PF apura indícios de que Cid não agiu sozinho na adulteração de cartões de vacina

Foto: Alan Santos/PR

A troca do e-mail vinculado à conta do ex-presidente no aplicativo ConecteSUS sugere que Bolsonaro sabia do esquema

Na quarta-feira (3), a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão na casa de Jair Bolsonaro como parte da investigação relativa a um esquema de falsificação de registros de vacinas. Seis pessoas foram presas, incluindo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair, apontado como operador do esquema. Agora, após evolução da apuração da PF, existem indícios de que Mauro Cid não agiu sozinho.

De acordo com a PF, a conta do ex-presidente no aplicativo ConecteSUS estava vinculada ao e-mail de Mauro Cid até o dia 22 de dezembro de 2022. Nesse dia foi gerado um certificado em nome de Jair Bolsonaro, constando 2 doses da vacina Pfizer. A primeira, datada de 13 de agosto e a segunda em 14 de outubro, ambas locadas no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Minutos depois de ter gerado o certificado, o e-mail vinculado a conta do ex-presidente foi trocado, porque Mauro Cid estava prestes a deixar sua função como ajudante de ordens. O novo e-mail vinculado à conta pertencia a Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Jair Bolsonaro, que seria nomeado como auxiliar do ex-chefe do executivo após o final do mandato.

Segundo apuração da Polícia Federal, o e-mail foi trocado a partir de conexão na rede do Palácio do Planalto, o que para a organização indica que o ex-presidente estava ciente do fato. Alexandre de Moraes, Ministro do STF e responsável pelo despacho que autorizou a operação na casa de Bolsonaro, também afirmou que a ação tinha “no mínimo, conhecimento e aquiescência” do ex-presidente.

As investigações da PF até aqui seguem duas hipóteses: suspeita de inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde e formação de associação criminosa. A primeira prevê uma pena de até 12 anos de prisão para os envolvidos, enquanto a segunda prevê pena de até 3 anos.

Os registros em nome do ex-presidente foram inseridos no sistema do SUS no dia 21 de dezembro de 2022 e apagados seis dias depois, no dia 27. A operadora acusada de ter retirado as informações do sistema da prefeitura de Duque de Caxias justificou a ação como apenas um “erro”.

Jair Bolsonaro e o Coronel Câmara, responsável pelo e-mail vinculado à conta do SUS do ex-presidente, serão ouvidos nesta terça-feira (16) pela Polícia Federal.

A intenção da investigação era realizar a oitiva com Jair no dia em que se sucedeu a operação em sua residência, mas o ex-presidente foi aconselhado a não falar com a PF por seus advogados, que alegaram não ter tido acesso aos autos de forma antecipada.

Patrick Chaia:
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