Menu
,

Espiando o poder – O arrocho e a prisão, o medo de 2013 e a Seleção

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Espiando o poder: análise diária da grande imprensa Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho “Limite para gasto público avança na Câmara”, diz a manchete do Globo de hoje, sobre a aprovação em comissão especial da proposta que fixa um teto para as despesas governamentais, a ser estipulado pela inflação. O arrocho está no […]

4 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)]

Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

“Limite para gasto público avança na Câmara”, diz a manchete do Globo de hoje, sobre a aprovação em comissão especial da proposta que fixa um teto para as despesas governamentais, a ser estipulado pela inflação. O arrocho está no ar, assim como a iminência da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a julgar pela chamada em toda a largura da primeira página do diário carioca, acima da manchete, afirmando que “Lula é incluído no inquérito principal da Lava-Jato”. O Estadão bota Renan junto de Lula no título de sua chamada sobre o caso, também no alto da primeira página, enquanto a Folha de São Paulo preferiu não citar o ex-presidente na capa hoje, que ataca em outra frente, mirando eventuais futuros protestos que podem vir a ser abafados, quem sabe, pela alegria do povo com o bom futebol da Seleção. O Brasil ganhou de 5 a 0 da Bolívia e tem 100% de aproveitamento sob o comando do técnico Tite, informa o texto-legenda da foto de Vanderlei Almeida, da France Presse (AFP), que mostra Neymar erguendo Gabriel Jesus de braços abertos, como um salvador, e vem colada ao assunto principal da capa, logo abaixo da manchete: “Subsídio pode subir R$ 1 bi em SP com tarifa congelada”.

[/s2If]

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1)]
Para continuar a ler, você precisa fazer seu login como assinante (no alto à direita). Confira aqui como assinar o blog O Cafezinho.[/s2If]

[s2If current_user_can(access_s2member_level1)]

Os aumentos nas passagens de ônibus em São Paulo foram, como se sabe, o estopim dos protestos de junho de 2013, quando centenas de milhares de pessoas foram às ruas por todo o País sem pedido nem pauta específica a não ser a revolta em comum, generalizada, contra “tudo o que está aí”, a começar pela classe política. O Congresso foi cercado, vidraças foram quebradas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e carros de reportagem foram virados, incendiados, enquanto jornalistas, principalmente os apresentadores da tevê, pediam assustados que, por favor, não houvesse vandalismo. Talvez por isso o prefeito eleito de São Paulo, João Doria, tenha anunciado logo após a vitória no primeiro turno que congelaria as tarifas por todo o ano de 2017, decisão que a Folha desaconselha no subtítulo da manchete a afirmar que a “medida anunciada pelo prefeito eleito (…) bancaria 30 km de corredores” exclusivos para ônibus na cidade.

Um desperdício e tanto, sem dúvida, caso sejam mesmo elevados os subsídios do poder público às empresas de ônibus para garantir o congelamento das tarifas, avisa o jornal, ainda mais em tempos de cortes obrigatórios nas despesas, como anuncia a chamada do Estadão sobre a aprovação, pela comissão especial da Câmara, da “PEC do Teto”, que vem dentro da manchete: “Rio pede R$ 14 bi à União e negocia intervenção branca”. No texto embaixo o jornal afirma que a intervenção “pode atrapalhar a PEC do Teto” porque, “pela Constituição”, não se pode aprovar, durante intervenção, qualquer Proposta de Emenda à Constituição, como esta que rendeu novo regalo à grande mídia. Depois da campanha pra “tirar o Brasil do vermelho” das edições de ontem, em que o governo Temer se exime de culpa pela atual situação econômica, os três jornais publicam novo anúncio de página inteira hoje, em que nove entidades, sob o aviso em cima de “expressão de opinião”, mostram apoio à PEC do Teto falando em superação, já, “da crise política que paralisou o país por mais de um ano”.

Assinam o anúncio, entre outras, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNIF) e a Confederação Nacional de Comunicação Social (CNCS), todas a afirmar, unidas, que “é hora de concentrar todas as atenções nas reformas essenciais à retomada do crescimento econômico”. E se não aparece nem na capa do Estadão nem da Folha, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles surge logo no subtítulo da manchete do Globo dizendo “que governo Temer teve de assumir ‘prejuízo de R$ 170 bi'”, ele que no texto da chamada, bem no fim, “foi à TV defender o teto e disse que o governo Dilma deixou” a conta.

O governo atuante há mais de seis meses, empossado e não votado, não tem responsabilidade de nada, afirma o ministro. A culpa, muito provavelmente, deve recair sobre o lado de sempre, daquele citado nas capas de Estadão e Globo, nas chamadas sobre Lula, Teori e o inquérito da Lava Jato. O jornal carioca, aliás, não faz qualquer menção a Eduardo Cunha nem no título nem no subtítulo, só no texto da chamada de primeira página, em corpo bem menor, onde se lê logo na primeira frase que o ex-presidente “e o deputado cassado Eduardo Cunha foram incluídos” no tal inquérito. Já a Folha relega o caso de Lula às páginas de dentro, onde o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki aparece como se sorrisse, tipo a Monalisa, na foto de Pedro Ladeira, ele que tanto condenou, de forma tão veemente, o “espetáculo midiático” da denúncia contra Lula.

Na capa de hoje a Folha não cita Lula e dá duas chamadas relacionadas à Lava Jato, uma para a proposta de “4 anos de prisão” para Marcelo Odebrecht e, logo acima, para o estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) dizendo que a “decisão do STF pode levar 3.460 à prisão…”. A Folha não cita Lula mas repete, em sua primeira página, a palavra prisão em dois títulos, um em cima do outro, sendo o mais alto deles sobre a decisão do Supremo de confirmar a possibilidade de encarcerar um sujeito a partir da condenação em segunda instância, o que torna mais rápido o caminho de um certo ex-presidente à prisão e pode provocar grandes protestos pelo Brasil afora, ou não. Vai depender de muita coisa, inclusive, até, quem sabe, da Seleção, que pode muito bem continuar a alegrar imensamente o povo com futebol vistoso, de goleadas e grande jogadas, remetendo, por exemplo, ao grande escrete de 70, talvez ao som do vibrante, esfuziante Pra Frente Brasil.

[/s2If]

Apoie o Cafezinho

Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

NVTRGLP

08/10/2016 - 07h00

Convenhamos…, em matéria de copa a era PT foi um fracasso (ou sabotagem?). Ou será que a CBF é de extrema direita ?…(o marin eu sei que é;…e consequentemente corrupta até o osso – um sete x um…muito estranho…).
A ultima vez que ganhamos foi em 2002, antes da eleição, durante anos FHC… Então, pela logica da nova ditadura (recall), 2018 seremos 210 milhões em ação, “go ahead brezil – brezil !!! “

Elena Osawa

07/10/2016 - 16h44

Nada como desviar o assunto para o futebol, para deixar o povo alienado com relação às questões políticas do país. Lembram do Médici?

    Osmar Gonçalves Pereira

    07/10/2016 - 19h54

    Pena que o “maestro” não é o Saldanha…

João Bosco

07/10/2016 - 12h48

Num País em que a desindexação foi cantada em verso e prosa como o remédio contra a inflação, vêm os iluminados e indexam a despesa pública à inflação. Lindo! Inteligentíssimo!. Um governo mal intencionado, com esse mecanismo, provocará inflação para aumentar seus gastos. No final, quem vai se ferrar? Os que não conseguem se proteger contra os efeitos da inflação.


Leia mais

Recentes

Recentes