E o emprego, Bolsonaro?

O presidente Bolsonaro anuncia, como um de suas primeiras medidas de “impacto”, a saída do Brasil do Pacto Global para Migração Segura, uma das poucas iniciativas internacionais para minimizar o sofrimento de milhões de pessoas que erram pelo planeta, sem ter onde viver.

O Brasil não tem problema de imigração, pela simples razão que somos um país com poucos atrativos em termos de emprego e qualidade de vida.

Imigrantes estrangeiros representam um percentual absolutamente insignificante da nossa população trabalhadora.

A medida de Bolsonaro, portanto, não afeta em nada o emprego, principal problema enfrentado hoje pelos brasileiros.

É apenas uma iniciativa inócua, motivada por ideologia e ignorância. O governo do Brasil apenas reforça as correntes de opinião mais egoístas do mundo desenvolvido, o qual, após contribuir para destruição econômica da África e desestabilização política do Oriente Médio, finge que não tem responsabilidade pelas ondas de imigração que partem desses países em busca de uma vida melhor.

Na Agência Brasil

Bolsonaro confirma revogação da adesão ao Pacto Global para Migração

Publicado em 09/01/2019 – 07:34
Por Carolina Gonçalves Brasília

O presidente Jair Bolsonaro confirmou a revogação da adesão do Brasil ao Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular. Na sua conta no Twitter, ele afirmou hoje (9) que a iniciativa foi motivada para preservação dos valores nacionais. “O Brasil é soberano para decidir se aceita ou não migrantes”, disse o presidente. “Não ao pacto migratório.”

Em seguida, Bolsonaro justificou a decisão. “Quem porventura vier para cá deverá estar sujeito às nossas leis, regras e costumes, bem como deverá cantar nosso hino e respeitar nossa cultura. Não é qualquer um que entra em nossa casa, nem será qualquer um que entrará no Brasil via pacto adotado por terceiros.”

A decisão foi comunicada ao Ministério das Relações Exteriores, que orientou o corpo diplomático a transmiti-la à Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil aderiu ao pacto em dezembro de 2018.

Histórico

Anteriormente, Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, criticaram os termos do pacto. No último dia 2, em Brasília, durante reunião com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, Bolsonaro afirmou que tinha a intenção de retirar o Brasil do acordo.

Segundo o presidente, o país vai adotar critérios rigorosos para a entrada de imigrantes. Após as eleições, ele afirmou que quem “não passasse pelo crivo” não entraria no país.

Para o chanceler, o pacto é “um instrumento inadequado para lidar com o problema. “A imigração não deve ser tratada como questão global, mas sim de acordo com a realidade e a soberania de cada país”.

Acordo

Fechado em 2017 e chancelado no ano passado, o pacto estabeleceu orientações específicas para o recebimento de imigrantes, preservando o respeito aos direitos humanos sem associar nacionalidades. Dos representantes dos 193 países, 181 aderiram ao acordo. Estados Unidos e Hungria estão entre os que foram contrários. República Dominicana, Eritreia e Líbia se abstiveram.

No final de 2017, existiam quase 25,4 milhões de refugiados em todo o mundo. Atualmente, apenas dez países acolhem 60% das pessoas nessa situação. Só a Turquia abriga 3,5 milhões de refugiados, mais do que qualquer outro país.

O pacto global sobre refugiados aponta quatro objetivos principais: aliviar a pressão sobre os países anfitriões, aumentar a autossuficiência dos refugiados, ampliar o acesso a soluções de países terceiros e ajudar a criar condições nos países de origem, para um regresso dos cidadãos em segurança e dignidade.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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