“Mandei baixar três vezes o preço da gasolina”

Antonio Cruz/ Agência Brasil

O Estado abaixa e o mercado onera, esse poderia ser um belo resumo da gasolina na história dos combustíveis no país.

“mandei baixar três vezes o preço da gasolina e não baixou nada na bomba”, disse o presidente Bolsonaro nessa manhã. Quem bom que o Estado pense mesmo em baixar o preço dos combustíveis, para bem do povo brasileiro.

Numa cadeia simplificada do Petróleo, podemos pensar que o valor dos derivados começa na exploração do Petróleo, passando pelo tratamento para produção dos derivados (refino) e, depois, a distribuição e a venda de itens como gasolina, diesel e querosene de aviação.

O interessante é observar que justamente o setor onde há mais competição, a venda direta do produto nos postos de gasolina por exemplo, é justamente o setor que mais prejudica o consumidor.

Quando a Petrobrás aumenta o preço na saída das refinarias, os postos de gasolina repassam imediatamente a variação positiva diretamente para o consumidor. Quando a nossa estatal de petróleo diminui o preço, os milhares de postos espalhados pelo Brasil aproveitam para fazer caixa e não repassam o preço.

Vejam que a BR já foi privatizada e, mesmo assim, não foi suficiente para causar impacto no tanto que o povo paga por seus combustíveis.

As passagens de aviões estão cada vez mais cara, caminhoneiros ainda estão insatisfeitos com a alta do Diesel e a população não aguenta mais pagar tão caro pela gasolina.

Vale lembrar que o próprio aumento dos preços da gasolina, do gás de cozinha e do diesel faz parte do pacote de desmonte da Petrobras. Os gestores alteraram não só a forma de reajuste dos preços dos derivados, como reduziram a carga das refinarias e colocaram à venda metade do parque de refino.

O preço só está subindo em escalada estratosférica pois a Petrobrás vem sendo reduzida a uma exportadora de óleo cru. Com isso as importadoras de combustíveis lucram milhões e a população segue refém do sobe e desce do mercado.

Por exemplo, nos governos neoliberais dos anos 90, a população amargou as consequências dos reajustes sucessivos dos combustíveis de uma quase “Petrobrax”. Entre 1995 e 2002, o preço da gasolina sofreu reajustes de 350%, uma média de 44% ao ano. 

Já entre De 2003 a 2015, nos governos nacional desenvolvimentistas de Lula e Dilma, o reajuste foi de 45%, uma média de 3,75% ao ano. 

E agora, depois do Golpe e a volta da agenda neoliberal, de janeiro de 2016 a novembro de 2019 (último dado divulgado pela ANP), o preço da gasolina nos postos passou de R$3,676/litro para R$4,413/litro. Crescimento de 20% no período, o que representa uma média de 5% de aumento ao ano.

Onde tem Estado (do poço até a boca da refinaria) ocorre de fato a diminuição de preços. Onde tem competição, na distribuição e na venda, o lucro fala mais alto que a necessidade do consumidor.

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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