O judiciário e o grotesco

Por Miguel do Rosário, direto de Porto Alegre

“O carrasco quase sempre entra em cena com uma máscara, a da justiça”. O aforisma do grande escritor polonês Stanislaw Jerzy Lec (pronuncia-se Léts), aplica-se maravilhosamente ao Brasil.

O voto do relator João Pedro Gebran Neto, que aumentou a pena de Lula para 12 anos, foi previsível.

Previsível e grotesco. Previsivelmente grotesco.

É quase uma obra de arte pós-moderna.

O voto do Gebran, usando a teoria do domínio do fato, criminalizando a política, culpando Lula até por dinheiro dado a partidos de oposição, citando textualmente falas inteiras de delatores, justificando-se, quase com desespero, pela ausência de provas, pela ausência de atos de ofício, merece ser transformando num vídeo-arte.

Eu já imaginei como seria a obra. É muito simples. Um aparelho de TV exibindo o voto do relator do caso Lula no TRF4, e, em cima, uma palavra em neon: O GROTESCO.

Os votos dos outros ministros, pelo jeito, não ficarão atrás.

O julgamento ainda está em curso. Assista abaixo, ao vivo.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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