Menu

Carta Iedi 957 analisa as dificuldades da indústria brasileira

No Iedi Carta IEDI. Edição 957 A indústria em setembro: crescimento em meio a dificuldades Não é de hoje que a indústria brasileira voltou a viver uma fase recessiva. Em setembro de 2019, o setor completou quatro trimestres consecutivos de queda na produção, ou seja, o retrocesso recente fez aniversário. É verdade que as trajetórias […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

No Iedi

Carta IEDI. Edição 957
A indústria em setembro: crescimento em meio a dificuldades

Não é de hoje que a indústria brasileira voltou a viver uma fase recessiva. Em setembro de 2019, o setor completou quatro trimestres consecutivos de queda na produção, ou seja, o retrocesso recente fez aniversário. É verdade que as trajetórias de recuperação não são lineares e podem ser pontuadas por momentos adversos, mas a duração desta sequência de resultados negativos sugere um acúmulo de obstáculos ao crescimento industrial.

Embora setembro tenha registrado variação de +0,3% frente a agosto com ajuste sazonal e +1,1% ante set/18, ajudado por um efeito calendário positivo (dois dias úteis a mais), o desempenho no 3º trimestre de 2019 foi de -1,2% em comparação com um ano atrás. No acumulado de janeiro a setembro a perda de produção chegou a -1,4%.

Para além do conjunto de distorções de nosso ambiente econômico, que tanto prejudicam a competitividade e a produtividade da indústria e que devem ser equacionados somente no médio e longo prazo pelas reformas estruturais, há outros fatores pontuais ou sistêmicos que têm bloqueado o crescimento da indústria em 2019.

Aspectos específicos bastante negativos têm sido os efeitos do desastre de Brumadinho e a profunda crise da economia argentina. Os principais afetados são o ramo extrativo e a indústria automobilística. No primeiro caso, há queda desde o início do ano, acumulando variação de -9,8% em jan-set/19. Agora em setembro, embora o pior já tenha passado, registrou -2,7% ante set/18.

A produção de veículos, graças a certo dinamismo do mercado doméstico, não chega a retroceder, acumulando variação de +2,7% em jan-set/19, com crescimento de +6,9% ante set/18 e +4,3% ante ago/19. Apesar disso, tem apresentado forte oscilação qualquer que seja a comparação utilizada, o que denota a fragilidade de seu dinamismo, que está longe dos patamares que apresentava em 2018 (+12,7% em jan-dez/18).

Entretanto, não é apenas nestes ramos que a recuperação perdeu força. Dos vinte e cinco segmentos da indústria de transformação, 63% ficaram no vermelho no 3º trim/19. São 56% nesta situação no acumulado jan-set/19, ou seja, mais da metade do setor.

Esta profusão de sinais negativos sugere problemas mais sistêmicos, como o elevado nível de desemprego e do perfil das novas ocupações que têm sido criadas, basicamente informais e de baixo rendimento, e a desaceleração do comércio internacional e do PIB mundial, em função dos conflitos entre EUA e China.

Além disso, há também o frequente surgimento de novas fontes de incerteza, com origem tanto no cenário internacional como na esfera política doméstica, dificultando uma reação mais consistente do investimento, já muito prejudicado pela elevada ociosidade do parque produtivo e por mudanças nos tradicionais mecanismos de financiamento de longo prazo do país.

Com isso, 2019 vai se firmando como um ano negativo para a indústria. As expectativas do mercado para a produção física do setor, segundo o Boletim Focus/BCB, vêm sendo recorrentemente reduzidas e chegaram a -0,73% para jan-dez.

Para que esta expectativa seja atingida, como o IEDI vem argumentando, meses com desempenho positivo devem marcar o último trimestre do ano. Há alguns indícios de que isso possa vir de fato acontecer, como, por exemplo, as avaliações dos empresários industriais sobre a situação atual de seus negócios em out/19 que apontaram melhora. A redução dos níveis de juros, a expansão do crédito e a liberação dos recursos do FGTS serão fatores positivos nesta virada de ano, assim como a reação do setor da construção urbana.

Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes