Bolsonaro vai perder

Foto: reprodução redes sociais.

Segundo a Folha, as perspectivas eleitorais de Bolsonaro estão cada vez mais difíceis. Ele já tem 59% de rejeição, o que é, de longe, a maior carga negativa que um aspirante ao cargo presidencial já registrou antes das eleições.

O recorde havia sido batido antes pelo próprio Bolsonaro, em 2018, quando ele se elegeu mesmo com 44% de rejeição. Na ocasião, porém, o seu principal adversário, Fernando Haddad, também tinha uma rejeição elevada, de 41%.

Em eleições anteriores, Dilma chegou ao pleito de 2014 com rejeição de 33%, e quase perdeu para Aécio Neves.

Para Mauro Paulino, diretor do instituto Datafolha, “Bolsonaro tem um caminho difícil pela frente”. Mas conta com o “exército das fake news” e o “poder do Estado”.

Para reverter sua rejeição, Bolsonaro teria que “mudar muito o comportamento e adotar medidas econômicas populares”.

Paulino observa a rejeição a Bolsonaro poderia diminuir em caso de melhora substancial da economia.

“Se chegar algum dinheiro no bolso e comida na mesa, [famílias de baixa renda] podem voltar a simpatizar com Bolsonaro”, afirma.

O diretor do Datafolha explica que, no momento, “Lula está muito tranquilo e confortável” por não sofrer grandes contraposições, mas mantém uma rejeição alta e consolidada (38%), devendo perder pontos quando a campanha se aproximar e os ataques dos adversários tomarem força”.

Quanto a terceira via, a maior dificuldade é a falta de apelo emocional, e ele ainda não vê ninguém com uma comunicação capaz de chegar ao povo.

“[A terceira via] precisa de um líder que concorra com o poder de comunicação e carisma que Lula e Bolsonaro demonstram diante de seus seguidores. O brasileiro vota pela emoção, preponderantemente. É preciso aplicar a linguagem popular sem parecer falso. Não vejo ninguém com esse convencimento natural entre os nomes colocados”.

Márcia Cavallari, CEO do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), pondera que outra dificuldade no caminho de Bolsonaro é que, por ser muito conhecido, será difícil mudar sua rejeição. Nas disputas estaduais e municipais, oscilações de rejeição são mais frequentes. Em eleições nacionais, menos.

Em junho, o Ipec pesquisou o potencial de voto e rejeição para cada possível candidato à Presidência em 2022, individualmente. Bolsonaro tinha 33% de potencial de voto (22% disseram que votariam nele com certeza e 11%, que poderiam votar) e 62% de rejeição.

Lula tinha um cenário inverso —61% de potencial de voto (48% com certeza e 13% dizendo que poderiam votar) e 36% de rejeição.

Abaixo, um infográfico da Folha, comparando a evolução da rejeição de aspirantes ao cargo presidencial. Nota-se que os candidatos vitoriosos, como Collor, em 1989, FHC em 1994 e 1998, Lula em 2002 e 2006, Dilma em 2010 e 2014, nunca tiveram rejeição muito acima de 30%.

Lula, que é pré-candidato para 2022, tem hoje rejeição de 38%, o que é alta, mas o seu adversário tem rejeição próxima de 60%, o que de certa forma “neutralizaria” parte da rejeição ao petista, pois muitos eleitores tendem a votar naquele que “rejeita menos”, especialmente no segundo turno.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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