Contra a prisão absurda, escrachar é preciso

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

Crescem os rumores da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E como os partidários do golpe já se esqueceram, comodamente, do constrangimento geral, inclusive deles próprios, com o espetáculo lamentável da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que pode gerar essa prisão, é preciso escrachar. Lutar, sim, resistir da forma que der, mas escrachar também, mostrar o ridículo do golpe. Essa é uma das linhas de frente, no momento, de um grupo que começou a se manifestar nas arquibancadas do futebol, na torcida do Atlético Mineiro, e que, com a adesão de cada vez mais gente na luta pela democracia, passou a promover suas ações também fora dos estádios.

“Especificamente agora, o que fizemos foi sobre aquela palhaçada do MPF na denúncia contra Lula. Agora, que os boatos de uma prisão do Lula se avolumam, voltar a falar neste assunto é fundamental”, diz Eduardo Aguiar, um dos que estão na linha de frente do grupo. A ideia surgiu, segundo Eduardo, “logo depois daquela inesquecível apresentação do procurador Deltan Dallagnol buscando incriminar o Lula”, lembra ele, citando aquela que talvez seja a imagem que melhor resume o ridículo do golpe, o powerpoint de Dallagnol vazio de provas mas cheio de convicção, até religiosa, nas bolotas com nomes e palavras impactantes, dignas de um marqueteiro esperto, sem ter muito o que dizer. “O que mais nos impressionou na ocasião foi como a direita ficou chateada com o MPF. Nem ela aceitou aquele teatro. Foi a famosa vergonha alheia, daquelas típicas de programa de calouros, tipo Chacrinha”, afirma Eduardo.

As ações do grupo para reforçar o ridículo da denúncia do MPF do Paraná começaram com uma bem humorada prova de múltipla escolha que foi enviada para os estudantes de direito do grupo, que por sua vez a reenviaram para os outros colegas. “Fizemos depois um vídeo na porta do MPF em Belo Horizonte, com um Deltan Dallagnol doidão, com uma bíblia (para crianças) numa mão e uma Constituição na outra. Nosso mote era: 8,3% do MPF perderam a noção da realidade; 7,9% do MPF perderam a noção do ridículo; eu não tenho como provar, mas tenho convicção; o Redentorismos é próprio do púlpito e não do Parquet.”

O vídeo terminava com uma projeção gigante na fachada do prédio do MPF de Belo Horizonte com a expressão “Fora Temer”. “Estas mesmas frases foram pintadas em faixas que foram postas em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), ao MPF, ao MPE e às escolas de direito”, conta Eduardo. “Completando as ações, imprimimos milhares de cartazes com a frase ‘não temos provas, mas temos convicção’ e com o powerpoint positivo do Lula. Tudo para reforçar, nesta tal luta pela narrativa, o absurdo que são estas acusações”, conclui Eduardo.

Abaixo, o vídeo na porta do MPF em Belo Horizonte:

Luis Edmundo: Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.