Ipea prevê PIB de 1,1% para este ano e 2,3% para 2020

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Ipea prevê PIB de 1,1% para este ano e 2,3% para 2020

Projeções para a economia brasileira foram apresentadas nesta quinta-feira,19

A recuperação da economia brasileira ganhou fôlego nos últimos meses e as perspectivas para 2020 são positivas, segundo análise da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A previsão é de encerrar o ano com crescimento de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), incorporando a expectativa de crescimento de 0,4% no quarto trimestre de 2019. A previsão anterior era de aumento de 0,8% no PIB para este ano. Para 2020, o PIB foi revisto para cima, de 2,1% para 2,3%.

Pelo lado da oferta, todos os setores terão aumento em sua taxa de crescimento, com destaque para a agropecuária e indústria. Pelo lado da demanda, prevê-se forte aceleração do investimento e do consumo das famílias, enquanto as exportações líquidas novamente absorverão esse aumento da demanda doméstica, a exemplo do aconteceu em 2019.

As projeções de inflação também foram revisadas. Para 2019, a expectativa é de 3,7%, 0,30 pontos percentuais acima da previsão anterior. Para 2020, a projeção também teve um pequeno aumento: de 3,7% a.a. para 3,76% a.a.

Um dos itens que mais contribuiu para a variação da inflação este ano foi a carne bovina. A peste suína africana, que atingiu fortemente a China, aumentou a demanda externa por carne bovina – as exportações brasileiras do produto cresceram 30% entre setembro e outubro, fazendo com que o preço subisse 8,09% em novembro e puxando a inflação para cima. A alta acumulada de 12 meses até novembro foi de 14,4%. Com a carne bovina mais cara, a procura por aves, suínos e ovos subiu, assim como o preço dessas proteínas.

Segundo os pesquisadores, a economia em 2019 está sendo impulsionada pela demanda doméstica via consumo das famílias e investimento. A melhora no mercado de trabalho e a preponderância do PIB do setor privado em contraposição ao público contribuem para este cenário de crescimento, assim como a proposta de ampliação das regras para saque do FGTS.

De acordo com o estudo, a aceleração do crescimento deve ocorrer por meio da ocupação da capacidade ociosa da economia – o Indicador Ipea de Hiato do Produto, que mede o grau de ociosidade e está em 2,7%, deve fechar 2020 ainda com PIB 2,0% abaixo de seu potencial. Essa aceleração do crescimento dependerá, no entanto, da continuidade das reformas no Congresso, especialmente da reforma tributária e da administração pública. A perspectiva da política fiscal, em particular quanto à capacidade de manter a regra do teto dos gastos, é considerada chave para a consolidação do crescimento.

Atividade Econômica

Neste último trimestre de 2019, a atividade econômica apresenta indicadores heterogêneos para indústria, comércio e serviços. Dados de novembro, ainda não fechados, indicam uma acomodação da produção industrial, com recuo de 0,5%. Por outro lado, a estimativa para as vendas no comércio (varejo) no mesmo período é de aumento do 0,4%, enquanto os serviços devem apresentar estabilidade em relação ao mês de outubro. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) mensal registre pequena elevação de 0,1% em novembro.

Enquanto o cenário externo segue afetando negativamente as exportações, particularmente de bens manufaturados, o aquecimento do mercado doméstico torna-se cada vez mais relevante para a recuperação da indústria. Os destaques negativos ficam por conta da produção de veículos (-11,9%), do fluxo de caminhões em rodovias (-0,6%) e do nível de utilização de capacidade instalada (NUCI) na indústria de transformação. A maior contribuição positiva para essa estimativa vem do setor de automóveis, cujas vendas aumentaram 2,2%. Já na comparação interanual, as vendas ficariam num patamar 4,9% superior ao verificado em novembro de 2018. Não levando em conta segmentos de veículos e materiais de construção, o comércio varejista deve fechar novembro com avanço de 3,2% contra o mesmo mês no passado.

Perspectivas para a política fiscal

A Dimac estima quatro possíveis cenários dos gastos com pessoal do setor público federal até 2023. A folha de pagamento é a segunda maior despesa primária da União, perdendo apenas para os benefícios previdenciários do INSS. A medida com maior impacto potencial nos próximos anos, até 2023, está relacionada ao reajuste anual das remunerações pela inflação. A baixa reposição de pessoal aposentado, por sua vez, teria maior impacto num prazo mais longo. A reforma administrativa, ainda não enviada ao parlamento, pode permitir uma reposição parcial de pessoal com impacto fiscal menor do que teria com as regras atuais e poderia também ajudar a melhorar a eficiência do setor público. O texto destaca, ainda, a importância de reformas fiscais adicionais à da previdência para a consolidação do ajuste fiscal de forma estrutural.

Confira a íntegra dos estudos no blog da Carta de Conjuntura

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