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EUA, 2016: O golpe da “elite” [em casa]

Por Castor Filho, enviado ao Cafezinho Está em curso uma tentativa de golpe da “elite” contra o presidente eleito dos EUA Donald Trump. O golpe é orquestrado pelo campo de Hillary Clinton em associação com a CIA e poderes neoconservadores no Congresso. O plano consiste de usar-se a imbecilidade inventada pela CIA de “A Rússia […]

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Por Castor Filho, enviado ao Cafezinho

  • Está em curso uma tentativa de golpe da “elite” contra o presidente eleito dos EUA Donald Trump.
  • O golpe é orquestrado pelo campo de Hillary Clinton em associação com a CIA e poderes neoconservadores no Congresso.
  • O plano consiste de usar-se a imbecilidade inventada pela CIA de “A Rússia pôs Trump na Casa Branca”, para empurrar o colégio eleitoral contra Trump. A eleição então passaria ao encargo do Congresso. Os Republicanos mais belicistas da bancada da bala neoconservadora poderiam então entregar a presidência à Clinton ou, se esse golpe falhasse, pôr na presidência o vice de Trump, Mike Pence, eleito. E as negociatas da/para a guerra da qual lucram os dois partidos, e que uma presidência Trump ameaça interromper, poderão continuar.
  • Se esse golpe prosperar, é provável que comecem a eclodir violentas insurreições nos EUA, de consequências imprevisíveis.

Até agora, as teses acima não passam de vago esboço. Não se tem notícia de nenhum plano publicado nessa direção. Mas o esquema é bastante óbvio. A sequência contudo inclui alguma especulação.

A meta prioritária é negar a presidência a Trump. É independente demais e ameaça contra vários centros de poder operantes nos círculos do governo hoje reinantes nos EUA. A escolha de Tillerson para o cargo de novo Secretário de Estado só reforça os ‘riscos’ (deve-se prever que Bolton não ficará como vice). Tillerson é a favor de estabilidade que gera lucros, não de aventuras para mudar regimes. Os inimigos institucionais de Trump são:

  • A CIA já convertida em Agência Central de Assassinatos nos governos Bush e Obama. Grande fatias do orçamento da Agência dependem de a guerra na Síria continuar e de se manterem as campanhas de assassinatos por drones no Afeganistão, Paquistão e outros lugares. As políticas mais isolacionistas de Trump provavelmente acelerariam o fim daquelas campanhas e os correspondentes cortes no orçamento.
  • A indústria de armas, que perderia vendas enormes aos principais fregueses no Golfo Persa, se Trump na presidência reduzir a interferência dos EUA no Oriente Médio e noutros locais.
  • Os neoconservadores e o Likud que querem manter os EUA como braço armado de Israel no Oriente Médio a serviço dos sionistas.
  • Em geral os falcões belicistas, militares em geral e “intervencionistas humanitários”, para quem qualquer redução no papel dos EUA como potência hegemônica indiscutível no mundo soa como anátema contra suas crenças.

O atual diretor Brennan da CIA, figura de proa do programa de torturas da CIA e consigliere de Obama, está no campo Clinton/anti-Trump. Os ex- diretores da CIA Hayden e Panetta são apoiadores publicamente assumidos de Clinton, bem como Michael Morell, rei das torturas e ex-vice-diretor da CIA.

Tudo isso considerado, não surpreende que a CIA lidere a campanha anti-Rússia. A tarefa da Agência agora é implantar na opinião pública nos EUA a ideia de que a intervenção dos russos empurrou a eleição nos EUA na direção de Trump. O objetivo é deslegitimar a vitória de Trump aos olhos da ‘mídia’ e do público e – muito mais importante – também aos olhos dos Super Eleitores que votam no Colégio Eleitoral.

A CIA é fortemente apoiada pelas mesmas mídia-empresas dominantes que promoveram Clinton durante toda a campanha. (São os mesmos, não por acaso, que também promoveram, antes, a campanha de ‘divulgação’ das “Armas de Destruição em Massa” de Saddam, que jamais existiram.)

Um professor de Direito em Harvard e militante dos Democratas, Lawrence Lessig, está fazendo campanha dirigida aos Super Eleitores e oferece a eles aconselhamento legal gratuito. Insiste que hoje haveria empate nos votos do Colégio Eleitoral.

