Pai mata filho por não aceitar sua atuação política: o sangue está nas mãos da mídia de direita

(Charge: Vini Oliveira)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

Um pai matou o filho de 20 anos a tiros e cometeu suicídio em seguida, hoje, em Goiânia. Trechos de matéria do G1:

O engenheiro civil Alexandre José da Silva Neto, de 60 anos, que matou o filho, o estudante de matemática Guilherme Silva Neto, de 20, e se matou em seguida, em Goiânia, discutiu com o rapaz momentos antes do crime por conta da ligação do jovem com ocupações em unidades de ensino. “Parentes disseram que os dois tinham conflitos recorrentes, mas o que culminou na tragédia foi uma briga pelo fato do pai tentar impedir que o filho participasse da ocupação de uma escola”, relatou ao G1 o delegado Hellynton Carvalho, que esteve no local do crime.
Ainda segundo o delegado, o engenheiro tinha problemas psicológicos. “Os familiares disseram que o pai sofria de depressão, mas ele e o filho sempre discutiam por conta do estilo de vida do rapaz, que participava de movimentos sociais e movimentos estudantis, e o homem não aceitava”, destacou.
(…)
Conforme consta no registro de ocorrência, Alexandre não concordava com o comportamento e o modo de ser do filho, considerado “alternativo e revolucionário”. Guilherme era ligado a movimentos sociais, incluindo as ocupações de escolas contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece teto para o aumento dos gastos públicos.

Trata-se da mais absurda consequência da campanha de demonização da esquerda que recrudesceu nos últimos anos, um verdadeiro macartismo tosco à brasileira.

A casca do ovo da serpente chocado pela mídia familiar quebrou.

Era previsível que a criminalização da esquerda empreendida pelo oligopólio midiático, por políticos como Bolsonaro e por grupos de direita nas redes sociais acabaria por resultar em tragédias como essa.

Protestantes de esquerda são taxados de vagabundos, marginais, baderneiros e bandidos (enquanto os de extrema-direita têm passe livre para invadir o congresso defendendo intervenção militar, como aconteceu hoje à tarde).

Para uma parcela significativa da população esquerdistas são defensores de bandidos.

Se bandido bom é bandido morto, defensor de bandido não merece a morte também?

Na lógica fascista, claro que sim.

A desumanização do adversário político produz um ódio doentio que só pode acabar em violência.

É só visitar a área de comentários das notícias da mídia conservadora para ler manifestações abertamente fascistas contra pessoas de esquerda. Comentaristas babando de raiva e pregando violência contra outros seres humanos apenas por discordarem politicamente. Ódio em estado puro.

A mídia corporativa incita, irresponsavelmente, o ódio contra quem luta por seus direitos, para depois tomar a opção deliberada de não moderar este tipo de comentário nos seus portais, permitindo que o ódio e a violência alastrem-se.

Vale tudo para os barões da imprensa atingirem seus objetivos políticos e financeiros.

O sangue de filho e pai estupidamente mortos está nas mãos dos Marinho, Civita, Frias, Saad, etc.

Se alguém ainda tem dúvida sobre a gravidade do momento em que nos encontramos, vejam a quantidade inacreditável de comentários monstruosos nas notícias sobre a morte de Guilherme (reproduzo alguns do G1 abaixo).

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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