Cunha detalha as movimentações dos bastidores do impeachment de Dilma, mostra Veja

O ex-deputado federal e presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve lançar em 17 de abril pela editora Matrix o livro “Tchau, querida – O Diário do impeachment” onde detalha as movimentações dos bastidores da queda de Dilma Rousseff da presidência da República em abril de 2016.

De acordo com os trechos que a revista Veja teve acesso, Cunha afirmou que o ex-presidente Lula lhe confidenciou que se arrependeu de ter patrocinado a reeleição de Dilma e falou em interferência no Supremo Tribunal Federal para ajudar o peemedebista naquele momento.

O ex-deputado também cita no seu livro supostas propostas espúrias vindas do Palácio do Planalto para segurar a então presidente no cargo.

Por exemplo, sua relação com o empresário Joesley Batista fez com que o parlamentar arrancasse a informação de que o núcleo do governo petista queria dinheiro vivo para comprar o voto dos parlamentares que estavam dispostos a tirar Dilma da presidência.

“Ele (Joesley) me disse que, como já tinha escolhido o lado favorável ao impeachment, iria enrolar os interlocutores para não dar nada para eles”, escreve Cunha.

Outro personagem que foi peça chave para a derrocada do PT foi o então vice-presidente Michel Temer (PMDB), indicado pelo presidente Lula ainda em 2010 para formar chapa com a petista. Cunha destaca que Temer conspirou contra Dilma a todo momento.

“Temer não só desejava o impeachment como lutou por ele de todas as maneiras — ao contrário do que ele quer ver divulgado sobre o assunto. Jamais esse processo de impeachment teria sido aprovado sem que Temer negociasse cada espaço a ser dado a cada partido ou deputado que iria votar a favor da abertura dos trâmites.”

Contudo, o ex-deputado também atribui o impeachment a própria incapacidade política de Dilma, inclusive reconhecido pelo próprio Lula.

Segundo Cunha que estava na reunião entre Lula e Joesley Batista na sua mansão em São Paulo, o líder petista tentou negociar uma saída, mas o peemedebista já estava disposto a liderar o impeachment.

“Então ele apelou para que encontrássemos uma saída para a questão, dizendo que o impeachment seria muito ruim para o país. Respondi que isso seria impossível (…). Comprometeu-se a tratar com Dilma a situação da minha mulher e da minha filha, a fim de tentar reverter no STF o envio das investigações para Curitiba. Sinceramente, eu não acreditava nisso. E, acho, nem ele.”

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