Vereadores de Caxias do Sul rejeitam cassação de parlamentar que fez discurso xenofóbico contra baianos

Imagem: Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul recusou, nesta terça-feira (16), por 13 votos favoráveis e 9 contrários, o pedido de cassação do mandato de Sandro Fantinel (Sem partido) por quebra de decoro parlamentar. Para o afastamento, era necessário que um terço da casa legislativa fosse favorável – 16 votos. 

Em fevereiro, após trabalhadores serem resgatados em situação análoga à escravidão em vinícolas da serra gaúcha, o parlamentar fez um discurso xenofóbico dizendo para os produtores não “contratarem mais aquela gente lá de cima”, se referindo aos moradores da Bahia. Fantinel disse ainda que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”. Na fala, o vereador também sugeriu que os empresários contratassem somente argentinos que, segundo ele, eram “limpos, trabalhadores e corretos”.

Após o resultado da votação, Sandro Fantinel, em coletiva de imprensa, pediu desculpas e disse que Caxias do Sul não é racista. O parlamentar também se defendeu dizendo que a cassação do mandato seria uma resposta “extrema e desproporcional”.

“Peço perdão, como já disse, a todos os baianos, do fundo do meu coração. Não tenho nenhuma maldade, as palavras não tinham intenção de ofender. (…) Agradeço aos colegas vereadores, a todos os presentes, a esse povo que veio participar e me dar apoio, e deu um recado para o país: Caxias do Sul não é racista, mas não tolera injustiça”, disse o parlamentar.

A câmara da cidade foi ocupada por manifestantes favoráveis e contrários à cassação de Fantinel. Após o resultado da votação, o presidente da casa, Zé Dambrós (PSB), também discursou.

“Numa votação, a maioria decide, o plenário é soberano. A não cassação do vereador Sandro Fantinel foi o resultado definido pela maioria do plenário, e coube a nós acolher, mesmo não concordando, como expressei em meu voto”, disse o presidente da câmara.

O discurso xenofóbico foi feito no dia 28 de fevereiro, seis dias após mais de 200 pessoas serem resgatadas de um alojamento em Bento Gonçalves em situação de trabalho análogo à escravidão durante a colheita de uvas para vinícolas.     

Raphael Lacerda: Raphael Lacerda é estudante de jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Atualmente, escreve sobre esportes, política e participa da cobertura do carnaval carioca.
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