¨Macri é baixo, hipócrita e me dá asco, quero que os responsáveis paguem¨, Sergio Maldonado. Leia a segunda carta da família publicada neste momento

(crédito imagem:Contrainfo)

Sergio Maldonado tinha passado pelo momento mais difícil de sua vida ao ser obrigado anunciar que o corpo encontrado era do seu irmão. Não bastasse a dor da perda e da espera, teve que enfrentar o oportunismo falacioso do presidente Maurício Macri.

Diante da tela de televisão Sergio assistiu no canal TN notícias (grupo Clarin), o Ministro da Justiça Gérman Garavano anunciar para nação que tinha falado com a senhora Estela e seu filho junto com o mandatário argentino. Surpreso com uso do seu nome, Sergio ligou para o canal e entrou ao vivo no programa apresentado por Nelson Castro, depois de receber condolências rebateu:

¨ Quero desmentir Gérman Garavajo porque não falou comigo. Esteve me chamando mas não atendi pois estou muito triste e dolorido, somente respondi uma mensagem. É um mentiroso que sai dizendo que falou comigo, se falou comigo que mostre a gravação.¨

Sergio se reportou com mais veemência sobre o comportamento do presidente da República com sua mãe e de Santiago:

¨Me parece muito baixo usar em campanha política. Chamou minha velha(modo carinhoso) de um número privado, se aproveitando de um estado que ela não estava pronta para atender. Me parece que são muito perversos e baixos(…) existe um limite. Macri chama minha mãe dois dias antes da eleição, não posso crer que use estas coisas politicamente, até um corpo! Ele é baixo e me dá asco, me parece patético o que fizeram.¨

Sergio Maldonado ainda revelou as ofensas que a família sofreu nestes últimos dias , segundo ele, ligações e mensagens das redes sociais chamavam seu irmão de flagelo, um kirchnerista. ¨Desde o primeiro momento fizeram política conosco, eu tive de lutar pois eles não paravam de jogar lixo em nossa família¨,desabafou.

Durante toda período de busca o governo divulgava pela imprensa que Santiago estava no Chile,no Uruguai e em outros lugares da Argentina. Uma que mais reverberou estas ideias foi a deputada ¨oficialista¨ Elise Carrió. Surgia notícias que houvesse caso de tentativa de suicídio na família e tudo se fez para atrapalhar investigações, os carros da ¨Gendamería¨ foram lavados antes da perícia da justiça.

A própria Ministra da Segurança , Patricia Bullrich usava constantemente o Twiiter em apoio a força que comanda e fez a captura de Maldonado, em uma das suas postagens ela declarou:¨ Eu gosto de publicações que eximem a ¨Gendamería¨ de responsabilidade na morte do jovem tatuador e falem de outro papelão de Kirchner.¨

Neste 21 de outubro houve uma grande manifestação na ¨Plaza de Mayo¨ convocada pelo movimento Encontro,memória,verdade e Justiça. Segundo seu coordenador Pablo Vasco, ocorreu de forma pacífica e apartidária cobrando respostas, ¨nós que somos dos grupos de direitos humanos temos preocupação com Macri pois começou negar os números de morte na ditadura e tem uma prática de afronta a liberdade¨.

A família Maldonado enfrentou a dor de uma grande perda e em seguida o acercamento da mentira. É o primeiro desaparecimento na democracia. Sergio Maldonado lamentou sua partida mas afirmou hoje que ganhou muitos irmãos.O pior final foi encontrar o corpo sem vida e unir a mentira com impunidade. A História de Santiago ainda não terminou para uma população que busca os responsáveis. Provavelmente são os mesmos que aviltam uma nação inteira. Macri parece estar nas duas narrativas.

Segunda carta da família Maldonado :

O dia de ontem o Presidente da nação, Maurício Macri, se comunicou com Stela (mãe de santiago).

Mas foi um momento inoportuno escolhido para sua primeira chama, depois de um silêncio de quase 80 dias, é importante que o Presidente saiba que nosso único objetivo é conseguir a justiça por
Santiago. Por esta razão lhe pedimos , como máximo responsável do poder executivo, que exija da Ministra Bullrich explicações detalhadas da atuação do ministério que administra e a ¨Gendamería Nacional da Argentina, garantindo plena colaboração com a Justiça no sentido que avance a investigação. Assim mesmo, reiteramos o pedido de intervenção do grupo internacional independente de especialistas para fortalece-la.

Com respeito a algumas interpretações surgidas a partir da inexistência de lesões aparentes no corpo de Santiago acreditamos que são prematuras, desinterpretam o juiz e intencionam um recorte intencional, oportunista e de objetivos mesquinhos. A declaração não descarta que Santiago tenha sido vítima de uma ação violenta que descadeou sua morte, por isto devemos continuar esperando resultados conclusivos dos peritos, garantindo que seu trabalho seja realizado sem pressões de nenhum tipo.

A intenção de desvirtuar a investigação é uma nova afronta a nossa dor, viola a prudência e o respeito pedido pela família. Pedimos a dirigência política, meios de comunicações e a sociedade toda que nos ajude a passar este momento com maior solidariedade possível, até que se saiba a verdade e se alcance a justiça.

Agradecemos o apoio e o carinho de todas e cada uma das pessoas que nos acompanham e que nos reconfortam nesta luta de todos os dias.

Por último, solicitamos a todas as pessoas e organizações decidam manifestar-se em homenagem a santiago, que façam pedindo justiça em sua memória, em paz e sem responder a nenhuma provocação que desvirtue a verdadeira reclamação.

Tulio Ribeiro: Túlio Ribeiro é graduado em Ciências econômicas pela UFBA,pós graduado em História Contemporânea pela IUPERJ,Mestre em História Social pela USS-RJ e doutorando em ¨Ciências para Desarrollo Estrategico¨ pela UBV de Caracas -Venezuela
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