Cafezinho Econômico: No pós-golpe, EUA e… Ilhas Virgens Britânicas assumem o controle da economia nacional

Cafezinho Econômico – Edição n.2 – 28/06/2017

Follow the money.

A edição de hoje será bem sucinta, porque as imagens falam por si e o blogueiro perdeu horas demais editando tabelas e gráficos e ficou sem tempo para fazer longas análises.

Entrei no site do Banco Central e baixei as tabelas atualizadas sobre investimento direto externo no Brasil.

O governo passou a manhã soltando fogos com o aumento do investimento. A mídia chapa-branca idem.

Eu fui analisar os números com calma e descobri algumas coisas interessantes.

O aumento do investimento direto no Brasil veio quase que exclusivamente dos Estados Unidos e das Ilhas Virgens Britânicas.

Se tirarmos esses dois países, os investimentos diretos no Brasil teriam caído mais de 30%.

Os últimos acontecimentos no país fizeram os EUA aumentarem brutalmente a sua participação na economia brasileira.

Na média mensal dos quatro anos de 2013 a 2016, os EUA respondiam por 14% dos investimentos no Brasil. Na média mensal de 2017, esse número saltou para 30,5%.

As Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal, e que ficou bastante famosa no Brasil por causa da sonegação da Globo, que se deu justamente lá, elevaram em 1093% os seus aportes no Brasil, na comparação de 2017 com a média dos anos anteriores.

Sozinhas, as Ilhas Virgens Britânicas tiveram uma participação de 17% nos investimentos diretos no Brasil em 2017; na média dos quatro anos anteriores, sua média era de 1,6%.

Por que o súbito interesse dessa potência geopolítica e industrial, as Ilhas Virgens Britânicas, num país como o Brasil?

EUA e Ilhas Virgens Britânicas, somados, responderam por quase metade de todos os investimentos diretos no Brasil!

Em outros termos, dois países, EUA e um paraíso fiscal praticamente assumiram o controle da economia brasileira!

Não é preciso dizer como isso é estranho. E ao mesmo tempo como isso confirma diversas teorias de que houve intervenção norte-americana no processo de desestabilização política que o Brasil vem sofrendo desde 2013.

Confira os gráficos abaixo. Voltamos em seguida.

Outra coisa que a gente deve prestar atenção são os setores para onde vieram os investimentos diretos.

Foram para a indústria? Não. Os investimentos na indústria brasileira caíram 22% em 2017.

Foram para a agricultura ou pecuária? Não. Os investimentos no agronegócio brasileiro caíram 65% em 2017.

Todo o aumento dos investimentos se deu no setor de serviços, com uma concentração muito grande em três itens: eletricidade, transporte e distribuição de água. Esses três setores responderam, sozinhos, por quase 60% dos investimentos diretos no país.

Não por coincidência, são setores onde o governo detêm o poder de elevar as tarifas públicas. Ou seja, o governo Temer está, claramente, vendendo serviços públicos para empresas estrangeiras.

Enquanto isso, investimetnos diretos em coisas como pesquisa científica, obras de infra-estrutura, serviços de tecnologia de informação, telecomunicações, máquinas e equipamentos, equipamentos de informática, sofrem queda brutal.

Olhem a tabela abaixo!

 

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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