Se 37 Super Eleitores Republicanos, eleitos pelos eleitores de seus estados para votar em Trump, forem convencidos a mudar o voto e/ou abster-se, Trump deixará de ter os 270 votos necessários. E toda a eleição do novo presidente passaria a ser serviço dos Deputados da Câmara de Representantes.

No caso de os Super Eleitores elegerem Trump, ainda assim haverá uma possibilidade de que membros da Câmara de Representantes e do Senado venham a questionar oficialmente a votação, o que provocaria atrasos e investigações no Congresso e idas e vindas de processos judiciais.

Nas páginas do National Archives and Records Administration, os leitores encontram detalhados os procedimentos gerais e todas as especificações sobre a operação do Colégio Eleitoral.

Embora os conservadores não tenham qualquer genuíno apoio do eleitorado norte-americano, eles têm controle fortemente implantado sobre partes significativas do Congresso e do ‘comentariato’ dos ‘especialistas’ que trabalham para os meios de comunicação de massa. Muitos neoconservadores de linha duríssima como Robert Kagan, Max Boot e o conselho editorial do Washington Post fizeram abertamente campanha a favor de Clinton. Num de seus spots de campanha , Clinton até aparece ao lado de luminares Republicanos ativos no Congresso, como Lindsay Graham, Sasse e Flake.

A maioria na Câmara de Representantes e Senado pode bem se pôr contra Trump, se a situação ficar realmente crítica. Mas seja qual for o resultado, com certeza haverá furiosa disputa judicial, com ações de um lado para o outro, e prevejo que a coisa termine na Suprema Corte.

Como tentativa de adiar a guerra judicial, a posse de Trump pode ser adiada pela ordem que Obama deu à comunidade de inteligência, de que produza uma consolidação/revisão formal das informações acessíveis sobre a intervenção russa, até 20 de janeiro. Não por acaso, é a data da posse do novo presidente dos EUA! Eis do que realmente se trata:

Ao ordenar uma “consolidação/revisão” [ing. “full review”] das ações dos russos relacionadas ao processo eleitoral de 2016, o presidente Barack Obama está, na essência, ordenando à Comunidade de Inteligência que produza um juízo fundamentado, a propósito da validade da eleição que porá Trump no Salão Oval.
O Congresso “concederia” esperar pela análise assinada pela Comunidade de Inteligência, para só dar posse a Trump como presidente depois de aquela análise ter sido discutida e analisada. O mais provável é que nada aconteça de extraordinário a partir da tal análise, porque os relatórios oficiais da Inteligência Nacional [ing. National Intelligence Estimates] são sempre extraordinariamente vagos. Enquanto isso, o vice-presidente seria empossado e poderia assumir a presidência interinamente:

Se o presidente eleito não é diplomado antes da posse – lê-se na seção 3 da 20ª Emenda –, o vice-presidente eleito assume interinamente a presidência, até que se complete a diplomação do presidente.

Se o processo Congressional ou legal em torno da eleição de Trump for adiado, aquela situação pode arrastar-se por muito tempo. A camarilha que governa Washington pode muito bem sobreviver com um presidente Pence interino, Trump não poderá dar nem palpites em questões de governo. (E Clinton poderá talvez, nesse caso, atuar como vice-presidenta interina, ou ser oficialmente reconhecida e diplomada como titular da presidência?)

A intervenção/ação da mídia-empresa, contra Trump, é pesadíssima.

Mas em primeiro lugar tenham em mente que não há prova, ZERO PROVA, de que a Rússia tenha realmente feito coisa alguma que tenha a ver com informações vazadas do Comitê Nacional Republicano ou Podesta ou outra fonte qualquer de vazamentos e com a publicações de e-mails por vários veículos, dentre os quais, Wikileaks.

Craig Murray garante que sabe que não houve hackers invasores, que se trata de vazamentos saídos de dentro do governo/CNR e que ele conhece o(a, os,as) vazador(es). Na verdade, Murray nos diz agora que os e-mails foram oferecidos a ele durante visitas a Washington. Ex-funcionários da inteligência, inclusive William Binney, o tecnicamente respeitado ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional confirmam as palavras de Murray e também afirmam que a história do hacking é falsa.

