Elias Jabbour: O Partido Comunista da China inaugura “a mais avançada engenharia social do mundo”

Passengers take photos with a flag of the Communist Party of China at the Nantong Railway Station in China's eastern Jiangsu province on July 1, 2021, during celebrations to mark the 100th anniversary of the founding of the Communist Party of China. (Photo by STR / AFP) / China OUT

Por Elias Jabbour

Passados dez anos do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh) que levou Xi Jinping ao núcleo da direção do Partido faz-se necessário um balanço, mesmo que rápido, do que significou esse período para a história do povo chinês, seus impactos externos e as esperanças abertas ao mundo com o fortalecimento demonstrado por um grande país socialista diante de um mundo instável, onde crises econômicas, ecológicas e uma grande pandemia colocou em teste a capacidade do mundo em resistir.

Foi um decênio em que a China inaugurou novas sínteses que guardavam profundo significado: “ecocivilização”, “povo como centro”, “ prosperidade comum”, “comunidade de futuro compartilhado para a humanidade”, além de grandes e novo aportes teóricos que elevaram o Marxismo a um novo patamar na China e no mundo.

A governança chinesa, neste sentido, consolidou uma forma avançada de gerenciamento social e político que se coloca à frente do capitalismo em diversos aspectos. O principal deles esteve expresso durante a pandemia. Enquanto o ocidente foi devastado pelo vírus com, por exemplo, um milhão de mortos nos Estados Unidos, a China não somente teve um sucesso estrondoso no enfrentamento ao vírus mortal.

O país tem conseguido mostrar ao mundo pelo menos duas faces de sua governança durante este duro processo. A primeira, ao colocar “o povo como centro” o Partido Comunista da China colocou a vida humana na frente da economia. No ocidente, foi o oposto. O individualismo e a irresponsabilidade de governos foram responsáveis por um verdadeiro genocídio em certos países ocidentais.

O ocidente escolheu o lucro em detrimento da vida humana. Os Estados Unidos tentaram a todo momento não somente montar um grande esquema para piratear insumos médicos e hospitalares quanto alimentar uma sinofobia de grandes proporções no país.

A segunda, os chineses construíram a engenharia social mais avançada do mundo. Essa engenharia social foi capaz de se utilizar de grandes avanços tecnológicos, como a plataforma 5G, a inteligência artificial e o Big Data, para construir um grande aparato institucional que salvou milhões de vidas no país.

A construção de uma grande base econômica aliada ao surgimento de formas superiores de planificação econômica foi fundamental para que o país em menos de 72 horas demonstrasse capacidade de reação a novos surtos de Covid-19 no país, mas também o fato impressionante de construir hospitais com mil leitos em apenas dez dias. Nenhum país capitalista do mundo foi capaz de demonstrar tal capacidade de plena resposta ao vírus como a China o fez.

Durante este período, o conceito lançado por Xi Jinping em Davos no ano de 2017 da construção de uma “comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” mostrou toda sua força. Dois exemplos são fundamentais. O primeiro, durante a pandemia a China foi o primeiro país no mundo a declarar que a vacina se tornaria um bem público mundial e, após sua descoberta, o país se transformou no maior doador de imunizantes no mundo.

Enquanto isso os Estados Unidos e sua política de morte buscou impedir que países como Venezuela e Irã tivessem acesso à vacina. O segundo fato é que o lançamento em 2013 da Iniciativa do Cinturão e Rota marca uma política de ação externa chinesa que não somente se mostra diferente da “globalização das guerras e das crises financeiras” organizada pelo chamado ocidente.

Pela primeira vez em 30 anos o mundo tem diante de si a possibilidade de escolher entre o tipo de globalização que os Estados Unidos levaram a países como Iraque e Afeganistão ou a globalização oferecida pela China marcada por “exportar desenvolvimento econômico” e novas possibilidades aos povos mais vulneráveis do mundo.

Internamente a China organizou um estilo de governo baseado em colocar a vida das pessoas à frente do lucro. Externamente, a China promove um “mundo de futuro compartilhado” capaz de mostrar ao mundo que não existe um único modelo de sociedade, a capitalista. São amplas as possibilidades abertas pela China nos últimos dez anos para o futuro da espécie humana.

Elias Jabbour é professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ). 

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