Aventura golpista isola a Nação

por Fernando Rosa, em seu blog

O governo golpista ironizou as declarações de Mujica, Cristina Kirchner, Rafael Cortez, Evo Morales e Maduro, entre outros líderes latinos, em protesto ao ilegal afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Em seguida, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, arreganhou a dentadura imperial para os vizinhos, ameaçando implodir o Mercosul. A arrogância chegou ao ponto do Ministro da Justiça, Alexandre Moraes, ir cortar galhos de pé de maconha em território paraguaio.

Os golpistas acreditavam que a mídia internacional fora iludida pela retórica petista, e apostavam que a narrativa de golpe se desvaneceria com o passar do tempo. Nesta semana, no entanto, a realidade bateu forte na porta dos golpistas, durante a reunião do BRICS e, depois, no encontro com o governo do Japão. O resultado foi a desmoralização diplomática e política do Brasil em um dos fóruns mais importantes para a inserção mundial do país.

Na reunião do BRICS, o imolação dos golpistas foi pública, com requintes irônicos, como a foto em que todos, menos Temer, aparecem de mãos dadas. O mais grave, no entanto, é o fato de Putin ter realizado reuniões bilaterais com todos os líderes dos países e, novamente, menos com Temer. Um fiasco precedido da divulgação mentirosa de que Putin havia “se encantado” com a PEC 241, a ponto de pedir informações para adotá-la na Rússia.

No Japão, autoridades e empresários reclamaram dos prejuízos bilionários das suas empresas em consequência da Operação Lava Jato. Um dos exemplos, é a Kawasaki, maior fabricante de navios, trens e outros maquinários pesados do Japão, que declarou perdas de R$ 760 milhões com o Estaleiro Enseada, em sociedade com as empreiteiras Odebrecht, OAS e UTC. O Japão tem cerca de 700 empresas instaladas no Brasil, em diversas áreas, do setor elétrico à indústria naval.

A política externa do Brasil tem uma história que não pode ficar exposta a interlocutores sobre os quais pairam suspeitas sobre quem, quais interesses, de fato, eles representam. É natural a desconfiança dos países diante de porta-vozes de um golpe de Estado ao arrepio da Constituição e das eleições nacionais. Um fato agravado por suceder um período em que o país ampliou sua inserção mundial de forma multilateral, herança dos anos sessenta e setenta, em especial.

A tirar pelas imagens e simbologias políticas, mas principalmente pela frustração no terreno dos negócios, o país perderá muito se a aventura golpista não for interrompida. O alinhamento ideológico e geopolítico aos Estados Unidos só trará prejuízos para a economia, para empresários nacionais e para o país. Ainda mais neste momento em que o mundo depois de longos anos está saindo da ditadura imperialista do “mundo unipolar”.

É urgente impedir que interesses externos dividam a Pátria brasileira e comprometam o respeito e o protagonismo internacional do país. O Brasil é um dos países mais importantes na construção de um novo mundo multipolar, com paz e desenvolvimento. Os brasileiros precisam levantar a bandeira da Nação, com um projeto de desenvolvimento do tamanho da nossa história.

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