Tudo que ouvimos e vimos até agora são rumores e diz-que-diz. Para mim, como profissional de Tecnologias de Informação (TI) com longa experiência, o caso é ridículo, risível, do ponto de vista técnico, exatamente como Murray explica aqui. Se os supostos hackeamentos aconteceram – e nem isso está confirmado –, os métodos que foram usados são tão elementares e conhecidos, que praticamente qualquer pessoa poderia ter capturado os mesmos e-mails. Não há sequer um traço de prova até agora, nem medianamente aceitável, do ponto de vista técnico, que prove que “a Rússia hackeou os e-mails“.

Mas apesar de tudo, lá está o NYT incansável, a repetir enorme pacote de matérias para informar à opinião pública que “a Rússia fez todo o crime, sem pular uma etapa”, sem qualquer prova, baseado só em rumores sem base factual distribuídos pela CIA e ‘pareceres’ emitidos por não profissionais de Tecnologia da Informação – empregados da tal Crowdstrike, empresa autopromovida de TI que o Comitê Nacional Democrata contratou e paga.

Antes, o Washington Post publicara acusações diretas da interferência russa, citando como fonte funcionários “não identificados”. Agora NBC News completa a ‘notícia’ com “funcionários da inteligência que dizem” que a operação de hacking foi comandada pessoalmente por Putin. A matéria vem assinada por dois hackers aliados do sistema e velhos conhecidos, Bill Arkin e Ken Dilanian conhecidos por nada jamais publicar que não tenha sido aprovado pela CIA. Mais uma matéria dessa dupla, e seremos ‘informados’ que Vladimir Valdimirovich em pessoa metralhava os teclados dos computadores hackers.

Muitos veículos e editoriais seguiram cegamente essas “matérias”.

Parte do esquema montado pela campanha da Clinton aparece explicado por uma ex-pesquisadora-consultora especialista em oposição a serviço do Conselho Nacional Democrata, a ucraniana-norte-americana Alexandra (apelido, “Andrea”) Chalupa, nessa sequência de mensagem pelo Twitter:

Andrea Chalupa ?@AndreaChalupa Dec 11

1.) Colégio Eleitoral reúne-se dia 19/12. Se os Super Eleitores ignorarem #EstadoDeEmergência em que estamos & Trump for eleito, podemos pará-lo dia 6/1 no Congresso

2.) Se houver objeções ao resultado da votação no Colégio Eleitoral, terão de ser apresentadas por escrito em documento assinado por pelo menos um Deputado e um Senador

3.) Se as objeções forem formalmente apresentadas, Câmara & Senado recolhem-se para discutir o mérito do que tiver sido objetado, seguindo procedimento determinado em lei federal.

Editoriais e colunas nos principais jornais já estão, sem descanso, propagandeando esse esquema. Apenas como exemplo, recolhido de uma longa lista, aí vai A.J. Dionne no Washington Post:

A descoberta pela CIA de que a Rússia interveio ativamente em nossa eleição para dar a vitória a Trump é excelente motivo para que os Eleitores [do Colégio Eleitoral] considerem se devem fazer valer o poder de sua independência. No mínimo, devem ser oficialmente informados de tudo que a CIA sabe e, especialmente, sobre provas de que Trump ou seus agentes tiveram contatos com a Rússia durante a campanha.

Editorial do New York Times lamenta que Trump esteja ridicularizando os contos de fada inventados pela CIA, os mesmos que o jornal não se cansa de repetir como se fossem fatos.

Muitos dos que votaram e elegeram Trump se sentirão gravemente atingidos se e quando Trump for impedido de tomar posse como presidente dos EUA. Muitos deles andam armados e com certeza protestarão. Não há infelizmente dúvidas de que, se o golpe de 2016 nos EUA for bem-sucedido, haverá violência.

Trump indicou quatro ex-generais para compor seu gabinete e formar o governo. No caso de o golpe prosseguir e os conflitos se aprofundarem, poderemos nos ver num cenário como o previsto num estudo militar de 1992: The Origins of the American Military Coup of 2012 (pdf) [Origens do Golpe Militar de 2012 nos EUA], de Charles J. Dunlap.

