Tijolaço alerta: com auxílio da mídia e do judiciário, fascismo é risco grave e iminente no país

As reações abertamente fascistas ao assassinato de Marielle Franco, aliadas a manutenção de Jair Bolsonaro como líder isolado nas pesquisas de intenção de voto, sempre que Lula é tirado do páreo, confirmam a análise de Fernando Brito, editor do Tijolaço.

Bolsonaro, claro está, é apenas um derivado do fascismo. Não é a causa, e sim o efeito de uma opinião pública bestializada por anos de campanhas judiciais e midiáticas contra a esquerda organizada.

No período que antecedeu a ascensão do nazismo ao poder, as instâncias judiciais não precisaram se engajar nas campanhas de Hitler: coube-lhes a tarefa de criminalizar as forças de esquerda, as únicas com capacidade e organização de barrar o avanço do autoritarismo fascista.

Ao afastar Lula, através de um processo explicitamente antidemocrático e implicitamente fascista, o partido judicial (ou seria mais preciso dizer partido lavajateiro), prepara o Brasil para o que seja talvez o período mais sombrio da nossa história.

As promessas fascistas de Jair Bolsonaro nunca foram devidamente denunciadas pela mídia. Ao contrário, a grande imprensa tem cuidado de naturalizá-las.

Janaína Paschoal, advogada, autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, já se posicionou em favor de Jair Bolsonaro.

O núcleo social que apoiou o impeachment, pedia intervenção militar nas manifestações, e apoia fanaticamente a Lava Jato, são eleitores de Bolsonaro. O que significa que, quanto mais a Lava Jato se fortalece, mais cresce o eleitorado fascista.

Até porque a Lava Jato é o núcleo do fascismo judicial.

Os gritos mais altos em comemoração à prisão de Lula não virão dos tucanos, e sim dos eleitores de Bolsonaro.

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No Tijolaço
O “risco” Bolsonaro vira quase tragédia anunciada com veto a Lula
POR FERNANDO BRITO · 17/03/2018

Lamento muito discordar da maioria dos analistas políticos -e, inclusive, do próprio Lula, que acha que a direita repetirá a “dose tucana” dos últimos 20 anos na eleição presidencial.

O tempo passou e a “pedra cantada” do esvaziamento de Jair Bolsonaro não dá sinais de acontecer.

Com isso, Geraldo Alckmin, que já não tem muito jeito, segue estagnado em 8% ou menos, dependendo da pesquisa.

Bolsonaro saiu pela tangente na questão da intervenção federal.

Agora, acredite, escapa da polêmica em torno da execução da vereadora no Rio enaltecendo as virtudes do trabalho infantil – exibindo um vídeo de um menino de 11 anos que ganha dinheiro nos EUA cortando grama – e, pasme, enaltecendo as virtudes antibacterianas do leite de ornitorrinco!

Ele já é o ídolo natural de uma legião de imbecis que está tomada pelo ódio e pelo furor animalesco que a mídia injetou num “país em que energúmenos defendem todos os dias, às centenas, aos milhares, na internet, em grupos que se autodenominam “opressores”, o assassinato, a eliminação e a tortura” como diz Mauro Santayanna em artigo na Rede Brasil Atual.

Parte da classe média tão incensada pelo PT fascistizou-se e os tais “movimentos identitários” que pretenderam assumir o lugar dos partidos políticos não têm força senão para criar uma barreira frágil e alegórica ao avanço do autoritarismo.

Essa gente está em marcha batida para o poder, sob o beneplácito dos senhores togados, que lhe vão desimpedindo o caminho, retirando da disputa aquele que o poderia barrar e tentar – mesmo sob fogo intenso de uma mídia deformada e de legiões de zumbis fanatizados – restabelecer o convívio civilizado.

Falou-se muito em golpe militar e estamos mesmo é sob o perigo de um regime paramilitar, onde o próprio Exército brasileiro venha a ser submetido a papéis que seu oficialato mais esclarecido não crê que possa ser levado: o de transformação em parceiros da milícia repressiva, como a Wermatch se viu tragada pelas SS, pela Gestapo, pelos Einsatzgruppen.

Em apenas quatro anos, sem um partido político, com a força da mídia e com a covardia e a cumplicidade de um Judiciário que desejava o poder que não tem como alcançar para si mesmo, saímos do caminho da esperança e chegamos aos umbrais do inferno, onde toda ela se abandona.

Um país cuja Justiça criminaliza a luta contra a pobreza acaba sem ter outro caminho senão o de lutar contra os pobres.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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