O medo de Bolsonaro

Depois dos dois primeiros debates do primeiro turno, aos quais Bolsonaro compareceu, o presidente do seu partido disse que não havia “planejamento de ir a nenhum debate” a partir daquele momento. A desculpa: “Nosso tempo é muito escasso. As viagens nossas são todas de avião de carreira e a equipe é muito pequena. Para nós, é melhor ter contato direto com o povo”.

Pouco tempo depois, Bolsonaro sofreu um atentado.

No segundo turno, ele continua não indo aos debates, seguindo recomendação médica. O candidato do PSL, entretanto, segue fazendo suas lives e já comparece a compromissos de campanha externos.

Uma nova avaliação médica será feita amanhã. Se os médicos liberarem, teremos debate, correto?

Não é bem assim.

Bolsonaro falou hoje que pode faltar aos debates, mesmo que seja liberado, “por estratégia”. “Vou debater com um poste, com um cara que é um pau mandado do Lula?”, disse ele.

Perceberam?

No primeiro turno, era o tempo escasso. Depois, orientações médicas (lógico que em um primeiro momento não se tratava de uma desculpa). Agora, é “estratégia” ou o papo de “não debater com um poste”.

Vocês sabem o que está por trás quando a pessoa inventa várias desculpas para fugir de algo ou alguém, não é? Chama-se medo.

Bolsonaro é tão tosco que sabe que só terá prejuízos se for ao debate.

Igualmente tosco é o fato de seus eleitores não se importarem em votar em um fujão para a presidência do país.

Um bom presidente tem que se mostrar preparado para o debate, para o contraditório, para o diálogo. O autoritarismo de Bolsonaro faz com que ele não saiba lidar com esse tipo de coisa.

Como ele vai fazer nas negociações com outros países, com organismos internacionais, com setores da sociedade civil? Gravar uma live falando groselhas e pronto? Estaremos bem arranjados…

Haddad intimou-o no Twitter : “Tuitar e fazer live é fácil, deputado. Vamos debater frente a frente, com educação, em uma enfermaria se precisar”. Bolsonaro respondeu com um “quem conversa com poste é bêbado”.

Não é com o Haddad que você vai conversar em um debate, Bolsonaro. É com o povo do país que você quer presidir.

De qualquer forma, é até previsível essa postura.

Não dá para esperar algo muito diferente disso de quem apoia ditadura militar.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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