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Com ou sem Marta, a primavera precisará de novas rosas

Sou lulista de carteirinha, do tipo “Lula no céu e Lula no inferno” (tento enxergar 3D como o Djonga pediu). Defendi com unhas e dentes, por aqui mesmo no Cafezinho, que o PT precisava desgastar o judiciário com a manutenção do Lula candidato. Além disso, acredito que a bandeira Lula Livre, usada sem sectarismo e […]

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Foto: Jornalistas Livres

Sou lulista de carteirinha, do tipo “Lula no céu e Lula no inferno” (tento enxergar 3D como o Djonga pediu).

Defendi com unhas e dentes, por aqui mesmo no Cafezinho, que o PT precisava desgastar o judiciário com a manutenção do Lula candidato. Além disso, acredito que a bandeira Lula Livre, usada sem sectarismo e com respeito, é prioritária para a esquerda.

Começo o texto lembrando disso pois sei que nesse momento a Razão cartesiana nos empurra para um debate cada vez mais destrutivo: toda discussão é vista como a batalha “ultimato” entre Vingadores e Thanos. E queria evitar isso por aqui.

Preciso comentar aqui uma resposta que o presidente Lula deu ao portal Uol. E gostaria de fazer apontando uma reflexão.

Quando perguntado na sobre novas lideranças dentro do PT, Lula desconversou e acabou remetendo a resposta a uma possível volta da Marta Suplicy ao partido.


Uma passagem de bastão. Qual o líder do PT com menos de 40 anos que tem voz ativa no partido hoje?

Se você assistir a uma reunião do partido, vai perceber que temos cota da juventude, de mulher, de negro. Nós temos secretaria de LGBT. Nós somos o partido mais atualizado que existe no mundo. Veja se tem algum partido que produz a quantidade de material cultural que a fundação do PT produz. Muitas vezes o PT é criticado pelas coisas boas que ele fez. Você sabe qual é a razão pela qual eu achei que a Marta Suplicy perdeu as eleições para o Kassab, para o Serra? Pelo que ela fez. Você não tem noção dos efeitos dos CEUs [Centros Educacionais Unificados] que a Marta criou. Levar política públicas, como aquela, com aula com computador, piscina, cinema, teatro para crianças pobres da favela. Você não tem noção do repúdio que um setor da classe média passou a ter da Marta porque ela estava levando coisa para os pobres que não poderia levar.

Lula, em resposta aos jornalistas Flávio Costa e Leonardo Sakamoto para o UOL. Disponível em: Lula acena para Marta e diz querer ser a ‘Fernanda Montenegro de Ciro

Não quero entrar no mérito se essa seria ou não a melhor resposta do Lula. O debate sobre a prefeitura de São Paulo é importantíssimo e não sei o que se passa no alto escalão da política brasileira para cravar o que é prioritário agora ou não.

Contudo, é simbólico que uma pergunta sobre novas lideranças dentro do PT termine com um aceno para a volta de uma liderança com mais de 70 anos. Isso não é bom e precisa ser debatido a exaustão pelo Partido dos Trabalhadores.

O PT foi (e é) essencial para democratizar o Brasil. É o maior partido de massas da América Latina e ainda possui uma força admirável, construída ao colocar em prática o desejo de maior participação popular que a Ditadura tanto reprimiu nos anos de chumbo.

Vale ressaltar, contudo, que o passado grandioso do partido não está imune as mudanças de conjuntura e nem aos erros internos. É fato que o PT precisa empoderar novas vozes para continuar competitivo no Brasil.

Vejamos, por exemplo, quais grandes nomes jovens do PT (ou até mesmo do sindicalismo) apareceram no “GPS ideológico” da Folha.

Nomes como Natália Bonevides, William De Lucca e Marília Arraes são fortes e muito importantes para o momento. Contudo, são poucas pessoas perto da grandeza do partido.

Os congressos do PT acontecerão em breve e o partido terá a oportunidade de apresentar novos rostos ao país, capazes de apresentar uma linguagem que dialogue melhor com uma camada da sociedade que se afasta da política e, consequentemente, da militância partidária.

Lula lembrou as virtudes do partido, fez um importante aceno a Marta Sulicy mas o debate não pode ficar por aí. Há mudanças a serem feitas, seja pelos os erros cometidos (bem menores que os acertos), seja pela mudança conjuntural da sociedade.

Sabemos que os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, que jamais deterão a chegada da primavera. Novas flores virão e se o PT não apontar para uma renovação, correrá o risco de se estagnar e se enfraquecer.

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Tadeu Porto

Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil

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Paulo Cesar Cabelo

19/10/2019 - 03h09

Se o PT tivesse feito auditoria da dívida pública , imposto sobre grandes fortunas , jornada de 40 horas semanais , reforma tributária , tudo isso somado ao boom das comodites na era Lula , o Brasil seria hoje uma Dinamarca tropical.
Lula jamais teria sido preso , nimguém saberia quem é Moro , Bolsonaro seria um deputado do baixo clero , Ciro Gomes não teria virado um idiota e eu ainda acharia que o Reinaldo Azevedo é o cara mais reacionário do Brasil.
Falando em Vingadores , alguém aí tem uma jóia do tempo pra me emprestar??

NeoTupi

18/10/2019 - 19h58

Em SP nem sei o que é melhor. Para meu gosto preferiria alguém como Márcio Porchmann candidato a prefeito pelo PT. Mas isso só funcionaria se Lula estiver livre para fazer campanha na periferia.

Jilmar Tatto também não é um mau nome. É relativamente novo. Veio de origem humilde, teve militância e tem base na periferia. Tem experiência administrativa como secretário de transportes com exitos como bilhete único, corredores de ônibus. Já teve 2,1 milhões de votos para o Senado em 2018. Começa baixo nas pesquisas mas tem potencial para chegar ao segundo turno se conseguir acertar o discurso na campanha. Diferente de Marta que começa alto, mas a tendência é cair a medida que outros candidatos menos conhecidos aparecem na campanha.

Mesmo a resposta de Lula funcionando como um aceno para conversar, não vi como um lançamento de candidatura ainda, vi mais a tentativa de reconectar com o eleitor das periferias de São Paulo, citando o maior legado das administrações para a periferia, o mais bem avaliado.

A candidatura de Marta pelo PT ou com apoio do PT só teria sentido dentro de uma estratégia maior das esquerdas. Ela procuraria resgatar o eleitorado mais maduro que já votou no PT e não é anti-petista (hoje a maior massa do eleitorado tem entre 25 e 60 anos, e os maiores de 60 empatam ou ultrapassa os mais jovens de menos de 25). E outro(s) candidato(s) do PSOL ou do PCdoB mais novos buscaria renovção na política, e todos fariam campanha com as mesmas pautas comuns para reforçar as mensagens de esquerda.


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