Guilherme Boulos: A esquerda e os evangélicos

Por Guilherme Boulos em seu Facebook

O Brasil tem mais de 50 milhões de evangélicos, a maior parte nas periferias urbanas. Aprendi em 20 anos de militância no MTST – um movimento com maioria de evangélicos – a reconhecer a rede social e de acolhimento das igrejas, base do seu crescimento. Aprendi também a não estigmatizar o povo evangélico.

Vi muitos deles na linha de frente de lutas, ocupações e cozinhas solidárias. Por várias razões, houve uma espécie de rompimento entre a esquerda e os evangélicos. Péssima para os dois lados. Péssima para que a luta por justiça social se fortaleça nas periferias. Quando a esquerda foi capaz de fortalecer pontes com a igreja nos anos 1980 tivemos fenômenos como as Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs, com enorme potência.

Hoje estamos longe disso. Por isso, tenho feito conversas com lideranças evangélicas. Estive com o pastor Ariovaldo Ramos e com ativistas da Frente Evangélica pelo Estado de Direito. E recentemente com lideranças da Igreja Universal, uma das maiores do país. Esse último encontro gerou especulações em parte da imprensa sobre uma aliança eleitoral em 2022 com o partido que representa a igreja no Congresso.

Não é preciso muito para saber que isso não tem qualquer fundamento. O Republicanos não faz parte do arco de alianças do PSOL e vice-versa. As diferenças são de conhecimento público. A questão é outra. Se queremos falar com as maiorias e quebrar estigmatizações temos que ter capacidade de diálogo.

A esquerda não pode ficar em bolhas confortáveis. Um dos aprendizados que temos que ter com os evangélicos é que não basta pregar para convertidos.

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