Tasso Jereissati: “sensação messiânica” fez Lava Jato “agir por cima da lei”

No blog do Kennedy Alencar

Messianismo levou Lava Jato a agir “por cima da lei”, diz Tasso
Para senador, país tem parlamentarismo ou presidencialismo branco

Por Kennedy Alencar
São Paulo

Ex-presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) elogiou a Lava Jato, mas disse que “houve um deslumbramento em determinado momento” que levou integrantes da operação a agir “por cima da lei” devido a uma “sensação messiânica”.

“Cresceu neles uma sensação messiânica, como se fossem os únicos salvadores da pátria que poderiam, a partir daí, agir por cima da lei e sem nenhum tipo de controle legal. E isso fez com que haja um ajuste agora. Você não acaba com o espírito da Lava Jato, mas dá um ajuste no momento certo a desvio e abuso de autoridade”, afirmou Tasso em entrevista ao “Jornal da CBN – 2ª Edição”.

O senador avaliou que a operação teve “papel histórico”, pois tirou “de baixo do tapete um sistema de corrupção que estava no país inteiro, impregnado em todas áreas do governo e empresarial”.

Crítico do governo Bolsonaro, ele disse que o Congresso está governando na prática sem ajuda do Executivo, que não tem articulação política. “Você pode chamar de parlamentarismo branco ou de presidencialismo branco.”

Para ele, “nasceu [no país] uma extrema-direita muito odiosa, odienta, rancorosa”. Tasso disse que “não conhecia no Brasil” esse tipo de corrente política representanda pelo presidente Jair Bolsonaro, o escritor Olavo de Carvalho e o ministro da Educação, Abraham Weintraub.

O senador avaliou que o impeachment de Dilma Rousseff foi um erro político porque desorganizou os partidos, mas foi um acerto econômico: “Do ponto de vista econômico, não foi um erro porque estávamos indo para um abismo no qual ficamos pendurados até agora. (…) Do ponto de vista político, foi um erro porque desarrumou a vida política brasileira e gerou essa predominância do ódio entre as duas correntes radicais”.

Para ele, essas correntes são o petismo e o bolsonarismo. Ele afirmou que o PSDB não estimou o crescimento do ódio no debate público, mas errou ao contestar o resultado eleitoral de 2014, quando o tucano Aécio Neves perdeu para a então presidente Dilma.

Ouça a entrevista concedida ontem à noite:

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