A Lava Jato e a destruição da engenharia nacional

Crédito: Folha.

Notícia publicada na Folha de hoje informa que a Odebrecht, até pouco tempo a maior empresa de construção civil do país, uma espécie de joia da coroa da engenharia nacional, que empregava centenas de milhares de pessoas e tinha obras no mundo inteiro, pode entrar em recuperação judicial a qualquer momento.

A Caixa, um dos bancos credores da empresa, decidiu executar a dívida da empresa, uma iniciativa que, segundo a Folha, é “suicida”, porque pode resultar em acabar por não receber nada.

Segundo a Folha, a decisão da Caixa foi tomada porque a estatal quer uma fatia da Brasken, o último “ativo” valioso da Odebrecht. Outros bancos, como Itaú, BB e Bradesco, já tem, como garantia, participação na Brasken, a petroquímica pertencente à Odebrecht.

A reportagem diz ainda que, segundo advogados ligados ao processo, será difícil evitar que a Odebrecht peça recuperação judicial, sob argumentação de que os recursos da empresa estão se esgotando e será preciso assegurar algum tipo de proteção ao salário dos funcionários contra a sanha dos credores.

A notícia vem no mesmo dia em que as revelações do Intercept, de conversas privadas entre o juiz Sergio Moro e Deltan Dallagnol, mostra que este último violou o sigilo de depoimentos de executivos da empreiteira. Dallagnol revelou ao juiz o teor de depoimentos sigilosos, os quais, pela lei da Organização Criminosa, devem ficar sob guarda apenas do Ministério Público, e não envolver o juízo.

A Odebrecht foi praticamente destruída pela Lava Jato. De uma das mais sólidas empresas do país, hoje é uma firma endividada, prestes a pedir recuperação judicial, atacada judicialmente no mundo inteiro.

As vítimas dessa brutalidade judicial não foram os altos executivos dessas grandes firmas de engenharia, a maior parte dos quais simplesmente se retirou com seu patrimônio acumulado e vive bem, e sim milhões de trabalhadores de empresas que prestavam serviço, há décadas, para o grupo de construtoras que a Lava Jato destruiu ou quase.

Até mesmo a pergunta sobre quem pagará por esse crime contra a segurança econômica do país é fútil agora, porque não há como se pagar. Ninguém pode pagar, nem sequer calcular o prejuízo, que deve montar a casa das centenas de bilhões de reais, e que, inclusive, não pode ser medido apenas em valor financeiro, mas sobretudo em empregos e negócios destruídos.

Com as revelações do Intercept, e o aumento da instabilidade política do governo e do país, é possível que investidores se retraiam e haja ainda mais dificuldade para que o mercado de construção civil, em queda livre desde o início da Lava Jato, volte a se recuperar.


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