Golpistas se preparam para impor nova humilhação aos 54 milhões que votaram em Dilma

Está muito difícil viver no Brasil, com tantos fantasmas, nos assombrando por todos os lados!

Até o nosso “presidente”, Michel Temer, confessou não estar conseguindo dormir no Palácio da Alvorada, com medo de fantasmas, referindo-se, possivelmente, aos 54 milhões de votos fantasmas, enterrados vivos para levar um bando de delinquentes ao poder.

Com o governo cheio de ministros do PSDB, e a indicação de Alexandre de Moraes para o STF, o coxinhato perdeu o argumento, desde sempre falacioso, de que os eleitores de Dilma também votaram em Michel Temer.

Se o impeachment foi ilegal do ponto-de-vista jurídico, ele é muito mais indecente do ponto-de-vista político. O impeachment serviria, em caso de crime envolvendo diretamente o presidente, para removê-lo do cargo, mas preservando o programa geral de governo e a coalização partidária eleita.

Impeachment para levar ao poder o adversário derrotado, só mesmo no Brasil do golpe e da pós-verdade.

Indiferente à crise econômica, e trazendo ainda mais instabilidade política ao país, o TSE agora vai “julgar” a chapa Dilma/Temer, vencedora das eleições de 2014.

Se já era absurdo um punhado de deputados corruptos julgando o voto da população brasileira, a injustiça agora ficará ainda mais evidente, com onze juízes decidindo sobre um pleito que contou com a participação de mais de 142 milhões de eleitores.

Um resultado eleitoral só poderia ser cassado, pela lógica, se se provasse que as urnas foram fraudadas. Cassar eleição por um suposto caixa 2, baseado exclusivamente num processo viciado de delação, em que os réus são presos inclusive sem aval do judiciário, é mais uma cusparada que as castas jurídicas dão no rosto da democracia brasileira.

O fato de que os mesmos delatores confessarem caixa 2 para a chapa adversária apenas dá um toque surreal à narrativa.

Fui procurar reportagens sobre a votação no TSE e encontrei esta do Jota, site especializado em decisões de tribunais superiores.

Reproduzo o único trecho em que se “denuncia” irregularidades contra a chapa de Dilma/Temer.

O QUE PESA CONTRA A CHAPA NO TSE

A Polícia Federal concluiu que parte do dinheiro destinado à campanha da chapa Dilma Rousseff (PT)/ e Michel Temer (PMDB) foi desviado e direcionado a pessoas físicas e empresas para “benefício próprio ou de terceiros”.

Foram encontrados indícios de irregularidades nas gráficas Rede Seg Gráficas, a VTPB Serviços Gráficos e a Focal Confecção e Comunicação, que receberam R$ 56 milhões da chapa. De acordo com as investigações da PF, as gráficas movimentavam dinheiro da campanha por meio de laranjas e empresas subcontratadas. A PF afirma que elas não tinham capacidade para prestar o serviço.

Ou seja, não se encontrou nada! Sim, porque acusar uma campanha de “desviar” dinheiro para pessoas físicas ou empresas, para “benefício próprio ou de terceiros”, não é acusar a campanha nem o candidato!

Se o dinheiro foi desviado por alguém da campanha para fins pessoais, então a campanha é vítima, não culpada!

Se a acusação de que o dinheiro não foi usado para campanha, mas para fins pessoais, então isso fica provado que a vitória eleitoral se deu por convencimento político, e não por campanha publicitária.

De qualquer forma, todos os argumentos em prol da cassação humilham ainda mais o eleitor de Dilma Rousseff, já humilhado por um impeachment ilegal que inutilizou não apenas o seu voto, mas o seu esforço heroico para eleger Dilma, contra toda a mídia brasileira, contra os especuladores internacionais, contra a própria paralisia mental do PT e do próprio governo.

E quem são os 7 juízes que julgarão a chapa Temer/Dilma?

Gilmar Mendes, Luiz Fux, Rosa Weber, entre outros… Todos já devidamente cooptados pelo golpismo.

O STF, como sempre ao lado do golpe, ofereceu ao TSE mais um argumento para cometer esta violência final contra a democracia: aceitou a criminalização do caixa 1. É uma outra medida de exceção, visto que isso nunca aconteceu na história do Brasil.

Ao criminalizar os caixas 1 e 2, o STF entregou muitos litros de sangue aos vampiros do consórcio golpista formado por mídia-judiciário, que permitirão, ao longo dos próximos anos, ampliar a discricionariedade sobre decisões democráticas.

Só candidatos que contarem com apoio de um judiciário já devidamente corrompido pelo dinheiro e pela mídia terão condições de se eleger e governar.

O problema, como sempre, é que candidatos ou governos assim nunca tem compromisso com a população. Governam para uma elite e, com isso, promovem atraso político e social.

A vantagem de uma situação tão dramática para a grande maioria da população, incluindo aí a classe média manipulada, é que ela forçosamente produz as condições necessárias para uma revolução.

Para voltar a crescer e, sobretudo, para estabelecer um regime autenticamente democrático, o Brasil terá de promover mudanças profundas em seu sistema judicial.

Da próxima vez que o povo conquistar o poder, ele terá que fazer inteiro, não pela metade: regulamentar a mídia, democratizar o judiciário e implementar as grandes reformas estruturais que o Brasil precisa.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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