Com ou sem razão, me somo aos marxistas

MASHUP MARXISTA com Sabrina Fernandes, Jones Manoel, Humberto Matos, Larissa Coutinho, Debora Baldin. TV Boitempo (link ao final do texto).

Eu não sei porquê filosofia e matemática se separam tanto a medida que os séculos passaram. Minha paixão por números me fez entender cedo o teorema de Pitágoras, mas hoje me interesso mais pelo fato de lhe facultarem o surgimento da palavra filosofia (e até a primeira música já composta).

As contas e cálculos me levaram para a engenharia elétrica. Nesse campo do conhecimento, o que sempre me tirou o sono foram os números imaginários (e a poesia das equações de Maxwell). Não aceitava fazer cálculo estrutural com base em coisas imaginárias. Sempre quis saber o que era o “palpável” naquilo.

Foi só na vida sindical que consegui entender de verdade os tais números complexos. Através da amizade com um grande marxista, Professor Normando Rodrigues, conheci um outro professor e marxista simplesmente fantástico de escutar: José Paulo Netto.

Foi vendo uma balbúrdia do Netto na UNB certa vez (vídeo abaixo) que me atentei que as disciplinas “isoladas” na minha mente tinham, pelo menos, um ponto comum: a história.

A partir d a hora 01:05:00 o professor fala da história da matemática

Entender (pouco!) Marx mudou minha vida completamente. Até mesmo para interpretar filmes, outra paixão que tenho. Pegamos “Tempos Modernos” (Charlie Chaplin,1936) :


Veja que é bem mais legal pensar em Tempos Modernos inserido na conjuntura da década de 30 (ou como saberíamos que a bandeira que cai é vermelha?). Mais legal ainda é ver que ele continua atual, como o valor de uma senóide que se repete em diversos ciclos ou como uma tragédia que já foi farsa

Assim, acompanhando as tretas que tem aparecido na bolha em que estou inserido no Twitter (@tadeuporto pra quem quiser seguir), não posso deixar de prestar solidariedade aos marxistas e também agradecê-los pelos trabalhos realizados por eles e elas.

Afinal, acabei me interessando pela a história da matemática e descobri que: 1) o Youtube é uma plataforma fantástica de aprendizagem e 2) que nossos raciocínios fluem melhor na superfície de Riemann do que no plano cartesiano (também não acho coincidência que a palavra razão sirva tanto a matemática quanto a filosofia).

Bom, enxergar a importância do método marxista para entender a vida é uma coisa. Aprender e investigar as obras (e a própria história) de Marx e outros autores importantes como Engels, Lukács e Gramsci é outra, bem diferente. Os estudos são complexos e demanda uma dedicação muito grande para entendê-los bem.

Por isso, considero muito importante os trabalhos científicos e criteriosos desenvolvidos por pessoas como a Sabrina Fernandes do Tese Onze ; o Jones Manoel e a Larissa Coutinho do Revolushow; o Humberto Matos do Saia da Matrix e tantos outros (citei aqui a galera que vi mais envolvida diretamente nas tretas que vi) .

Com uma linguagem mais acessível, sabendo utilizar as plataformas mais eficientes de comunicação e com um conteúdo bem qualitativo eles e elas têm uma influência cada vez maior na formação de trabalhadores e trabalhadoras.

Posso falar por experiência pessoal, até entrevistei o Jones outro dia (e fui atendido com muita educação). Ouso arriscar que a renovação do sindicalismo nacional é (e será cada vez mais) fortemente influenciada por eles e elas.

Sobre as tretas em si, não esquento muito com a cabeça. Discussões como essa vivemos no mundo sindical o tempo todo, mesmo com grandes aliados. O twitter virou espaço amplo de debate e tá me parecendo uma grande reunião de diretoria de um sindicato.

Como já estou convencido que esse tipo de debate com confrontos faz parte da nossa cultura política e não vai mudar tão cedo (tem muita gente apegada demais a razão cartesiana), sei que devemos aprender a conviver com esse desperdício de energia enquanto não formulamos uma outra cultura de discussão.

Por fim, vou comentar uma discussão recente que acompanhei na bolha: penso que o Henry Bugalho (@henrybugalho) errou a mão no discurso contra Marx e no tom do debate subsequente.

Diversos trabalhadores e trabalhadoras (inclusive um bocado que eu conheço) segue, escuta e respeita o Henry. Como sindicalista petroleiro, tento também enxergar o mundo com os olhos da categoria que faço parte.

Penso, ainda, que Henry tem mais acertos do que erros e aposto que estaremos lado a lado quando o inverno chegar. Assim, no geral, respeito o trabalho que ele faz, inclusive recomendo o canal dele.

Vale lembrar, também, que estou longe de achar que alguém tem a razão no âmbito geral (e confesso que os marxistas que me fizeram enxergar que o mundo é dinâmico demais pra se prender a isso).

Para finalizar real oficial, fica aí a dica de como ler Marx na voz dessa galera. E sigam marxistas como o @h1saiadamatrix; a @sabfb; o @_makavelijones e a @deborabaldin_ no twiter.

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.