As diferenças do tratamento da Lava Jato a Lula e a Eduardo Cunha

(Charge: Aroeira)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

A Justiça do DF aceitou ontem mais uma denúncia contra Lula, tornando-o réu pela terceira vez no âmbito da Lava Jato.

Também ontem Moro deu início à ação penal contra Eduardo Cunha, intimando-o para apresentar resposta preliminar à acusação.

As diferenças entre os dois casos é ilustrativa do grau de parcialidade da Lava Jato.

As acusações contra Lula mantém o padrão pedalinho e tríplex no Guarujá: simplesmente ridículas.

A nota divulgada pelos advogados de Lula é suficiente para demonstrar a fragilidade da acusação e a obsessão da Lava Jato em dar um jeito de condená-lo:

Nessa nova ação Lula é acusado pelo MPF de ter influenciado a concessão de linhas de crédito de R$ 7 bilhões para a Odebrechet e ter recebido, em contrapartida, um plano de saúde para seu irmão e a remuneração por duas palestras que ele comprovadamente fez – em valores que são iguais aos contratos relativos às demais palestras feitas pelo ex-Presidente a 41 grupos empresariais

Reparem na discrepância.

Lula teria recebido um plano de saúde para o irmão e remuneração por palestras que ele realmente fez, no mesmo valor das feitas para 41 grupos empresariais, em troca de vantagens na casa dos bilhões à Odebrecht.

Já Cunha é acusado de receber R$ 5,2 milhões em propina e enviar o dinheiro a três contas mantidas na Suíça, em troca de sua interferência na compra, pela Petrobras, de um campo petrolífero em Benin, na África, por R$ 138 milhões.

Lula deve ser o pior negociador de propinas da história, recebendo planos de saúde, pedalinhos e pagamentos por palestras que efetivamente realizou em troca de favorecimentos bilionários, enquanto Cunha ganha milhões em troca de favorecimento em negócios de valor muito menor.

Isso sem falar nos abusos contra Lula, em uma evidente tentativa de destruir sua reputação: divulgação criminosa de grampos, condução coercitiva, espalhafato e pirotecnia do MPF, com o famigerado power point.

Cunha não passou por nenhum desses constrangimentos.

Teve todo o tempo do mundo para conduzir o processo que culminou em um golpe de Estado, mesmo com acusações gravíssimas pesando contra ele. Depois de sua cassação, na Câmara, tinha sumido do noticiário, retornando só agora, quando finalmente foi intimado por Moro.

Cunha só será incomodado pela Lava Jato porque as acusações contra ele são pesadas demais para que fique incólume.

Sustentar que a operação é isenta porque finalmente começou a andar a ação penal contra Cunha é uma piada de mau gosto.

Escárnio

Gilmar Mendes falou que o seu almoço com Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso ‘foi uma conversa de velhos amigos’.

Gilmar, como presidente do TSE, é responsável pelo julgamento das ações contra a chapa Dilma/Temer.

Como disse o juiz Marcelo Semer, em seu Facebook, ‘Gilmar deve se dar por suspeito pra julgar ação contra a chapa. Velhos amigos não podem ficar na situação juiz-réu.’

Mas a sensação de que podem tudo, graças à cobertura amiga, por parte do oligopólio midiático, dos absurdos que cometem, é tamanha que eles nem mesmo se preocupam em esconder o conluio imoral, ilegal e golpista de que fazem parte.

Seguimos na luta, porque, como apontou genialmente o Aroeira na charge acima, eles passarão.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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