Campanha de Freixo é o “último reduto” da esquerda no Brasil, diz Trajano

Trajano: “O que mais enoja é a mídia fazendo jogo sujo contra o Freixo”

O jornalista esportivo mergulhou na campanha do candidato do PSOL no Rio por acreditar que ele vai “renovar a esquerda”

na Carta Capital

A língua afiada já rendeu ao jornalista José Trajano Reis Quinhões a definição de “o melhor mau humor da TV brasileira” saída da batuta do publicitário Washington Olivetto. Nascido no Rio de Janeiro há 69 anos, mas há três décadas radicado em São Paulo, o tijucano deixou o esporte de lado nos últimos dias para voltar à sua cidade como voluntário na campanha do candidato à prefeitura carioca Marcelo Freixo (PSOL). Ele diz apoiá-lo por ser “um sujeito íntegro, sério, que tem uma trajetória limpa na política”.

A saída da ESPN, canal que ajudou a criar em 1995, fez com que decidisse virar militante do psolista. “Com a decepção enorme das eleições em São Paulo (onde apoiava Fernando Haddad, do PT) e a ida do Freixo para o segundo turno, eu resolvi me plantar aqui e ajudar no que for preciso”, diz.

Trajano acredita que a campanha de Freixo é o “último reduto” da esquerda no Brasil nessas eleições e, por isso, decidiu aderir. “Como no Rio de Janeiro a campanha do Freixo ficou como o último reduto da esquerda, eu acho que estamos jogando todos os trunfos na campanha dele. É uma campanha que é diferente”, avalia.

Brizolista por convicção, o jornalista se define como um homem de esquerda. Ele foi contrário ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que lhe rendeu agressões pela internet.

O histórico é o que faz acreditar no candidato do PSOL. “O Freixo pode renovar a esquerda brasileira. Ele se cercou de muita gente e ouviu a população para produzir seu projeto de governo, que propõe uma cidade nova e de participação. O programa dele é uma inovação”, opina.

A militância inclui desde panfletagem nas ruas até discursos em comícios, o que tem surpreendido cariocas por onde passa. “As pessoas até se espantam e vêm tirar selfie”, conta.

São as jogadas ensaiadas da oposição ao candidato do PSOL, contudo, o que mais irrita o jornalista. “Nas redes sociais tem de tudo: dizem que ele (Freixo) vai distribuir maconha para a população, que vai acabar com a Polícia Militar e com o carnaval. Tem coisas inacreditáveis”, relata.

Mas é a imprensa, sua área de trabalho há 54 anos como um dos jornalistas esportivos mais respeitados do País, que mais irrita Trajano.

Trajano: críticas à imprensa (Foto: Divulgação)

Ele avalia que o “ódio e repúdio” ao nome de Freixo nas redes sociais migrou para as páginas da imprensa carioca. “O que mais me enoja é a mídia fazendo o jogo contra o Freixo”, afirma. “A mídia que perseguiu tanto a (ex-presidente) Dilma (Rousseff), o (ex-presidente) Lula, o PT e que apoiou o impeachment, nesse momento está virada contra o Freixo. A campanha da mídia é sórdida”, diz.

Ele cita como exemplo dois articulistas do jornal O Globo, jornalistas de expressão nacional como ele: Ricardo Noblat e Merval Pereira.

“Hoje (segunda-feira 10) tem um artigo do Noblat no Globo dizendo ‘Crivella já venceu’ e que não está havendo nenhum esforço do Freixo para ganhar a eleição, que ele prepara para ser candidato a governador. Como um cara desses, que não sai do seu escritório ou da sua casa para acompanhar o candidato pela rua, não vai a nenhum comício ou evento e não vê a empolgação de quem está acompanhando o esforço do candidato, me faz uma coluna inteira no Globo sobre isso? Aí vem o Merval Pereira pregando o voto nulo, que é um direito e não sei o quê”, critica.

“Na hora que as pessoas botam medo e dizem para votar nulo, é que alguma coisa está acontecendo”, ressalta.

Embora acredite que haja “uma máquina de mentiras surgindo”, Trajano confia que Freixo pode virar o jogo e vencer no Rio. “É hora de mostrar para as pessoas como será o governo dele”, acredita

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