Uma semana ruim para a oposição

Imagem: Reprodução

Se o governo vive um verdadeiro inferno astral na comunicação e na opinião pública, as coisas não vão bem para a oposição na esfera judicial, seja na civil ou na criminal.

A semana começou a ex-primeira dama, Michele Bolsonaro, com o objetivo de atacar Lula e Janja, usando as redes sociais para falar sobre as peças “desaparecidas” da residência oficial da Presidência da República. Michele afirmou que ela e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nunca fizeram licitação para compra de enxoval.

Como a mentira tem perna curta, um levantamento feito pelo jornal Estadão, a partir de dados disponíveis no Portal da Transparência, revelou que foram realizadas duas compras em nome da Presidência feitas pelo servidor Maurílio Costa dos Santos.

E aí a coisa só foi piorando, para começar, vazaram para a imprensa várias gravações de áudio enviadas pelo líder da Receita Federal durante a administração de Jair Bolsonaro, Júlio César Vieira Gomes, indicando que ele insistentemente tentou liberar joias no valor de R$ 16,5 milhões que foram apreendidas pelo órgão por não terem sido declaradas como pertences pessoais do ex-presidente. O funcionário em questão até mesmo pediu a um colega que estava de folga para ajudá-lo a contornar o processo de segurança que foi estabelecido para impedir a evasão fiscal. O que acaba enrolando ainda mais o presidente e seus aliados no flagrante caso de contrabando de joias.

Já no âmbito das investigações envolvendo a minuta golpista, parece que o ex-Ministro de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, decidiu ser mais colaborativo com as autoridades e entregou as senhas dos e-mails e da nuvem de acesso ao celular para Supremo Tribunal Federal.

E ainda na esfera das tentativas de solapamento do Estado Democrático de Direito ainda tivemos o ex-auxiliar de Anderson Torres confirmando à Polícia Federal que existiu sim um mapeamento de eleitores de Lula antes do 2º turno, porém, afirmou não saber por qual motivo o ex-ministro teria encomendado tal mapeamento. Tudo isso acabou culminando em mais uma intimação de Anderson Torres que prestará depoimento para a PF na próxima segunda-feira (24).

Ainda falando sobre o 8 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro também foi intimado a prestar depoimento no âmbito da apuração sobre os mentores intelectuais do 8 de Janeiro.

Por fim, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) anunciou que fará a retomada da investigação sobre bloqueios ocorridos em rodovias durante 2º turno das eleições de 2022. A direção da PRF anulou, nesta quarta-feira (19), o arquivamento de partes de investigações sobre atuação da corporação no 2° turno das eleições de 2022. O arquivamento de parte da investigação havia sido feito pelo ex-corregedor da corporação.

Além disso, a oposição no Congresso também amargou cenas lamentáveis no Congresso Nacional e depois de diversos sinais de delinquência e indisciplina, estão começando a deixar o presidente da Câmara dos Deputados, sem paciência.

Na quarta-feira (19), Lira destacou instalação do Conselho de Ética e pediu prudência aos deputados.

E ainda tivemos as condenações dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP) e Flavio Bolsonaro (PL-RJ) que foram obrigados a pagarem multas de R$ 80 mil, R$ 15 mil e R$ 30 mil respectivamente.

Nikolas foi condenado por praticar transfobia contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG), Flávio e Carla foram condenados por fake news pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Com os avanços de diversas investigações e inquéritos contra Bolsonaro e seus aliados, resta aguardarmos para sabermos como os desdobramentos desses casos vão impactar uma oposição que hoje já encontra dificuldades de se articular no Congresso.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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