Ministro da Saúde adere ao “vale tudo”

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, vem fazendo um esforço gigantesco para… não fazer nada.

Suas declarações são sempre ambíguas e repletas de mensagens contraditórias, sobretudo quando se trata de distanciamento social.

A razão é simples: o ministro não tem a autonomia política, tampouco técnica, necessária para fazer um bom trabalho.

Ao dizer que “não há regra geral sobre isolamento social”, o ministro não oferece um mínimo de segurança à sociedade.

Afinal, é lógico que deveria haver uma “regra geral” emanada pelo governo central, com base em testagem, taxa de disseminação do vírus, e número de leitos de UTI.  É para isso que existe um ministério da Saúde.

O que a sociedade espera do governo federal, além disso, são medidas práticas para combater o coronavírus.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, por exemplo, declarou no início de abril, que o governo estava se preparando para fazer 40 milhões de testes por mês.

O novo ministro da Saúde, por sua vez, em seu primeiro discurso, tentou contornar a pressão vinda da própria presidência, contra o fim das medidas de distanciamento social, afirmando que o importante era elevar o número de testes.

No entanto, o Brasil continua sendo um dos países que menos testam no mundo.

Pior, o governo federal não está conseguindo sequer reunir informações confiáveis sobre o número de testes sendo feitos no país, tanto é que o Brasil é um dos únicos países cujos dados de testagem não estão disponíveis no site OurWorldinData.

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Não há regra geral sobre isolamento social, diz ministro da Saúde

Diferentes medidas devem ser adotadas por estados e municípios

Publicado em 07/05/2020 – 14:28
Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Agência Brasil — O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse hoje (7) que o governo não tem uma uma regra geral para todo o país sobre a necessidade do isolamento social. Segundo ele, diferentes medidas devem ser adotadas por estados e municípios a depender do avanço do novo coronavírus em cada local.

Teich, que assumiu a pasta da Saúde há cerca de 20 dias, participa de uma reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados que debate ações preventivas contra o coronavírus.

“A gente tem desde medidas mais simples, que vão passar principalmente por distanciamento social, higiene das mãos, uso de álcool em gel e das máscaras, até situações em que vai ter que ter o lockdown [fechamento total, confinamento]. O problema é que não dá para trabalhar essa discussão como se o lockdown fosse a essência de tudo”, disse o ministro, ao ser questionado sobre qual a orientação do governo sobre o isolamento social.

De acordo com Teich, o ministério elaborou uma “matriz de riscos” para orientar os entes federados nas medidas. A matriz leva em conta critérios como a incidência e o crescimento da doença no local, a estrutura disponível, como hospitais, leitos deunidade de terapia intensiva (UTI) e ambulatórios para tratar os casos do novo coronavírus e os recursos humanos disponíveis.

“Com isso, a gente avalia o quão difícil vai ser para a estrutura suportar o crescimento [da doença]. A partir daí, você define se tem que segurar muito o número de casos novos e aí você pode ter que chegar a situações extremas como o lockdown”, disse Teich. “O que não podemos é transformar isso em uma discussão política, é uma discussão técnica. Vai ter uma situação para cada lugar e cada momento”, acrescentou.

O lockdown, uma espécie de bloqueio total, é considerado como uma medida mais radical de distanciamento social, quando o funcionamento de estabelecimentos e a circulação de pessoas é restringida ao máximo.

De acordo com o ministro, caberá a estados e municípios decidir qual o tipo de medida, inclusive o lockdown, deve ser adotada. “A orientação geral hoje é que se analise cada região com base nas variáveis, lembrando que essa é uma decisão local de estados de municípios”, afirmou.

A medida foi adotada no Maranhão na última terça-feira (5), por determinação judicial, em quatro municípios da região metropolitana de São Luís.

O lockdown também foi anunciado pelo governo do Pará, em 10 cidades, e vai funcionar de hoje até o próximo domingo (9) de forma “educativa”. Depois, punições poderão ser aplicadas em caso de descumprimento até o domingo (17).

No Ceará, a capital Fortaleza, decretou a partir de amanhã (8) a proibição da circulação de pessoas” em locais ou espaços públicos, “salvo quando em deslocamentos imprescindíveis para acessar as atividades essenciais”.

Edição: Nádia Franco

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