Considerações sobre Rui Costa

Ricardo Stuckert

Num de meus últimos posts sobre os ministros indicados por Lula, acabei esquecendo de comentar sobre Rui Costa, ex-governador da Bahia por duas vezes, que foi nomeado para a Casa Civil.

Qual o significado político da nomeação de Rui Costa?

Primeiro vale lembrar que o cargo que ele assumirá é um dos mais importantes do governo. Falamos que Haddad, exercendo o cargo de ministro da Fazenda, seria o segundo homem mais poderoso do governo, depois do presidente, então Rui Costa seria o terceiro homem.

Mas eu diria que seria um terceiro lugar bem encostado no segundo, porque Costa será o responsável pela relação do Executivo com os outros poderes, especialmente o Legislativo, e portanto terá uma função absolutamente estratégica.

A experiência de Costa como governador é um de seus principais trunfos como articulador político, porque a relação do governo federal com os estados será determinante para contornar crises e azeitar as relações com os deputados.

Os estados brasileiros ainda são extremamente dependentes do governo federal, e a decisão de Bolsonaro de baixar o preço da gasolina a custa dos impostos estaduais e municipais gerou uma crise fiscal sem precedentes nesses entes. Tudo tem um preço. Essa crise obrigará governadores e prefeitos a calçarem as sandálias da humildade. Eles terão que dialogar de maneira muito aberta e democrática com o governo federal, e o seu interolocutor será alguém que conhece as agruras das finanças regionais, um ex-governador de um estado nordestino.

Outra qualidade de Rui Costa, segundo aqueles que acompanham sua trajetória, é uma disposição sobrehumana para o trabalho duro. Diante de um presidente que provavelmente bate o recorde mundial no quesito ócio, como é o caso de Bolsonaro, acompanhado de ministros igualmente preguiçosos, a presença de Rui Costa seguramente fará a diferença.

Para superar as múltiplas crises que nos esperam a partir de janeiro, não haverá outra saída, para todo mundo, senão o trabalho duro.

Se Rui Costa fizer jus à sua reputação, será um ativo valioso, estratégico, do governo Lula.

Eu falei ainda que a indicação de Haddad sugere que ele é, até o momento, o nome mais forte para a sucessão de Lula.

A nomeação de Rui Costa para a Casa Civil, todavia, também é sinal de que ele está nessa corrida.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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