Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux, Gilmar Mendes e de Teori Zavascki, ele que, na véspera, mantivera com Moro os processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo após condenar com veemência o “espetáculo midiático”, sem provas, da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Lula.

“Se deu notícia sobre organização criminosa, mas o que foi objeto de oferecimento de denúncia não foi nada disso, houve um descompasso”, disse Zavascki, na mesma sentença em que negou o recurso da defesa de Lula, mantendo os processos do ex-presidente com o juiz que aceitou em tempo recorde, sem nada discutir, o tal descompasso. Agora, com a decisão que na prática abre de vez as portas para um estado policial no País, após a esperada condenação de Lula pelo mais previsível dos magistrados brasileiros, ao menos nesse caso específico, o ex-presidente poderá ser preso se for condenado, também, pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) do Paraná, com sede em Curitiba. E tudo por causa da denúncia em descompasso, do espetáculo midiático contundentemente criticado por Teori, enquanto o governo Temer, sem voto nem popularidade, busca a sua Evita particular.

Na Folha a primeira-dama vem ao lado da chamada para a análise de Natuza Nery, afirmando que “a exploração da imagem de Marcela Temer pelo governo veio para ficar”. A ideia é aderir ao “primeiro-damismo para suavizar imagem sisuda e masculina”, diz o título da análise na página A6, informando que a presença da primeira-dama não se restringirá ao cargo de embaixadora do programa Criança Feliz, voltado a crianças de até três anos atendidas pelo Bolsa Família. O ‘début’ de Marcela, citado pelo Globo ao lado da mais sincera das fotos de capa, de Evaristo Sá, da France Presse (AFP), em que ela aparece a discursar em primeiro plano tendo ao fundo, fora de foco, o marido e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, é só o começo. Em breve a primeira-dama aparecerá mais e mais vezes com seu sorriso exposto no Estadão à frente de um Temer de costas para o leitor, naturalmente desfocado na foto de Ueslei Marcelino, da Reuters. É o rosto angelical do governo federal, que ontem no Congresso conseguiu nova vitória, para começar a vender o pré-sal.

Em tempos menos sisudos, poderia até ser manchete a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do texto principal do projeto que retira da Petrobras a obrigação de ter de investir nos campos do pré-sal, mas hoje ela é apenas uma das três chamadas presentes nas três capas, e no Globo vem casada com a matéria da página 26 a dizer que o Petróleo sobe no exterior e leva Bolsa SP a avançar 1,54%. E se o FMI ontem exalava otimismo na primeira página da Folha, hoje no Globo, a dominar a página 24, “alerta Brasil para escalada da dívida”. E nas outras duas chamadas presentes nas capas dos três jornais, pesos e medidas são, de novo, bem definidos.

A Polícia Federal “indicia Lula” nos três jornais, “por favorecer Odebrecht em Angola”, segundo o Estadão, e  “por suspeita de corrupção” no Globo, enquanto a Folha fala em “elo com contrato fraudado” e logo acima, no mesmo tamanho de chamada, em três linhas diz que “Lava Jato investiga suposto esquema durante gestão FHC”. No Estadão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vem ao lado da chamada de Lula, do mesmo tamanho mas não na primeira linha, como o petista. Vem na terceira linha só com as iniciais, compreensíveis pelo tamanho do título, e tendo à frente a mesma “gestão” da Folha e também do Globo, única a separar bem as chamadas dos dois ex-presidentes, a de Lula lá em cima, atrelada à manchete, a do tucano embaixo, no canto, a limar ainda uma das letras da sigla de Fernando Henrique pra dizer que “negócio na gestão FH é investigado”, contando embaixo, em letra menor ainda, que há “suspeitas de desvios na aquisição de termelétricas”.

Ao contrário da praxe em casos envolvendo petistas ou aliados de Lula e da presidenta afastada Dilma Rousseff, a foto da matéria sobre o caso, na página 7, não é do personagem mais importante da história, politicamente falando. Não é a imagem de Fernando Henrique que estampa a matéria, mas a de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras que delatou os casos, supostos, de corrupção no tempo em que Fernando Henrique Cardoso era presidente. Na página ao lado, outra foto é mais um sinal claro dos novos tempos. “TCU rejeita contas de Dilma e impede Mantega de ter cargos”, diz o titulo da matéria que, no subtítulo, informa que o parecer do ministro relator do caso no Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, deixou de fora da condenação indícios de irregularidades anteriormente apurados em medidas provisórias editadas por Dilma para a abertura de créditos extraordinários de R$ 49,6 bilhões. Havia suspeitas sobre o caso, mas o ministro relator deixou esse ponto de fora, talvez porque Michel Temer já tenha editado MPs com características semelhantes, com aval do próprio TCU. E na foto, de Jorge William, o advogado de Dilma, Ricardo Lodi, fala observado pelo próprio José Múcio, com a cara de quem não quer ouvir, e por outro ministro do TCU, Raimundo Carreiro, que tem o dedo indicador colado à boca fechada, como quem pede silêncio.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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RosLucc

06/10/2016 - 17h09

Pífio o estilo dessa mulher de mais de trinta anos, querendo passar como boneca queridinha para homens, com sainha rodada, vozinha medíocre e buraquinhos nos lugares certos. Isso nunca foi perfil federal, nem professora de jardim de infância de 17 anos de idade vai trabalhar desse jeito em escola de interior, brincando com limites. Ela deve guardar esses vestidinhos de boneca para a casa dela, para as festas pessoas dela. ESFERA FEDERAL não é lugar para decotes, nem rendas vazadas no peito, não é lugar de saia curta ou espremendo as cadeiras, delineando a púbis. Isso aí não respeita nem a inteligência das pessoas, que já perceberam o que essa criatura é, apenas mais uma trouxa a ser empurrada goela abaixo, carreirista de sem currículo, que dizem, nunca suportou chegar em segundo. A vida deles é de luxo, não é desses vestidos simples de algodão. Conseguir através de manipulação, vestindo-se como se estivesse pronta para sentar no colo do vovô. Essa pessoa envergonha todas as mulheres do Brasil, pois manipula e nem se dá ao trabalho de fingir respeito.

    João Luiz Brandão Costa

    06/10/2016 - 18h04

    Sem nenhuma misoginia, compartilho a opinião acima. Vestidinho de fadinha de filme da disney não é apropriado para nem para a circunstância do evento e nem para a ideia que se faz de uma Primeira Dama da República. Estamos num a República de caipiras, ou de idiotas. Ou amos. RIDÍCULO!

    .

      RosLucc

      06/10/2016 - 18h21

      Não é misoginia, eu luto pelo direito das mulheres e para que cada um tenha o seu direito de se vestir, mas como tudo, existem limites do bom-senso. Faz tempo que senti que precisava dar essa opinião. Aquela pessoa está manipulando, claramente. E não é postura de Primeira Dama, nem mesmo Carla Bruni, que é uma artista de vanguarda, fazia isso em momentos formais, é preciso respeitar o seu país e a função. Ela não está no aniversário do filho. Nos tribunais e em vários museus ainda não se entra sem mangas, então existe uma grande contradição. Isso não é forma de se conduzir nenhum cargo, muito menos em esfera federal e sendo desse destaque. Infelizmente esta pessoa sabe exatamente o que está fazendo, pois não se veste assim o tempo todo.


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