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Comentários

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Aurelio Jose Ferreira de Sousa

18/02/2017 - 08h35

A mídia do Brasil e americana não são confiável porque trabalha juntos por um controle psicológico nas massa condicionando aos seus interesses corporativo internacional Ex. empresa petrolífera americana esso etc. para sugar as reserva dos países sub-desenvolvido e esse sistema financeiro que empobrecer para implantar está nova Ordem Mundial. O Povo tem de ficar atento a esse líder que colocaram no Brasil a Riqueza naturais e do Brasileiros e quem pode usufruir desse recursos somos nós. si roubaram nossa riqueza financeira que repatrie da suíça e paraíso fiscal.

Fuad Jorge Alves José

19/12/2016 - 12h58

https://www.facebook.com/fuadjjorge/posts/934075623359826

José Ruiz

19/12/2016 - 09h26

eles vão fazer com o trump exatamente o que fizeram com a Dilma.. e tomar posse é só o primeiro desafio.. por isso é importante entender essa frase: #delendaglobo (a globo é o braço da mídia empresa ocidental no Brasil)..

Antonio Passos

19/12/2016 - 00h13

Há alguns anos atrás, li um artigo de um russo, cujo nome não recordo, que dizia que os EUA se dividiriam. Pelo jeito o cara sabe das coisas.

Luiz

18/12/2016 - 22h14

…trump e amigao de corporacoes e ja se reuniu com CEOs da Exxon, essa mesma companhia que esta causando tantos problemas ao Brasil. Pelo jeito esse cara nao e so bom em iludir, brancos desempregados e racistas…

Charles

18/12/2016 - 21h03

É uma ficção completa as razões que estão pondo para impedir Trump de ser eleito presidente. Concordo com o que diz que haverá violência. Boa parte dos eleitores de Trump é racista, formada por supremacistas brancos, neonazistas, a Ku Klux Klan. Os índices de vandalismo e ataques raciais cresceu durante a campanha E quando Trump ganhou. Se eles já são assim maus vencedores, imagina sendo maus perdedores!

E eu acredito que essa tese da violência deva já passado na cabeça de alguém que esteja planejando esse golpe contra Trump. Por isso acredito que irão deixar ele ser eleito, fazer com que ele governe e deixar ele cometer algum escândalo, ou se possível, até fabricar um, pra justificar um impeachment, e deixar Mike Pence governar, que é um político muito mais establishment e aceitável.

Eu preciso também colocar como adendo, sobre a estupidez de se por Clinton como presidente nesse exato momento. Os republicanos ganharam maioria em 69 das 99 legislações estaduais nos EUA, ganharam maioria na Câmara, ganharam maioria no Senado. Ou seja, eles praticamente dominam toda a legislação. Eles também possuem maioria executiva com 33 governadores eleitos. Tirar Trump nesse momento da presidência seria metralhar o próprio pé. Por mais que exista resistência à Trump dentro do partido dele, os republicanos ainda são republicanos, e irão fazer de tudo para evitar a governabilidade de Hillary, só deixando ela passar as leis que eles quiserem, vetando tudo, bloqueando toda escolha do Supremo que ela fizer, só aceitando os que eles quiserem. Hillary terá que ser uma presidente republicana praticamente se quiser passar algo.

Há também mídia amiga de Trump, na Fox, na NBC e na CNN. Se Trump quiser, ele também pode causar estragos e forçar os seguidores dele a não aceitarem de jeito nenhum esse golpe. Se o colégio eleitoral não der a vitória à Trump amanhã, o prospecto de uma segunda guerra civil é alto. E honestamente, dado tudo o que o império dos EUA já causou de mal no mundo, é algo que irei assistir de camarote!

Octavio Filho

18/12/2016 - 20h58

Sinceramente, eu não tenho nada com isto. Já temos muitos coxinhas no Brasil. Deixe os problemas do coxinhas americanos para os americanos!!! Só faltam chamar o Trump de comunista!! KKKKK!!!!

    José Ruiz

    19/12/2016 - 09h30

    pode parecer incrível, mas a verdade é que está tudo relacionado.. são as mesmas forças que derrubaram o governo dos trabalhadores no Brasil..

Roberto

18/12/2016 - 18h04

Que absurdo!! Não gosto de Trump, mas se foi eleito, eleito está.
Como já foi dito, cada vez mais a humanidade tem que escolher: capitalismo ou democracia. A incompatibilidade entre as duas coisas é cada vez maior.


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