Matéria covarde e mentirosa do Estadão põe em risco vida de juiz do Amazonas

Arpeggio – coluna política diária

Por Miguel do Rosário

O nível de mau caratismo (para ser delicado, porque o certo seria dizer nível de bandidagem) da nossa imprensa tornou-se insuportável. Já era uma imprensa mercenária e covarde antes do golpe, agora, que viu a sua conspiração vagabunda dar certo, tornou-se arrogante e perigosa.

O blog do Fausto Macedo, do Estadão, acaba de cometer uma inominável calhordice contra um juiz do Amazonas, horas depois dele arriscar sua própria vida para pôr fim a uma sangrenta rebelião de presos num presídio do Amazonas.

Agora é assim: não satisfeita de se aliar aos setores mais podres, corporativos e autoritários do judiciário, para implementar um regime reacionário e truculento, a imprensa agora pratica assassinato de reputação contra os magistrados que não fazem parte da panelinha do golpe.

Ou seja, cortejam os juízes mais covardes e midiáticos, como aqueles do Paraná, e tentam destruir os melhores membros da instituição.

A Lava Jato, sempre é bom lembrar, é tão podre, que há tempos procura envolver o juiz Marcelo Navarro Dantas, do STJ, nas investigações, apenas porque este é crítico à operação e teve coragem de se posicionar assim em reuniões de sua turma.

Leia abaixo, o depoimento do juiz que acaba de ser vítima de uma reportagem bandida do Estadão, jornal que, neste ano de crise, aperto financeiro e golpe, está recebendo mais de 200% a mais de verbas públicas federais do que recebeu em 2015.

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Por Luís Carlos Valois, em seu Facebook

Sobre a covardia do Estadão. Ontem, depois de passar doze horas na rebelião mais sangrenta da história do Brasil, um repórter, dito correspondente desse jornal me liga. Eu digo que estou cansado, sem dormir a noite toda, mas paro para atende-lo por vinte minutos. Algumas horas depois sai a matéria: “Juiz chamado para negociar rebelião é suspeito de ligação com facção no Amazonas”. O Estadão é grande, eu sou pequeno, um simples funcionário público do norte do país. Eles não publicaram nada do que falei, nem, primeiramente, o fato de que eu não era o único a negociar a rebelião. Desenterraram uma investigação contra mim da Polícia Federal em que esta escuta advogados falando o meu nome para presos, sem qualquer prova de conduta minha. Detalhe, todos os presos das escutas estão presos, nunca soltei ninguém. Mas insinuaram que isso tinha algo a ver com o fato de eu ter ido falar com os presos na rebelião, que sequer eram os mesmos da escuta. Fui porque tinha reféns. Estamos no recesso, eu não estou no plantão, fui porque havia reféns, dez reféns, mas isso eles não falaram também. Fui chamado pelo próprio Secretario de Segurança do Amazonas que, não por coincidência, é um dos delegados da Polícia Federal mais respeitados do Estado. Ele, o delegado, veio me buscar em casa, me cedeu um colete a prova de balas, e fomos para a penitenciária. O secretário de administração penitenciária, egresso igualmente da PF também estava lá aguardando. Tudo que fiz, negociei e ajudei a salvar dez funcionários do Estado, reféns dos presos, fiz sob orientação dos policiais. Tudo isso falei para o tal Estadão, mas foi indiferente para eles. Agora recebo ameaças de morte da suposta outra facção, por causa da matéria covardemente escrita, sem sequer citar o que falei. Covardes. Estadão covarde, para quem não basta “bandido morto”, juiz morto também é indiferente.

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A reportagem do Estadão:

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/juiz-chamado-por-presos-para-negociar-e-supeito-de-ligacao-com-faccao/

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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